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Does it ɑlmost feel like
Nothing chɑnged ɑt ɑll?
And if you close your eyes
Does it ɑlmost feel like
You've been here before?

[ Pompeii - Bɑstille ✿ ]

   

   

/ S k y l e r /

Espero que todos saiam da sala de aula para que eu e Ashton ficássemos mais à vontade. Assim que a última pessoa sai, encosta a porta de forma calma fazendo-me caminhar, impaciente, até à mesma para a fechar por completo. Sento-me em cima de uma mesa existente à frente do quadro e recebo o olhar confuso de Ashton que vem até mim, posicionando-me propositadamente à minha frente.

    "Sim?" Ele questiona com um pequeno sorriso.

    "Ashton, eu quero acabar contigo." Eu digo num tom sério, encarando-o.

    "Acabar? Porquê?"

    "Estou farta deste jogo entre as nossas famílias. Tudo tem limites, fodasse."

    "Porquê agora?"

   "Até agora nunca te cansaste. O que mudou?"

   

A sua questão fazia sentido. Realmente, entre nós nada havia mudado. O nosso relacionamento continuava a ser uma rotina exceto no facto de ultimamente não termos tido relações sexuais. Eu sempre tivera uma ideia base relativamente a relacionamentos e, sem dúvida, que esta não é.

A nossa família estava sempre junta e lembro-me de brincar várias vezes com Ashton ao longo da minha infância. Nada de baloiços ou escorregas como as outras crianças pois os nossos pais achavam essas brincadeiras algo de meninos pobres, delinquentes. Eu e Ashton íamos para o meu quarto e claro, longe da vista dos nossos pais, brincávamos à nossa maneira. Agora que penso em tudo, nós sempre tivemos uma vida diferente do normal. Antigamente eramos muito unidos, obviamente, antes de quase sermos obrigados a namorar. Não que os nossos pais nos dissessem diretamente que o devíamos fazer mas sempre fizeram muita pressão psicológica sobre nós ao ponto de nos incentivarem a ficarmos juntos.

    "Eu conheci alguém de quem gosto realmente." Afirmo

    "Encontraste outra pessoa para passares as noites, é isso?"

A minha mão vai de encontro à bochecha de Ashton que rapidamente ganhou cor. Não iria, de maneira alguma, permitir que ele me insultasse daquela maneira, ou que me falasse no tom rude em que me falou. Levanto o meu corpo na mesa e pego na minha mochila, colocando-a ao ombro.

    "Diz ao menos quem é! Diz se tens coragem!" Ashton insiste num tom elevado mas essa atitude ainda me faz irritar mais.

    "Alguém que não tu!"

Eu confronto de forma seca e fria, abandonando logo de seguida a sala de aula. Sem um destino em concreto decido unicamente ver até onde o inconsciente me leva e, resolvo por isso, passear sem um plano definido.

   

✿✿✿

   

O meu telemóvel notifica-me que recebera uma mensagem e um sorriso logo transparece no meu rosto ao ver o nome 'Michael' escrito no ecrã.

    "Podes-me abrir a janela? Está frio cá fora e tenho a certeza que se me deitar a teu lado fico com o meu coração mais quentinho. x"

Michael -21h27

   

Levanto-me rapidamente da cama e afasto as cortinas brancas para o meu lado esquerdo, com cuidado, para não fazer muito barulho. Do outro lado, Michael deitava-me a língua de fora mostrando, como sempre, a sua faceta infantil que eu tanto admirava nele. Retribuo, imitando o seu ato, ainda que não muito à vontade pois eu não sou uma pessoa tão animada como ele.

Gestures 》 cliffordOnde histórias criam vida. Descubra agora