Sometimes the silence guides your mind
So move to ɑ plɑce so fɑr ɑwɑy
The goosebumps stɑrt to rɑise
The minute thɑt my left hɑnd meets your wɑist
[ Sweɑter Weɑther - The Neighbourhood ❀ ]
/ S k y l e r /
Finalmente o toque que marcava o final desta aula soou fazendo com que nós, alunos, automaticamente começássemos a arrumar o material. Retirei o horário que guardava dentro do meu estojo e reparei que tinha um tempo livre agora. Felizmente que o tinha, pois com a fome com que estava bem que necessitava de um tempinho para mim. Ashton, pelo contrário e segundo o que me disse, iria ter aula com outra turma.
Encaminhei-me sozinha até ao bar do colégio, sempre com os fones colocados. A música 'Kill Me' da banda The Pretty Reckless ecoava na minha cabeça e eu chegava por vezes a pronunciá-la apenas com os lábios.
Retirei um dos fones para pedir um chocolate e sentei-me numa das mesas disponíveis a come-lo. Reparei que ainda não tinha passado muito tempo quando as pessoas começaram a abandonar o espaço. Provavelmente por toque já ter soado.
Quando levanto o olhar do ecrã do telemóvel e olho em volta, reparo que me encontrava sozinha. Não queria nada estar aqui sozinha, uma vez que todos os meus amigos já tinham ido para as respetivas aulas.
Soltei um suspiro e abandonei o bar, após acabar de comer o meu chocolate, dirigindo-me para o exterior do colégio. Não podia ir para trás do pavilhão pois alguns alunos encontravam-se em aulas no seu interior e um aluno ser apanhado com um cigarro no recinto escolar é quase como se fosse um crime, por isso, decidi ir para a extensa quinta pertencente à escola.
Sentei-me numa mesa de pedra que havia no interior de um pequeno jardim e retirei o maço de dentro da minha mochila. Acendi o cigarro e dei um bafo enquanto observava a vista. Fechei os olhos concentrando-me na letra da canção que tocava atualmente. Era bom estar aqui, sem nada para fazer. Era bom estar nesta idade onde o que importa é aproveitar a vida e divertirmo-nos.
Quando voltei a abrir o meu olhar, Michael estava sentado a meu lado. Este observava-me com um pequeno sorriso.
"Não sabia que estavas ai."
Digo ainda com o olhar arregalado por não esperar a sua presença. Ele apenas encolheu os ombros como se fosse algo normal este tipo de reação nas pessoas. Revirei o meu olhar e voltei a dar um bafo no meu cigarro.
Protesto um 'Hey', num tom elevado a Michael, quando este pega no meu cigarro e o destrói completamente na mesa onde estávamos ambos sentados. Obviamente que ele ignorou o meu protesto, colocando o seu olhar na vista à qual eu observava anteriormente. Coloco também o meu olhar na vista ficando pensativa se acendia ou não outro cigarro e se me chateava ou não com o seu ato.
Ele interrompe os meus pensamentos, quando retira o meu cabelo escuro da frente dos meus olhos e leva-o de forma cuidada até atrás da minha orelha destapando assim a minha bochecha. Calmamente, aproximou o seu rosto do meu e depositou um beijo aí. Esbocei um pequeno sorriso com o seu ato carinhoso à qual ele retribuiu.
Vi-o pegar no seu telemóvel e, após uns breves segundos, virou o ecrã para mim, para que eu visse o que se encontrava lá escrito.
'Não estragues a tua vida com o tabaco.'
"Podias ter-me dito que era mudo." Murmurei uns breves minutos após ele me ter mostrado a mensagem. O seu olhar irónico caiu em mim e eu recompus a frase. "Não dito com palavras, mas como fizeste há pouco."
'Não é tão fácil como pensas, nem isto é toda a verdade.'
Admito que não entendi a frase que ele escrevera mas murmurei um 'Ohh' para que nem eu, nem ele ficássemos mal. Foi então que o silêncio, que já era tão familiar entre nós, apareceu. Ambos olhávamos a vista mas nenhum dizia nada até que Michael pega no seu telemóvel e começa a escrever. Assim que vira o ecrã novamente para mim consigo ver.
'Às vezes o silêncio diz mais do que alguma vez as palavras poderão dizer.''
Sorri ao ler o seu texto. Não um dos meus inúmeros sorrisos falsos, mas um verdadeiro. Acho que não podia estar mais de acordo com ele.
"Como se diz isso?" Sinto o seu olhar confuso cair sobre mim e vejo-me na obrigação de o esclarecer melhor além disso por não ter sido também nada objetiva. "Essa frase, em linguagem gestual..."
Reparo que ele esboça novamente um pequeno sorriso e faz lentos gestos com as mãos de forma a que eu conseguisse imitá-lo. Acabei por desistir quando vi que era mais complicado do que alguma vez imaginara mas Michael não apoiou a minha decisão derrotista, tocando com isto nas minhas mãos docemente. Um pequeno arrepio percorreu o meu corpo, arrepiando um pouco a minha pele. Quando consegui decorar a frase estava a tocar para a próxima aula. E foi então que Michael se afastou. Mas desta vez despediu-se de mim com um beijo na testa.
✿✿✿
Chego a casa. Hoje, devido à gripe indesejada do meu professor de economia, havíamos saído mais cedo das aulas. Rodo a chave na fechadura e abro a porta. Assim que entrei consegui ouvir alguns risos. Os irreconhecíveis da minha mãe e outros de quem eu nunca tinha ouvido.
"Ohh querida!" Ela exclama assim que me encontra no corredor. Decerto que a minha cara de espanto e de confusão era semelhante à que a minha mãe tinha esboçado. "Já está em casa?"
"Não tive a última aula." O meu tom de voz era seco enquanto admirava o esbelto homem de quem ela estava acompanhada.
"Este é o Robert. É o meu colega de trabalho. Decidi oferecer-lhe um lanche para lhe agradecer a boleia visto que o meu carro avariou." Ela justificou-se, sem motivo aparente.
"Prazer."
"E Robert, esta é a minha filha, Skyler. Uma aluna prestigiada por frequentar um dos melhores colégios deste país. Uma aluna de mérito como não podia deixar de ser." Ela esboça o seu melhor sorriso falso enquanto mente redondamente sobre mim.
"Tenho a certeza que dás o melhor à tua filha. É um prazer conhecer-te Skyler."
Foram as primeiras e únicas palavras que ouvi daquele homem. Segui em direcção ao meu quarto sem conseguir ouvir mais ninguém.
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Gestures 》 clifford
Hayran Kurguonde uma rapariga com bastante dependência em substâncias prejudiciais conhece alguém que irá fazer de tudo para a ajudar sem a necessidade de recorrer a palavras. © flawless