Garotos da vizinhança

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O final de semana se arrastou lento e muito trabalhoso, o que deveria ter feito passar mais rápido. Passei o final de semana inteiro pensando e me perguntando por que o garoto do corredor me deixou tão nervoso, tão pensativo. Tentei de alguma forma esquecer isso, afinal por que pensaria em um garoto que nunca tinha visto ou conversado antes? Isso me deixou um pouco preocupado, pois era algo novo. Mas logo coloquei na cabeça que era a euforia de cidade nova, algum tipo de nervosismo por conhecer meus futuros colegas, nada de mais.

A casa estava tomando forma faltava muita coisa ainda, mas já tínhamos camas para dormir. Meu pai não parava em casa e Gabriele parecia estar com alguma doença que a consumia e roubava sua fala, ela até parou de pegar no meu pé! E isso era incrível. Minha mãe me aconselhou a deixar um pouco a organização da casa de lado e sair para conhecer o bairro, então foi o que eu fiz. Peguei minha bike e fui pedalar na vizinhança, que ao meu ver era muito tranquila, muito arborizada, bem coisa de cidade do interior. Foi na curva da rua de uma casa vermelha que tive uma surpresa... Os garotos do skate! Mantive a postura e continuei a pedalar, foi quando um deles me chamou:

- Ei garoto novo, chega mais!

Pensei em fingir que não ouvi e seguir reto, não que eu estivesse com medo, não mesmo! Mas é que o garoto do corredor estava entre eles!

Eram uns 5 garotos. O maior deles, o que me chamou, era grande e tinha aparência de atleta, cabelos pretos e uma cara quadrada. O garoto do corredor tinha uma estatura média, era mais baixo que eu, usava um boné para trás e um moletom, a pele dele era muito clara, e tinha um olhar que ainda não sei descrever. Quando me aproximei, desci da bicicleta e dei um oi. O rapaz corpulento veio com um sorriso e me cumprimentou:

- E aí novato! Eu sou o Rodney, aqueles dois ali são o Catraca e o Marcha-lenta, aquele lá é o Pablito e esse daqui, - apontando para o garoto do corredor - é o Gabriel. Você é o garoto novo na casa no final da rua certo? As noticias por aqui correm soltas. – Disse ele sorridente dando um tapa em minhas costas, Rodney era um pouco intimidador.

Respondi que sim e me apresentei! E o tal de Gabriel me mantinha com aquele olhar.

Eles pareciam ser legais, Rodney era o que mais falava. Gabriel nem tanto, era calado, mas por mais que não falasse nada, tinha muita presença, ele era o que mais me prendia, eu estava confuso, por que um garoto estaria me chamando tanta atenção?! Perguntaram-me se eu iria estudar na mesma escola deles e Gabriel então respondeu antes que eu pudesse abrir a boca:

- Vai sim, eu te vi lá esses dias, correto? - Apenas balancei a cabeça confirmando, senti minhas orelhas queimarem e isso fez com que sentisse um frio na barriga, então disse que já tinha que ir. Rodney disse um "até amanhã novato", os outros acenaram e Gabriel apenas sorriu!

Voltei pra casa numa mistura de nervosismo com euforia, e muitas dúvidas, muitas mesmo! A única coisa que tinha em mente era conversar com Yara, nossa! Como ela me fazia falta, ela iria me aconselhar e dizer o que é isso que está acontecendo.

Assim que cheguei em casa, guardei a bicicleta na nova garagem e subi correndo para meu quarto para ligar para Yara, que não demorou muito a atender. Perguntei como estavam as coisas e disse que precisava contar algo para ela, e ela disse o mesmo, que tinha algo para me contar!

- Primeiro as damas. - Brinquei...

- Bru! Estou namorando! - Ela me disse com uma voz animada.

Um silêncio tomou a linha telefônica, não sabia se estava feliz, ou se estava triste. Na verdade era uma mistura dos dois. Perguntei por quem e ela me respondeu:

- Lembra-se do Rafa? Que te perguntei o que você achava dele? Pois é estamos namorando! Muito legal não é, eu estou namorando o cara mais popular da escola! Mas enfim qual a sua novidade?

- Nada demais. - respondi - minha mãe está me chamando, tenho que ir... E fico muito feliz por você... Beijos!

Desliguei o telefone, virei para o lado fixando meu olhar na porta, eu não sabia dizer qual era o sentimento, não sabia se estava triste com isso ou apenas confuso. Talvez fosse a sensação de derrota, pois eu devia ter me declarado antes de partir, uma lagrima escorreu pelo meu olho virei para o lado e adormeci. Talvez fosse a única forma de lidar com isso no momento.

Enfim sós. (Um romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora