Enfim sós. (Um romance gay)

Estrelas

Sentamos naquele início de noite e contei tudo o que tinha acontecido para Yara, Gabriel e Rafael conversavam sobre algo que estava passando na TV.

- Você sempre soube que acho a Gabriele uma vaca, não é?! - Disse Yara me servindo uma xicara de café. - Sim eu sei, mas já estou acostumado com ela assim, o que mais me entristeceu foi Rodney ter virado as costas para o Gabriel... - Virei-me e encarei-o, mas eles estavam agora indignados com algo que passava na TV e não estavam fazendo parte da conversa. - Tudo vai dar certo Bru, sabe, seu pai é um homem muito rude, mas ele ainda é seu pai, por mais que ele seja assim casca grossa. Me responde uma coisa, você pretende contar para eles? - Pensei um momento antes de responder.

- Não sei Yara, isso tudo é muito novo ainda, não sei se é o que quero pra minha vida. - Yara então me encarou com uma cara engraçada. - Aham sei! Bruno se você pudesse ver a sua cara quando você olha pro Gabriel, você veria um bobo apaixonado, e não digo isso por que sei de vocês dois, digo por que está estampado na sua cara agora mesmo! - Yara se sentou, serviu uma xicara de café pra ela. Tentei não rir do que ela acabou de dizer, mas no fundo sabia que era um pouco verdade.

- E você e o Rafael, como estão?! Como ele é com você, é estranho isso ainda, eu nunca desconfiaria de vocês dois.

- Eu e o Rafa estamos bem, ele não é um príncipe encantado, mas ele é bom para mim! Ele chegou em mim na escola, quando eu vi estava namorando o cara mais popular , ele veio até aqui em casa me pedir em namoro para os meus pais, achei isso o máximo, é um pouco sem cérebro as vezes mas ele é gato! - Disse ela rindo antes de levar a xicara de café até a boca! - Meu pai não vem essa semana e minha mãe chega apenas no próximo final de semana, ela vai gostar muito de te ver, ela sempre me pergunta de você e sempre digo que você está bem! Mesmo você não respondendo minhas mensagens. - Ela se pôs de pé olhando para o relógio na parede da cozinha. - Nossa! Vocês devem estar morrendo de fome! Vou fazer algo para vocês comerem. – Ela foi até a sala. - Gabriel você pode me ajudar na cozinha? - Chamou ela, fazendo com que eu levasse um susto. Gabriel veio até a cozinha totalmente perdido.

- Claro, será um prazer! - Ele se virou para mim com uma cara de não saber o que fazer. Apenas sorri e fui para a sala deixando os dois sozinhos.

- Olha, sei que isso é tudo muito novo para ambos e sei que isso vai mudar a vida do Bruno, mas eu estou te pedindo de coração Gabriel, não machuque ele. Não o faça sofrer, não o deixe sozinho tentando lidar com o pai e a irmã louca. Ele precisa de alguém do lado dele. Você me entendeu? - Gabriel estava olhando para Yara com aquele olhar que eu conhecia bem já, aquele olhar que ia à alma. - Yara, eu esperei alguém como ele minha vida inteira, e posso te afirmar que não o deixarei sozinho nunca! - Yara encarava Gabriel ainda seria.

- Ele é meu melhor amigo e o amo muito só não quero o ver sofrer! Desculpe. - Disse ela agora com um olhar de tristeza baixando a cabeça. Gabriel deu uns passos e a segurou pelos ombros.

- Yara, eu prometo!

Não sei como Gabriel conseguiu manter um diálogo com Rafael, ele falava de umas coisas sem sentido e algumas vezes gritava com a televisão. E eu ali tentando falar sobre nossa antiga escola e como andava as coisas por lá, e aquele rinoceronte de jaqueta não sabia distinguir quem era quem num programa de TV. Fiquei ali olhando dele para a televisão, e da televisão para ele. Pude ouvir Gabriel e Yaram rindo enquanto faziam o jantar. Eu não saberia explicar o que Gabriel fazia que as pessoas o amavam, será que se ele ficasse com a Gabriele algumas horas ele conseguiria mudar a minha irmã? Aposto que Gabriele não iria nem querer ver ele pintado de ouro na frente dela. Depois daquela noite, acho que Gabriele não iria querer nem me ver mais. Mas eu acreditava que Gabriel tinha esse poder, apenas não sabia quando ele iria usar na minha irmã.

O jantar estava na mesa, Yara não era uma chefe na culinária, mas estava uma delícia, Rafa sentou do lado dela e falava sobre a sua banda e como eles quebraram um carro sem querer num showzinho num bar na cidade vizinha. Yara não falava nada, apenas comia e às vezes ria do que ele dizia, Gabriel me olhava às vezes no meio das gargalhadas e às vezes piscava. Eu sorria e voltava a comer. Estava muito feliz de estar ali, estava muito mais aliviado. Depois que jantamos Rafael voltou para a sala e forcei Yara a se sentar com ele, Gabriel e eu iriamos lavar a louça. Gabriel dobrou as mangas da camisa e eu peguei um pano. - Esse Rafael é mesmo hilário, você não achou? – Disse Gabriel sorrindo. Fiquei olhando para ele com uma cara de quem não estava acreditando no que acabara de ouvir.

- Como você conseguiu manter um diálogo com aquele descerebrado? - Perguntei esperando uma resposta. – Mas quem disse que tivemos um dialogo longo, é simples, só você gritar com a televisão também, você não fez isso? - Demos uma gargalhada que tínhamos certeza de que ouviram na sala!

Assim que terminamos Gabriel fez sinal para mim que iria até a rua fumar, eu lhe acompanhei. A noite estava fria e o céu estava claro, muito limpo e estrelado. - Eu amei conhecer Yara! - Disse Gabriel olhando pra cima. - Eu lhe disse que vocês iriam se dar bem! - Também olhando para cima.

- Bruno, é isso mesmo o que você quer? Depois de conhecer Yara vi que ela é uma menina incrível e parece gostar e se importar muito com você.

- Eu também me importo com ela Gabriel e eu não tenho certeza do que esta acontecendo, apenas estou deixando acontecer! Mas isso não quer dizer que não estou gostando, entendeu seu marginal!? Como eu te disse isso tudo é muito novo, mas não poderia ser com uma pessoa melhor.

Gabriel sorriu, colocou seu braço no meu ombro e ambos ficamos ali por uns instantes olhando para as estrelas em silencio.