Gabriele me puxou para dentro do quarto dela e fechou a porta, confesso que nunca tinha entrado no quarto dela sem que ela atirasse algo em mim logo depois de passar pela porta, então aquilo era novo pra mim. Entrei no quarto dela e sentamos na cama, Gabriele parecia muito assustada, aquelas reações dela eram muito novas para mim também. - No outro dia, você tinha ido visitar aquela sua amiga, eu estava muito chateada com o que você tinha feito, mas eu estava em duvida, e fui perguntar para o Rodney se era verdade aquilo que você me falou, ele ficou violento e eu fiquei apavorada com a reação dele. Gabriele me explicava ao mesmo tempo em que ia até a janela espiar o lado de fora. - Aquela reação dele comprovou que realmente ele tinha feito aquilo, e eu fiquei com medo Bruno, então eu disse que não dava mais pra gente se ver e ele enlouqueceu, já tinha o visto vigiando nossa casa, às vezes ele me segue até a faculdade. Gabriele estava com medo. - Por que você não conta isso pro nosso pai? Rodney estava com uma faca hoje Gabriele, e não tive certeza se era pra me assustar ou se era realmente pra se vingar de mim. Minha irmã agora me olhava horrorizada. - E você não disse isso pro nosso pai ainda por quê? Levantei-me da cama dela e fiquei em pé. - Não tive coragem, além do mais ele não presta a atenção no que eu falo. Hoje na escola ele me agrediu, Gabriel que teve que me salvar. Quando mencionei o nome de Gabriel, minha irmã baixou a cabeça. Parecia que aquilo tudo ainda não tinha tirado dela o rancor de ver o irmão junto com um garoto. Então, depois de ver aquela reação, fui em direção à porta do quarto dela. - Melhor você ir conversar com a nossa mãe, ela já sabe que você gosta daquele garoto.
Fui para o meu quarto. Minha mãe sabia? Por que ela nunca falou nada? Deitei na minha cama, tinha uma mistura em mim de medo pelo o que aconteceu logo mais cedo, Rodney embriagado com aquela faca, e paixão, eu estava namorando Gabriel, agora era oficial era tão bom saber que em outro lugar tinha uma pessoa pensando em mim. Então me deitei na cama sorrindo.
Na manhã do dia seguinte, meu pai entrou em meu quarto antes do despertador tocar. - Levante, vá se lavar, tome seu café, vou te levar pra escola! Levantei-me desejando que aquilo fosse um pesadelo, e realmente era, mas eu estava acordado. Eu estava parecendo um bebe, nem parecia que iria fazer aniversario em poucas semanas, meus tão desejados 18 anos! Então me arrumei, tomei café, e meu pai já me esperava no carro. - Coloque o cinto! Fiz o que ele mandou. - Vai me buscar também? Perguntei olhando para a janela. - Não, sua mãe vai, dei essa tarefa para ela. Meu pai falava como se fossemos seus soldados aquilo era tão comum.
Antes de descer do carro, tive que entregar meu celular para ele. Eu estava preso em regime aberto! Passei pelo guardinha magricelo, ele me deu uns tapinhas nas costas parecendo que ainda sentia pena de mim por ter apanhado. Dei um sorriso amarelo para ele, e fui em direção ao meu banco rotineiro. Os alunos ainda não tinham esquecido daquilo que Rodney tinha gritado no meio da escola, ainda cochichavam e davam risadinhas quando eu passava. Gabriel tinha o costume de chegar em cima da hora, ou atrasado, mas naquele dia, ele chegou minutos depois de mim. - Bom dia! Disse ele sorridente se sentando ao meu lado. - Que cara é essa Bruno? Expliquei para ele o que tinha acontecido, Rodney no meio da rua, meu pai e seus castigos e Gabriele que estava amedrontada. Gabriel apenas me olhava pasmo. - Então vou te levar até em casa todos os dias! Rodney esta fora de si! Nesse meio tempo passou um grupo de garotos do 2° ano pela mesa em direção a cantina. - Oh que lindo os dois! Vai levar ele em casa? Tão namorando? Zombavam eles, Gabriel encarou o grupo, mas continuou falando. - Não ligue para eles. Eu vou com você, te acompanho até em casa, vou tentar falar com Rodney, na verdade vou falar com os guris, Catraca e companhia pra ver o que eles sabem sobre isso tudo. Então expliquei que minha mãe iria me buscar e que meu pai estava me levando até a escola. - Menos mal então, pelo menos você esta protegido no caminho, mas não vamos poder mais nos ver? Nem vai poder ir lá em casa? Respondi negativamente com a cabeça. Gabriel me olhou, mas sorriu. - Tudo bem, fugimos no intervalo das aulas.
Rebeca se sentou do meu lado na aula de Química, sabia que aquilo não era boa coisa, pois aquela garota só sabia falar mal da vida de alguém, ou coletar alguma fofoca. - Então é verdade Bruno? Você e o gatinho do Gabriel estão namorando? Não quero que leve para o lado pessoal, adoro gays e acho muito fofo dois garo... - Escuta aqui Rebeca! Vê se cria um pouco de vergonha na sua cara, e cuide da sua vida. De onde eu vim, garotas como você são chamadas de fofoqueiras e especuladoras, se eu e o Gabriel somos ou não somos namorados, quem tem que saber disso é eu e ele, não esqueça que foi você que me contou a historia do Rodney, cuidado para ele te pegar também. A sala inteira estava um silencio, todas as cabeças estavam voltadas para Rebeca que tinha uma expressão no rosto que lembrava o pavor e inicio de choro. - Algum problema ai? Perguntou o professor. - Sim senhor! Respondi. - Se o senhor não se importar, eu queria mudar de lugar, antes que essa garota aqui do meu lado colete meus dados pessoais! O professor fez um gesto do tipo "tanto faz", então me levantei e sentei perto de uma colega minha que até então me parecia muda.
Nos intervalos das aulas sempre que minha turma e a do Gabriel trocavam de sala, nos víamos ou ele me passava um bilhete, e por ali conversávamos sobre todos esses assuntos, e também coisas do tipo "Gosto tanto de você", "Lembrei de Yara na aula de Geografia", "Vamos fugir?" Achava aquilo um máximo. Chegou o final da aula, e eu demorei nos corredores. Gabriel chegou segurando sua mochila com apenas uma alça, como era de costume, e seu skate surrado. - Minha mãe já deve estar lá fora me esperando! Disse eu chateado. - O que vai fazer hoje à tarde? Ele me perguntou. - Ajudar ela, talvez eu vá e me enforque no quintal com alguma corda, essas coisas! Gabriel me deu um saquinho no ombro. - Cala a boca, mané! Demos umas risadas, e saímos pelo portão. Minha mãe já estava no carro me esperando. Gabriel ficou me encarando, tínhamos esquecido como era se despedir sem ter que se beijar, ou abraçar apertado. - Então é isso, te vejo amanha na escola, quer dizer aqui na escola... - Sim... É... Até mais então...
Entrei no carro, dei um beijo em minha mãe, ela sorriu. - Quero que saiba que não concordo com as atitudes do seu pai, mas você sabe as regras lá de casa, eu não posso passar por cima de nada do que ele fala. - Mas mãe você o fez parar quando ele ia me dar um tapa, apenas com uma frase. - Isso é diferente meu filho, bater num filho, ainda mais quase na maior idade isso pra mim é irrelevante. Por que você não o abraçou? Olhei para ela, realmente não tinha entendido a mudança do assunto. - Abracei, quem? - O Garoto de boné, como ele se chama. Fiquei olhando para ela, fiquei vermelho e olhei para frente. - Gabriel, ele se chama Gabriel, não o abracei sei lá o porquê... - Olha Bruno, você é meu filho, eu sou sua mãe sua amiga... Quero estar presente na sua vida em todos os momentos. Se você gosta daquele rapaz, então seja feliz, terá a minha benção. Além do mais ele é uma graça, como eu queria ter meus 20 anos novamente. - Mããããeee! Para com isso você esta me deixando com vergonha! Rimos sobre aquilo. - Como você sabia? Gabriele te contou? - Sua irmã já sabe e eu não, não sabia que vocês tinham essa intimidade. - Não temos! Respondi olhando para fora. - Ela descobriu de uma maneira complicada, mas você não me respondeu. - Bruno sou sua mãe, desde o primeiro dia de aula, quando você chegou em casa radiante, e seu pai disse que a menina que estava fazendo aquilo com você deveria ser bonita, eu vi você parando na escada, eu vi que você pensou profundamente ali eu soube que você tinha finalmente se apaixonado, e sabia que não era por uma garota. Mãe sente mãe sempre sabe! Ela me olhava com doçura e compreensão. - Obrigado mãe, muito mesmo. Você não sabe o quanto eu estou aliviado com isso, queria que com o meu pai fosse assim. - Seu pai tem outra cabeça, outras atitudes. Mas ele te ama muito, e faz isso tudo pra te proteger. Aquelas ultimas palavras não tiveram o mesmo impacto que o resto da conversa, meu pai era ditador e não amoroso.
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Enfim sós. (Um romance gay)
Teen FictionMudar-se de cidade não é fácil, ainda mais para um adolescente de 17 anos! Ah! desculpe, ainda não me apresentei: me chamo Bruno, acabo de me mudar! Vou contar uma história, uma história que nunca foi contada, não por mim pelo menos... ###PROIBIDO C...