Enfim sós. (Um romance gay)

Foi um acidente

        Agora era questão de tempo até descobrir quem era a pessoa que estava deixando Gabriele assim. Estava até pensando em roubar algumas medalhas do meu pai para condecorar o corajoso assim que descobrisse quem era. Claro que não me atreveria a perguntar quem era a pessoa milagrosa para a minha irmã. Na verdade nós dois nunca tivemos intimidade, contando que ela estivesse no canto dela, eu estava feliz no meu.

Encontrei minha mãe na sala, ela parecia exausta, sozinha ela colocou boa parte da casa nos seus eixos. Meu pai podia ser o General, mas a minha mãe era a verdadeira guerreira daquela casa.

- Mãe, você sabe o que esta acontecendo com a Gabriele?

- Talvez ela esteja se acostumando com tudo isso, assim como você meu filho.

- E você? A senhora esta se acostumando com tudo isso? – Perguntei sentando ao seu lado, olhando ela bem de perto. Ela parecia realmente estar muito cansada.

- Minha vida são você e sua irmã. E onde estivermos eu estarei acostumada Bruno. Já te expliquei que seu pai quer o melhor para vocês e eu também. Sua irmã deve ter feito amigas novas, conhecido algum cara na faculdade. Por que você não faz o mesmo? Faça amigos meu filho, arrume uma namorada. O que nos resta é nos acostumar, e quando você ver as coisas vão estar nos seus devidos lugares. Agora vou para o banho, estou exausta. – Ela se levantou e foi em direção a escada.

- Mãe...

- Sim Bruno. – respondeu ela parando nos pés da escada.

- Eu te amo!

À tarde fui ao encontro dos garotos que estariam na rua, como de costume, com os seus skates. Peguei minha bike na garagem, dei um grito para a minha mãe avisando que iria sair e foi o que fiz, saí pedalando. Na esquina da rua da casa vermelha encontrei apenas Gabriel sentado na calçada de fones de ouvidos. Desci da bicicleta e ele estendeu a mão para que eu o ajudasse a levantar, ele ficou em pé e limpou a bermuda.

- Pronto para ir?! - Arregalei os olhos, surpreso. - Ir aonde Gabriel? Cadê o resto do pessoal? - Perguntei, perplexo.

Ele sorriu e me respondeu:

- Eles não vão vir, Rodney está ocupado sabe-se lá com o que, e o restante eu não faço a mínima ideia! Então somos só eu e você em uma tarde sem nada para fazer! - Disse ele sorrindo e me encarando. Tenho certeza que ele me viu ficar vermelho, embora eu tenha tentado disfarçar o máximo que pude. Ele pegou seu skate, colocou embaixo do braço, e começou a caminhar.

- Espera! Onde estamos indo?! - Perguntei tentando alcançar ele.

- Ué... Disse que iria te levar para conhecer a cachoeira, não disse? Então vamos lá... - Me respondeu com aquele sorriso peculiar.

Caminhamos um pouco menos de uma hora, alguma parte em estrada de barro, outras em caminhos abertos em meio a plantas e árvores. Rimos muito, falamos dos professores, falei da minha antiga cidade e de alguns amigos, mas não mencionei nada sobre Yara. Por mais que ela fosse apenas minha melhor amiga, algo me dizia para deixar ela lá. Talvez fosse o bloqueio e a certa "raiva" por ela estar namorando. Talvez eu não quisesse que Gabriel soubesse dela. Paramos um pouco para descansar, Gabriel sentou em um tronco no caminho puxou uma carteira de cigarros e acendeu um.

- Se importa? - Ele perguntou.

Respondi que não, mas achei legal da parte dele não me oferecer, e sabia que mesmo que pedisse ele não me daria. Não via problema nele fumar, afinal, isso não era decisão minha. Mas também não era fã. Enquanto fumava aquele cigarro, Gabriel falava sobre alguns morros e montanhas ao longe, ele tinha um jeito legal de falar sobre as coisas, parecia que era tão fácil, que ele alcançaria uma nuvem com a mão e a comeria como se fosse algodão doce. Achava aquilo incrível. Ele parecia não se importar com o que as pessoas falavam ao seu arredor, ele era calmo, confiante e esperto. Via nele tudo o que eu admirava em alguém. Tudo que eu queria um dia ser. Confiante. Eu só queria facilitar a minha vida como a dele parecia ser fácil.