Quando cheguei em casa, radiante, meu pai estava sentado na mesa, era a primeira vez desde que chegamos que vi meu pai sem a farda e em casa, minha mãe levantou os olhos e sorriu:
- Parece que o primeiro dia de aula te fez bem! - Retribui o sorriso e disse um "SIM"!
- Deve ser uma garota muito bonita! - Completou meu pai levando a xicara de café até a boca. Parei naquele momento, hesitei, mas subi a escada para meu quarto!
Quando estava na metade da escada, Gabriele passou por mim com um sorriso e uma cara de êxtase. Toda perfumada e com um batom vermelho ridículo na boca.
- Oi maninho! - Disse ela passando por mim sorridente. Não foram apenas meus olhos, mas meus ouvidos também testemunharam aquilo! Ela estava feliz? É isso mesmo? Arrumada e perfumada! Passou direto pela cozinha e gritou para meu pai. - Estou saindo! - Meu pai por sua vez deu um sorriso e fez aquela cara de quando ele ganha de alguém num jogo de cartas! A vitória era dele! Será que realmente ele estava ganhando? Eu começava a ficar um pouco mais feliz pelos amigos novos, Gabriele por algum motivo estava feliz e sorridente e não mais possuída como nos últimos dias, será que desta vez o general iria jogar em nossa cara que ele estava certo!? Eu tentava bloquear Yara dos meus pensamentos, afinal, ela estava feliz com o seu namorado, e mais cedo ou mais tarde eu ficaria também. Tudo era questão de tempo.
Depois do almoço, ajudei minha mãe nos afazeres da casa e dei mais uma arrumada no meu quarto. Resolvi sair de bike para ver se encontrava os garotos. Andei pelo bairro todo, mas não avistei ninguém. Resolvi sentar em um banco da praça no centro, encostei minha bicicleta em uma árvore e fiquei ali analisando as pessoas que passavam. O centro não era muito grande, tinha uma sorveteria, a praça bastante arborizada, algumas garotas pulando corda próximo à uma calçada. Uma brisa tranquila passou por mim e pensei que não era um lugar tão ruim. Poderia ser que eu estivesse pensando assim por causa do Gabriel, mas realmente a cidade não era das piores.
Fiquei ali por alguns minutos até que ouvi uma voz atrás de mim.
- Seus amigos não estão com você? - Quando me virei era a minha colega que se ofereceu para ajudar com os horários e salas e mais duas garotas que eu achava que também eram da minha sala. Balancei a cabeça negando e fiquei encarando elas. Sentaram na minha frente. - Não me apresentei como deveria... - Disse ela sorrindo! - Eu sou Rebeca, e essas são Giovana e Laura! - Dei um oi, mas não estava muito a fim de conversar. - Não pense que te odiamos já... – Continuou ela. - O problema é o ridículo do Rodney, ele é o câncer desta cidade! - Perguntei o porquê daquele ódio todo com o rapaz que, à primeira vista, parecia ser muito legal. Elas se olharam, então Rebeca tomou a dianteira. - Ele matou a própria irmã e acusou o pai disso, ele usa drogas, apronta, destrói nossa cidade, ninguém gosta dele, a não ser aqueles manés que andam com ele. O Gabriel é o único que ainda se salva e talvez o Pablo por ser um gato, mas coitados, vão ficar iguais a ele daqui a um tempo. Os outros já estão no mesmo caminho. Rodney é mau exemplo para todos nós. - Finalizou ela, me olhando.
Eu olhei elas com um certo desprezo, aprendi desde de cedo que não se deve dar ouvidos a pessoas assim então me levantei, peguei minha bicicleta, olhei para elas menti que estava com pressa e me despedi. Não iria ficar ali discutindo aquelas baboseiras. Disse um até amanhã e saí pedalando para casa. Pude ouvir alguns cochichos assim que parti, mas logo acelerei as pedaladas para sair dali o mais rápido que eu podia.
Gabriele não voltou até o horário do jantar. Quando ela voltou entrou pela porta dos fundos e disparou pelas escadas, minha mãe estava no banho e meu pai ainda não havia chegado do trabalho. Fiquei curioso para saber quem ou o que tinha domado a fera, mas se estava deixando a minha irmã de bem com a vida e tirando ela do meu caminho, já tinha todo o meu respeito. Dormi cedo naquela noite, logo depois da janta subi para meu quarto. Pensei em ligar para Yara, mas resolvi que não ainda mantinha o pensamento de que ela estava melhor sem mim, então adormeci.
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Enfim sós. (Um romance gay)
Novela JuvenilMudar-se de cidade não é fácil, ainda mais para um adolescente de 17 anos! Ah! desculpe, ainda não me apresentei: me chamo Bruno, acabo de me mudar! Vou contar uma história, uma história que nunca foi contada, não por mim pelo menos... ###PROIBIDO C...