Elektra.
- Oh Deus. - sussurrei quando acordei e vi o corpo de Dominic ao meu lado, constatando que a noite anterior não havia acontecido apenas em minha cabeça.
A ponta lençol branco que estávamos dividindo se enroscava em seu quadril cobrindo as melhores partes. Seu peitoral nu subia e descia uniforme e lentamente mostrando as respirações suaves de quem está em um sono profundo e ele tinha um braço atrás da cabeça.
Me sentei na cama devagar, segurando o lençol contra meu corpo, e olhei de volta em sua direção pra me certificar de que ele não tinha acordado com o meu movimento. Seus olhos ainda estavam fechados e sua respiração ainda estava uniforme então eu soltei o ar aliviada e me permiti observar seu rosto por mais alguns minutos. Seu maxilar definido estava relaxado e seus lábios entreabertos.
Era incrível a forma como ele conseguia dominar o quarto com sua presença mesmo estando adormecido. Era impossível estar no mesmo cômodo que Dominic e não notar sua presença. Seu cheiro e seu charme não o permitia passar despercebido. Afastei todos os meus devaneios sobre como o homem deitado ao meu lado é magnífico e foquei em planejar minha saída de seu apartamento sem ser notada.
Sim, eu estava fugindo após uma noite de sexo quente.
Dominic é o tipo de cara que eu não me aproximo. Eu nunca fico perto de perigo e ele tinha perigo estampado em sua testa. Ele claramente tinha um forte por adrenalina, coisas proibidas e ilegais e ele era um perigo pra minha sanidade mental. Eu sabia que não poderia resistir se estivesse perto dele e eu também sabia que ele provavelmente não é do tipo de cara que leva a sério uma simples transa de uma noite.
Bom, eu também não sou esse tipo de mulher então eu iria só facilitar as coisas e sair daqui antes que ele acorde.
Agradeci mentalmente pelo sono pesado de Dominic quando saí da cama e ele não despertou. Procurei rapidamente minhas peças de roupa jogadas pelo quarto e lentamente fui até a sala onde achei minha bolsa e minha jaqueta.
Após alguns minutos procurando meus sapatos eu desisti e decidi ir embora descalça. Merda. Eu amava aquelas botas mas não posso arriscar demorar muito pois ele poderia acordar.
Fechei a porta de seu apartamento atrás de mim e me enfiei no elevador o mais rápido que eu pude. Gemi em desgosto quando encarei minha imagem no espelho. Eu tinha os olhos inchados devido à noite de sono pesado e meu cabelo estava um caos. Eu não poderia reclamar, embora, pois eu não dormia tão bem assim em meses devido à todas as preocupações que tomavam conta de minha cabeça.
Respirei aliviada quando entrei no meu carro e segurei o volante por alguns segundos antes de dar partida, lembrando de alguns momentos da noite passada.
Encarei seu prédio uma última vez e fiz o meu caminho pra casa. Eu só queria tomar um banho e ficar deitada o dia todo. Meu corpo exigia esse descanso.Dominic.
Eu não podia acreditar que aquela diabinha escorregou para fora de meu apartamento antes que eu acordasse. Eu simplesmente me neguei a acreditar nisso quando acordei a passei a mão no colchão sem encontrar seu corpo. Ela simplesmente sumiu e tudo que eu tinha era seu nome e as lembranças de seu corpo encaixado no meu como em um quebra cabeça planejado. Elektra poderia facilmente me deixar viciado em tê-la por perto.
Eu geralmente gostava de evitar a parte desconfortável de acordar com alguém no dia seguinte mas, estranhamente, eu esperava sentir o cheiro de Elektra mais uma vez quando acordasse.
Digitei uma mensagem de texto para meu amigo que havia ficado de levar meu carro de volta para a garagem e levantei da cama, indo direto para o banheiro.
Tomar um longo banho para espantar a ruiva da minha cabeça era a prioridade naquele momento.
***
- Traz mais cerveja! - ouvi Elliot gritar da sala.
Eu havia chamado Elliot para assistir o jogo de basquete aqui em casa. Nós nos conhecemos há alguns anos nas corridas de rua e, desde então, saíamos juntos sempre que podíamos.
- Já tá começando. - Elliot anunciou, sem tirar os olhos da televisão, quando me viu entrar na sala com as latas de cerveja na mão.
Joguei uma lata na direção dele e joguei meu peso sobre a poltrona, apoiando os pés na mesa de centro e abrindo minha cerveja.
Foram poucos minutos até que o jogo começasse e o celular de Elliot não parava de tocar. Dei uma risada interna pensando que deveria ser alguma garota que Elliot estava evitando e tentei ignorar os toques contínuos.
- Caralho. - ele murmurou quando pegou o celular pra desligar pela décima vez.
- Problemas no paraíso? - perguntei rindo de sua cara.
- É só minha irmã enfiando o nariz onde não deve. - ele bufou e eu me lembrei da garota que estava com ele e Elektra na corrida ontem.
- E a garota que foi embora com você ontem? - perguntei querendo saber se havia rolado algum clima entre eles.
- Aquela é a minha irmã, imbecil. - ele disse como se fosse algo óbvio.
- Aquela é sua irmã? - repeti. - E como eu nunca tinha conhecido ela?
- Eu normalmente não arrasto minha irmã mais nova para os lugares que a gente frequenta, Dominic. - ele disse tentando parecer sério e eu gargalhei.
- Realmente. - dei um gole em minha cerveja - Mas o que ela quer te ligando dez vezes seguidas?
- Eu falei que viria na sua casa, já que ela te conheceu ontem, e agora ela está surtando pra saber o que aconteceu entre você e a Elektra ontem.
Engasguei um pouco com a cerveja quando ele mencionou o nome de Elektra.
- Vocês são próximos da Elektra? - soltei as palavras e logo me arrependi de ter perguntado tão rápido. - Eu achei que ela era só alguém que estava com vocês na corrida.
- Cara, a Elektra é praticamente da família. - ele riu e eu fiquei sem acreditar por alguns segundos.
Olhei para a garrafa de cerveja em minha mão e esbocei um sorriso. Parece que reencontra-la seria mais fácil do que eu pensava. Essa diabinha não perde por esperar.
Algumas horas se passaram, terminamos de assistir o jogo e, logo, eu estava novamente sozinho em meu apartamento.
Arrumei a bagunça da sala rapidamente e estava andando pelo corredor de meu apartamento com o objetivo de chegar em meu quarto. Meus olhos se arregalaram levemente e eu aposto que várias linhas se formaram em minha testa quando chutei algo sólido no meio do corredor, quase sendo levado ao chão.
- Mas o que diabos... - murmurei sozinho antes de olhar o que estava em meu caminho.
Peguei o objeto preto em minha mão e era um salto... um salto preto.
- Não basta ela ir embora às escondidas, ela ainda deixa objetos no meio do caminho para me matar. - praguejei para mim mesmo.
Após um tempo praguejando sobre quase ter caído por culpa de um sapato, uma ótima ideia estalou em minha mente.
Saquei o celular de meu bolso comecei a discar imediatamente.
- Elliot? - chamei quando a ligação finalmente entrou.
- Já com saudade?
- Bem que você queria. - respondi a sua provocação e limpei a garganta pois sabia que a próxima parte da conversa séria difícil. - Então, você sabe onde a Elektra mora, certo?
Ele fez um sinal sonoro do outro lado da linha indicando a obviedade de minha pergunta.
- Certo, então... Você poderia me passar o endereço? - perguntei casualmente tentando esconder o nervosismo.
- Você está querendo arranjar minha castração? - a voz de Elliot subiu uma oitava ao dizer essa frase. - Elektra me mata se eu fizer isso!
- Digamos que ela esqueceu uma coisa aqui, eu só quero devolver, nada de mais. - levantei os ombros mesmo que ele não pudesse me ver.
- Se ela ficar furiosa, você vai levar toda a culpa. - ele soltou após alguns minutos. - Irei mandar por mensagem o endereço.
- Certo, valeu irmão.
- Dominic? - ele chamou antes que eu pudesse encerrar a chamada. - Se você fizer de Elektra um maldito alvo, eu esqueço nossos anos de amizade e acabo com você.
Eu dei uma risada abafada e concordei, encerrando a ligação logo após.
Agarrei uma camisa qualquer e alcancei as chaves de minha moto assim que a mensagem de Elliot me informou o endereço.
Em menos de 15min eu já tinha feito o trajeto e estava parado em frente ao seu prédio. Eu amava andar de moto. Era rápido e eu nunca cansava do sentimento de liberdade quando estava em cima de minha moto. Catei uma longa respiração, tirei as botas de Elektra do baú localizado embaixo do assento da moto e caminhei para dentro do prédio.
De alguma forma, eu havia conseguido convencer o porteiro a me deixar entrar sem ser anunciado e agora eu já estava com o meu dedo pressionando a campainha do apartamento 516.
- Oh pelo amor de Deus, Karen! - ouvi sua voz de dentro do apartamento. - Me esqueça! Nós fodemos como animais e foi maravilhoso! Mas pare de...
Eu segurava a risada quando ela abriu a porta e congelou ao perceber que não estava falando aquelas coisas para sua amiga. Eu poderia me jogar no chão de tanto rir de sua expressão mas eu me contive em apenas esboçar um sorriso de canto enquanto olhava para ela.
- Oh merda. - ela murmurou pra si mesma.
Seu corpo estava coberto em um blusão masculino e suas coxas nuas e seu cheiro eram convidativos demais, o que fazia meu subconsciente dar uma falhada.
- Sabe... - reuni força e comecei a falar, ainda com um sorriso no canto dos lábios - Se você quiser fugir daquele que te fodeu como um animal, não deveria deixar suas coisas na casa dele.
Encolhi os ombros casualmente como se o que tivesse saído de minha boca fosse óbvio e levantei as botas para que ela pudesse saber do que eu estava falando.
- Como conseguiu chegar aqui? - foi tudo o que ela disse, suas sobrancelhas unidas.
- Não revelo minhas fontes.
- Elliot. - ela murmurou com raiva para si mesma e então se virou novamente para mim. - Era só isso? Bom, basta me entregar as botas e ir embora. Muito obrigada.
Ela esticou as mãos em minha direção, na esperança de pegar as botas mas eu dei um passo grande pra trás.
- Não tão rápido, diabinha. - falei enquanto balançava minha cabeça, rindo.
Ela bufou e me encarou com a silenciosa pergunta sobre o que eu queria ali.
- Por que saiu do meu apartamento como uma fugitiva essa manhã? - perguntei, agora meu rosto era sério.
Assisti ela suspirar e mudar o peso de seu corpo em seus pés.
- Eu apenas quis tornar as cosias fáceis. - ela disse como se não fosse grande coisa.
- Você sabia que é falta de educação sair sem se despedir? - falei enquanto caminhava lentamente em sua direção, entrando em seu apartamento.
A cada pequeno passo em sua direção, ela recuava outro passo para longe de mim. Larguei suas botas no chão ao lado da porta e olhei novamente para ela.
- Dominic. - ela chamou meu nome na tentativa de me repreender mas tudo o que saiu foi um fio de voz.
- Sim? - respondi quando encurralei seu corpo em alguma parede de seu apartamento.
- Você não deveria estar aqui. - ela praticamente murmurava essa frase para si mesma.
- Mas eu estou, aqui.
Eu procurava por qualquer sinal de rejeição por mim em seu rosto, não querendo forçar uma situação, mas seus olhos correram pelo meu corpo e imediatamente eu me empurrei sobre o seu corpo na parede.
- Dominic. - ela chamou novamente, dessa vez sua voz um pouco mais alta, me repreendendo.
- Diga que não. - falei e abaixei meu rosto perto do seu. - Diga que não quer e eu estarei fora daqui.
- Foda-se. - ela praguejou e grudou nossos lábios com desejo.
Agarrei sua cintura, puxando-a para mais perto e explorei sua boca com fome. O aperto de seus dedos em meu cabelo me faziam sair de minha plena consciência.
Abri os olhos atordoado quando ela quebrou o contato de nossas bocas e me encarou. Olhei de volta e minha expressão confusa deve ter feito a pergunta sobre o que estava errado.
- É melhor você ir. - as palavras saíram de sua boca mas seus braços ainda estavam ao redor do meu pescoço, me segurando perto.
- Não parece que você quer que eu vá. - falei rindo.
Ela, preguiçosamente, arrastou seus braços para longe de mim e se forçou a permanecer em pé sozinha.
- Saia comigo, então. - sugeri rapidamente.
Eu odiava encontros mas eu não havia tido o suficiente de Elektra ainda para me contentar em ir embora tão rápido.
- O que? - ela franziu a testa.
- Sair comigo. - repeti. - Encontro, se conhecer, essas coisas.
Dei de ombros enquanto asssiti sua expressão cair.
- Isso não é uma boa ideia. - ela suspirou por fim.
- Você não quer?
- Não é isso. - ela jogou as mãos pra cima. - Nós nunca daríamos certo, Dominic.
- Elektra, eu não estou te pedindo para casar comigo. - abaixei minha voz. - É um simples jantar.
- Certo. - ela cedeu após alguns segundos pensando. - Mas eu escolho o restaurante.
Ri e assenti para a ruiva antes de dar meu número de celular para ela. Elektra também salvou o seu contato em meu aparelho e se propôs a descer para me acompanhar até a porta do prédio.
No elevador, eu controlei cada músculo em meu corpo para não prensá-la em uma parede. Eu podia sentir sua respiração entrecortada por estar em um ambiente tão pequeno a sós comigo.
- É claro que você tem uma moto. - ela resmungou baixo quando me viu andar até minha Harley.
- Isso não é qualquer moto.
Ela deu de ombros e eu me encostei na moto e cruzei meus braços enquanto passei os olhos lentamente por todo seu corpo uma última vez.
- Não me olhe assim. - ela arqueou uma sobrancelha.
- Estou indo, diabinha. - levantei as mãos em sinal de rendição e montei a moto.
- Até mais.
Dei partida com a moto, produzindo um barulho de motor e fiz o meu caminho de volta para casa. Eu precisava de um banho frio.Elektra.
A vergonha que senti quando vi o rosto de Dominic parado em minha porta ouvindo tudo o que eu falei não cabia em mim.
Karen havia enchido a minha paciência durante todo o dia fazendo perguntas sobre minha noite com Dominic. Quando a campainha tocou eu só pude deduzir que seria Karen e já soltei as palavras para que a mesma parasse de me perturbar.
O sorriso presunçoso de Dominic ao me ouvir falando sobre tê-lo me fodendo me fez ter vontade de arranhá-lo.
Meu telefone tocou e a foto de Karen brilhou na tela pela milésima vez no dia. Bufei e resolvi atender.
- Sua ruiva, magricela, sardenta... - sua voz ressou assim que coloquei o aparelho no ouvido. - Como você ousa me ignorar durante o dia todo?
- Karen, se acalme. - pedi - Eu precisava descansar.
- Você pode descansar depois que me contar o que aconteceu! Vamos lá, sou toda ouvidos.
- Nós dormimos juntos, nada demais. - menti.
- Elektra Adams. - ela me repreendeu com meu nome inteiro e eu bufei.
- Nós fodemos, Karen! - joguei - Satisfeita?
- Muito! - ela gritou e eu tenho quase certeza que fiquei surda - Ele é tão bom na cama quanto parece?
- Karen! - eu ri - Crie vergonha nessa cara.
- Eu tenho vergonha até demais! Se eu fosse sem vergonha, quem estaria na cama daquele pedaço de mau caminho seria eu!
- Cale a boca e me escute. - falei entre risos. - Ele estava aqui.
- Agora?
- Agora. - afirmei.
- Como? - sua voz era tão confusa quanto eu fiquei quando o vi aqui.
- Estou desconfiando que Elliot o ajudou a conseguir meu endereço. - falei pensativa, fazendo a nota mental de matá-lo mais tarde - Ele veio trazer as botas que eu havia deixado lá.
- Você deixou suas botas lá? Qual o seu problema?
- Eu não estava encontrando! Não podia demorar e correr o risco dele acordar. - me defendi.
Conversei mais um pouco com Karen até me despedir e desligar o celular.
Arranquei meu blusão e enrolei meu cabelo em um coque alto. Em minha calcinha apenas, fiz meu caminho até o banheiro e esperei Morgana entrar e se alojar em cima do vaso sanitário, onde ela sempre fica quando vou tomar banho.
Era incrível morar sozinha, eu andava nua pela casa praticamente todo o tempo.
Deixei a água morna relaxar todos os músculos do meu corpo e me permiti ficar alguns minutos a mais do que o necessário no banho. Espalhei o sabão de morango por cada pedaço do meu corpo e deixei a água levar toda a espuma embora logo após.
Desliguei o chuveiro e o frio me atingiu assim que coloquei os pés para fora do box. Enrolei o corpo na toalha preta macia e voltei ao quarto onde me enfiei em outro blusão e uma nova calcinha.
Eram 23h de um domingo então eu apenas decidi me esconder em meu edredom e assistir qualquer seriado que estivesse passando na televisão.
Com Morgana em meus pés, esse foi o final de um fim de semana que poderia ser o começo de uma bagunça na minha vida.notas da autora:
Olá de novo! Tô postando mais um capítulo porque já estava escrito e não fazia sentido deixar escondido. Agradeço muito quem leu e se gostaram votem e comentem! Eu realmente ainda estou em dúvida sobre continuar postando então me ajudem. Beijinhos!
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Sacrifice - Crazycatlady
RomanceQuando o noivado de Elektra Adams termina de uma maneira trágica, tudo que ela quer é fugir de tudo que a faça lembrar do que aconteceu. Ela se muda para os Estados Unidos e passa a tentar viver uma nova vida sem nunca olhar pra trás. Dominic Da...