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" Se eu te deixar para trás, sinto como se estivesse a deixar um sonho para trás."


- Caetana, filha, chegamos. - A voz do meu pai arrancou-me dos pensamentos, fazendo-me encarar os seus olhos tão ou mais verdes que os meus outrora foram.

- Obrigada pai. Até logo.

- Queres que te venha buscar, né?

- Sim, se puderes.

- Claro que sim. Até logo. - Deixei-lhe um beijinho na barba mal coberta pela barba e saí do carro, acenando-lhe avidamente. Assim que o carro preto de luxo saiu do meu campo de visão, fiz todo o meu caminho até à sala que me iria receber para a primeira aula do dia de hoje.


**


- Caetanaaaaaaaaaaaaaaaaaa! - Berrou Benedita, assim que se aproximou de mim.

- Ah porra Beny, era escusado!

- Andas sumida pá.

- Tenho ficado em casa dos meus pais ultimamente.

- Mas está tudo bem?

- Sim, só precisava de voltar ao ninho.

- Tens a certeza que é só isso? Eu conheço-te bem, Nana!

- Não me chames isso! Ninguém tem o direito!

- Porquê Caetana? Porque ele se foi sem te dizer algo? Tens de deixar isso para trás!

- Eu deixo se quiser, porra!

- Pronto, como queiras. Miúda mimada.

- Desculpa? Mimada só porque não quero tocar num assunto que ainda hoje me dói? Ele foi-se embora para bem dele, Benedita! Pelo futuro dele! Mas as memórias dele ficaram comigo e dessas só me esqueço se quiser. Por isso, se estás mal, a porta da rua é serventia da casa.

Estava tão revoltada que nem dei pelas lágrimas a correr pelas maçãs do rosto. Corri para a rua, rezando para que o meu pai já estivesse à porta da faculdade à minha espera. Assim que avistei o carro negro de alta cilindrada, apressei-me para o alcançar. Abri a porta e atirei-me para dentro do veículo, deparando-me com a cara preocupada da minha mãe.

- Querida, está tudo bem?

- Está, mamã. O pai?

- Está em casa, à nossa espera.

- Vamos almoçar juntos?

- Sim, meu amor. A Anabela fez lasanha.

- VAMOS! - O meu muito repentino entusiasmo fez a minha mãe soltar uma pequena gargalhada. Levou a mão à minha face, afagando levemente o meu rosto. Depois ligou o carro e iniciou todo o percurso até casa.

- Tens a certeza que está tudo bem, Nana?

- Está sim. É só a Benedita que teima em tentar saber tudo o que se passa comigo.

- E?

- Ela chamou-me Nana, mãe. Só tu, o pai e o Rafa me podem chamar assim!

- E o Bernardo?

- O Bernardo.... é passado, acho eu?! - Atirei, tentando ao mesmo tempo convencer a minha mãe e, mais importante, eu.

- Meu amor, não te esforces para me enganar quando ambas sabemos que isso não é verdade!

- Mas devia ser!

- Caetana, filha, talvez deva, talvez não. Só o destino sabe. E se estiver destinado, um dia vocês voltam a encontrar-se. Mas um carinho como o vosso, não se vê muito hoje em dia.

- Se calhar tens razão, mamã.

- Oh, eu tenho razão! Mas já agora: o quê que despoletou as tuas memórias? - Bonito, estou tramada. Não posso dizer à minha mãe que me envolvi com um desconhecido.

- Hm, vi uma fotografia dele. De alguma maneira misturou-se com as minhas coisas quando me mudei para o meu apartamento e agora apareceu, sabe-se lá de onde.

- Tens a certeza? - insistiu, ao mesmo tempo que trespassamos os grandes portões cinzentos que separavam a mansão que pertencia aos meus pais do resto da rua.

- Sim mãe. - Atirei, enquanto abria a porta e corria para dentro de casa tentando de alguma maneira fugir à conversa. Entrei pela sala dentro, avistando o meu pai no sofá a trabalhar no que quer que fosse. - Olá papá!

- Vinhas a fugir de quê, Nana?

- Nada pai.

- Tens a certeza?

- Tenho.

- A tua mãe?

- Estou aqui, Henrique. Vamos almoçar então?

- Vamos!

- Eww arranjem um quarto. - Piquei, assim que observei a minha mãe baixar-se ao nível do meu pai para o beijar apaixonadamente, fazendo-os rir alto demais.

Dirigimo-nos para a mesa - eu um algo mais rápido que eles - levando o meu pai a sorrir ternamente. Durante o almoço, todo um silêncio imperou entre nós mas não era de nada estranho. Muito pelo contrário, era reconfortante porque estava de facto cheio de amor. De amor entre os meus progenitores e deles para mim. Sempre - desde pequenina, quando ainda não tinha trocado os vestidos por jeans e quando ainda segurava o meu pequeno urso de peluche ao peito sempre que tinha medo e não conseguia dormir - que eles eram o meu exemplo. Um exemplo de amor, de carinho. De respeito mútuo, principalmente. Mesmo quando o Bernardo ainda fazia parte da minha vida diária, cheguei a olhá-lo discretamente enquanto desejava que fosse para mim como o meu pai era para a minha mãe. 

- Mulheres da minha vida. - Atirou o meu pai. Coisa boa não se adivinhava.

- Papá, o que é que vem daí?

- Conheces-me tão bem, Nana. Bem, lembram-se do Paulo e da Maria, certo?

- Paulo e Maria como pais do Bernardo, certo? - Assim que o vi assentir, uma sensação de melancolia voltou a invadir-me. - Claro que me lembro. Que tem eles?

- Convidaram-nos para jantar com eles, no próximo sábado.

- Aceitaste pai?

- Claro que aceitei. Espero que não te importes. 



**

Buenos dias. Ai desculpem, BUENASSSSSSS NOCHES - estou com o fuso horário virado do avesso EUSHEU

Eu sei que disse que os meus capítulos iam ser uma raridade muito rara mas resolvi fazer de maneira diferente: vou publicar um por semana, que me dizem? Não vai ter dia certo, muito menos hora mas juro do fundo do meu coraçauuuuuuuuum, que vou TENTAR  publicar um capítulo POR SEMANA.

Sem mais de momento para vos atazanar a cabeça, BUITO ABOR DA HAVAIANA 

(UM CAPÍTULO COM QUASE MIL PALAVRAS UAUUUUUUUUUUU MILAGRE)

Dear LoverOnde histórias criam vida. Descubra agora