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"Nós éramos como estranhos que se conheciam muito bem."


Sexta-feira, 24 de Março de 2017

Um mês tinha passado. Corrido, digamos antes assim. Entre trafulhada da faculdade e tretas da vida alheia, havia-me perdido no tempo. Ainda assim, o Bernardo não deixava o meu pensamento e por vezes dava por mim a desejar ser aquela miúda de 13 anos que descobriu estar apaixonada pelo melhor amigo quando este a beijou naquela noite de natal. Mesmo aí a vida era mais simples.

-Menina Caetana, a menina Benedita está à porta à sua espera para irem para a faculdade.

- Diz-lhe que já vou, por favor.

Pegando no saco com os livros e no telemóvel que repousava em cima da mesa, abandonei o quarto e dirigi-me à porta principal da casa, onde a morena me aguardava.

- Menina Caetana!

- Diz Belinha.

- A menina vai sem tomar o pequeno-almoço?

- Sim, Bela. Já estou atrasada. Como qualquer coisa na faculdade. Até logo. - Atirei, enquanto deixava um curto beijo na testa da mulher cujos cabelos já denotavam a passagem do tempo. Virei costas e dirigi-me à porta, decididamente pronta para sair de casa e dirigir-me até à faculdade. Fizemos todo o caminho a pé até ao edificio que albergava as nossas salas de aula.

- Caetana?

- Diz-me Benny.

- Vamos sair hoje?

- Benedita, da última vez que isso aconteceu caímos mal.

- Eu sei mas tenho saudades de sair contigo. Eu juro que se te vir a atirar-te a alguém, levo-te para casa!

- Hey! Até parece!

- Já não digo nada. - Atirou aquela que ainda considerava melhor amiga, com um sorriso trocista na face. - Que dizes?

- Pode ser, Benny!

00:45

- Benedita!

- Sim?

- Vou ao bar reabastecer!

- Tens a certeza?

- Não, mas vou à mesma. - Disse, fazendo a morena gargalhar. Percorri o trajecto até ao bar enquanto me tentava lembrar da bebida que havia pedido antes para solicitar a mesma. Tinha acabado de me sentar num dos bancos enquanto aguardava pelo bartender quando um certo sujeito me roubou a atenção. De cabelo alinhado, camisa entreaberta e um ligeiro rubor nas faces, ali estava ele. De olhar cruzado com o meu, enquanto nos braços segurava uma jovem mulher. Desisti da bebida e dirigi-me até à Benedita, ansiosa por sair dali.

- Nana, que se passa?

- Vamos embora Benny.

- Porquê?

- Porque já não me apetece estar aqui.

- Ainda me vais explicar bem isso, mas pronto, vamos lá.

- Em casa, Benedita. Leva-me para casa e eu prometo que te conto. - 20 minutos de uma viagem de táxi e chegamos ao meu apartamento, o mesmo que desprezava desde a noite em que me deitara com o "conhecido estranho"que agora me obrigava a refugiar ali. Atirei os meus sapatos de salto para um canto e acorri ao frigorífico, na busca por uma garrafa de vinho que sabia ainda ali ter. Recolhi dois copos de pé do armário e juntei-me à morena deitada no meu sofá em estado meio comatoso. - Benny, levanta-te.

- Obriga-me!

- Tenho vinho.

- Considera-me sentada. O quê que tinhas para me contar? - Inquiriu, assim que lhe servi um copo.

- Lembras-te da última vez que fomos sair?

- Claro que lembro, mas tenho a certeza que te lembras melhor que eu.

- BENEDITA!

- Que foi? É mentira? Eu bem te vi quase no bem bom com aquele borracho...

- Eu vi-o hoje.

- Quem?

- O dito borracho. E Benny, ou é o facto desta vez não estar sob influência de álcool ou então não sei, mas eu juro que a cara dele não me é estranha.

- A cara e o resto do corpo, suponho.

- Benedita, estou a falar a sério.

- Eu também. Mas vá, agora mesmo a sério: não te é estranho como?

- As feições dele são semelhantes às de alguém que eu conheço. Aqueles olhos, as orelhas, a maneira como o rosto dele ainda tem muito de uma criança, Benedita. A sua baixa estatura e a maneira como se comportava... oh meu Deus.

- Caetana, tu estás bem?

- Eu acho que já sei quem é que ele me faz lembrar.

- Ai sim? Quem? - Quiz morder o lábio naquele momento, desejei até que alguma de nós adormecesse naquele momento, tudo para que eu não tivesse de o dizer. Mas o olhar curioso da minha melhor amiga levou a melhor de mim.

- O Bernardo.


--//--

Boas. Antes de mais eu queria pedir-vos desculpa mas sei que devem estar tão mais fartas das minhas desculpas do que sei lá o quê. E na verdade, eu queria ter uma desculpa super coerente além da minha falta de inspiração, de tempo (e malandrice por vezes). 

Anyways, desculpem também pela miséria de capítulo. Ainda assim, espero que gostem minimamente. 

Sem mais de momento, todo o amor do mundo (E OBRIGADA PELA PACIÊNCIA)

Maria Habaaaaaiana *

Dear LoverOnde histórias criam vida. Descubra agora