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Quarta-feira, 22 de Fevereiro de 2017

-Caetana, pronta para mais um dia de aulas?

- Não papá.

- Anda daí, estás quase quase no fim do curso. - Atirou, sorridente e brincalhão, enquanto me puxava do sofá da sala. - Preguicite aguda?

- Nope, é mesmo vontadite de ficar em casa - grave. - Uma gargalhada ecoou da sua garganta, fazendo o meu dia ficar bem melhor numa questão de segundos.

- Sempre a minha Nana.

- Anda daí, velhoteeee. - Brinquei, começando a correr até à garagem, esperando que o meu progenitor me seguisse. Poucos segundos depois estava a meu lado.

- Velhote nada, ainda consigo correr tão ou mais que tu.

- Sim, claro. Iludido.

- Iludido, eu?

- Claro. Só estamos os dois dentro deste carro e eu não ía estar a falar de mim na terceira pessoa, pai. - Deitei-lhe a língua de fora, ao que ele respondeu com outra gargalhada. Poucos minutos depois estávamos à porta da faculdade e eu preparei-me mentalmente para qualquer que fosse o decorrer do dia. Beijei o rosto do meu pai ao de leve e abri a porta, abandonando o carro de luxo. - Até logo pai.

- Até logo Nana.

Fechei a porta e dirigi-me à entrada do espaço escolar. Avistei a Benedita junto aos portões mas nem me dei ao trabalho de parar. Segui caminho até à sala que figurava no meu horário, já à muito decorado por mim, ignorando todas as chamadas da morena.

- CAETANA, PORRA! OLHA PRA MIM!

- Mas que raios queres tu?

- Já não me falas desde a semana passada. Está tudo bem?

- Estás a brincar com a minha cara? Já deixei de ser uma miúda mimada, foi?

- Hey, eu sei que estive mal mas...

- Mas nada! Se tu pensas isso de mim, é porque não me conheces tão bem quanto ambas pensamos.

- Caetana.

- Caetana nada! Desaparece.

- Desculpa!

Olhei a morena à minha frente e toda ela refletia arrependimento. Contudo, não disse nada. Voltei a ignorá-la e a refazer todo o meu trajecto até à dita sala. Todas as discussões e o reencontro com os pais do Bernardo estava a afectar-me mais do que o suposto. Mas só de pensar que tudo isto tinha começado por causa de uma estúpida noite com um rapaz desconhecido, voltava a fazer-me sentir arrependida de ter saído de casa naquela fria noite de fevereiro. Se tivesse teimado com a Benedita e ficado em casa, talvez não estivesse tão melancólica. Mas só talvez.

Durante o dia, principalmente à hora de almoço, a morena acompanhou-me, sem dizer palavra. Como se de uma sombra se tratasse. Limitei-me a continuar a ignorar a mesma, mesmo contando com o facto de que o nosso grupo de amigos nesta escola era tão pequeno que se reduzia ás duas. Assim que chegou à hora de saída, acorri ao portão e procurei, com o olhar, o carro do meu pai. Sem sucesso. Fiz-me ao caminho. Aliás, era tão curto que podia sequer arriscar a percorrê-lo todos os dias. Ou não. Depende. Assim que cheguei à mansão que eu tão carinhosamente apelidava de lar, apressei-me a bater à porta, que foi prontamente aberta pela Anabela.

- Boas tardes Anabela.

- Boa tarde menina. Deseja alguma coisa para o lanche?

- Sim, por favor!

Dear LoverOnde histórias criam vida. Descubra agora