Arranquei toda aquela merda de roupa de fresco, coloquei meu moletom surrado, e caí na cama. Quase meia noite, e ainda estava acordado. Era uma droga, isso não podia ter acontecido antes do teste! Devia ter marcado a conversa para depois. Mas fui um idiota. E se não passasse no teste ia ficar no zero a zero.
Sei lá se eu consegui dormir, só sei que ouvi meu celular tocar às quatro e meia, me levantei quase como zumbi, e quando dei o segundo passo no quarto, pisei descalço na porra da aliança que tinha caído do meu bolso quando arranquei a calça. Ah Filha de uma puta! Devia ter jogado no mato, essas porras!
Chutei elas para o canto, e fui para o banheiro, tomei um banho de pensamento, me arrependendo até da sujeira que tirei para ir encontrá-la Perda de tempo! Saí, sem me enxugar. Coloquei uma bermuda, desci para a cozinha e coloquei o resto de bife a parmegiana em um pão de forma, tomei meia coca no bico para acompanhar, e uma colher de arroz doce do pote da minha mãe. Peguei minha mochila, e a abasteci com duas latas de Pringles, uma garrafa de água e duas peras, para ninguém dizer que não sou saudável. Me sentei na calçada para esperar tio Vini passar para me pegar.
Peguei meu celular, e logo o filho da mãe do papel de parede era uma foto nossa. Isso era uma merda tão grande...
Joguei ele no fundo da mochila, e ajeitei o boné na cabeça, devia estar com uma tromba gigantesca e tia Elise ia perceber de cara.
Alguns minutos depois, eles chegaram, pararam o carro, e entrei no banco de trás dando um rápido bom dia para todos. Tio Léo me olhou, mas resolveu não dizer nada, e agradeci por isso. Coloquei o cinto, abaixei a aba do boné e tentei dormir durante a viagem.
— Rick... Rick. – ela me sacudia — Quer alguma coisa?
Abri os olhos. — Já chegamos? — bocejei.
— Não, demos uma parada para esticar as pernas. Vem, a gente vai tomar café da manhã.
Assenti, deixei minha mochila no banco, e saí do carro quase me arrastando.
Fui ao banheiro, e entrei no restaurante. Um bando de garotas se divertia tirando fotos nas decorações do posto, e até aquelas risadas estridentes estavam me irritando. Peguei uma caixa de suco e me sentei com eles na mesa.
— Nossa, você está péssimo! Foi para a gandaia ontem, foi? – tio Vini tentou fazer piada.
— Se você chama tomar um pé na bunda, de gandaia... Sim! – respondi sem olhar para ele, tentando abrir a maldita caixa de suco.
— Que merda, Rick... – tia Elise lamentou.
— Tudo bem... Não vou morrer por isso. – dei de ombros. — Ela me pediu para desistir do teste... Achei muita audácia.
Tio Léo pousou o braço sobre meus ombros — Isso é uma merda cara, mas passa, tudo passa.
— To ligado. Vou esperar vocês lá fora, tá? – me levantei deixando a caixa vazia na mesa, saí do posto, e me sentei na sarjeta. Parecia o lugar certo de estar.
Mas que merda, não acredito que eu estava que nem uma merda de cachorro abandonado...
— Ei, está indo para Ourinhos também? – ouvi a voz de uma garota, mas nem senti vontade de olhar. Só assenti.
— Vai competir?
Revirei os olhos, não estava a fim de papo, mas levantei a cabeça para olhar. E caralho! Era muito gata! Estava de calça jeans e uma camisa xadrez vermelha. Era uma puta visão do meu ângulo.
Me levantei. — Vou fazer o teste para o MXJR. — Apontei para o nosso carro com a minha moto atrás.
— Legal, bela moto. – ela sorriu, e era aquele sorriso até com os olhos. — Sou Manu.
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Fora das trilhas (Degustação)
Teen FictionRicardo Vasconcelos é um adolescente de 15 anos, que apesar de alguns deslizes, tenta ser responsável, e da melhor forma, não desapontar seus pais e seus padrinhos. Ele cresceu viajando por eventos off Road pelo Brasil, e despertou desde pequeno um...