Assim que acordei na manhã de segunda, peguei o cartão de crédito e fui para o shopping, precisava de um celular novo, e minha mãe podia descontar as parcelas da minha mesada.
Não sou de frescuras, qualquer coisa que tivesse internet e um bom som, já estava de bom tamanho. Mudar de número também seria ótimo, menos um aborrecimento.
Cheguei em casa, instalei os apps que eu mais curtia, e mandei mensagem para uns poucos, avisando do número novo.
A tarde, como todas as segundas, eu fui para a academia. E antes não tivesse ido, encontrei os caras da escola lá, e mesmo tentando ignorá-los, não adiantou, eles me cercaram assim que coloquei o supino na barra.
— Então Rick é o mais novo solteiro... — Tiago ria.
Enxuguei meu rosto — Foi mal, cara, mas você não faz meu tipo. – eu ri. — Não estou entendendo essa animação aí.
Felipe me deu um soquinho. — A gente assistiu o término de vocês na sexta, que droga cara.
Me levantei. — Fazer o que? – dei de ombros — Acho que foi melhor.
— A Carla disse que a Jhen passou o fim de semana inteiro chorando.
Olhei para ele — Não sei por que, foi ela quem quis terminar...
Eles riram. —Então você levou mesmo um pé?
Nem respondi.
— Ele levou foi os dois pés, entrou com a bunda, e ela foi certeira! — Felipe tirava uma da minha cara para a academia inteira.
— Pois é, ainda bem que no sábado já estava sendo consolado. E muito bem consolado, se querem saber. – eu ri.
— Porra, a gente viu seu gif, o ameba espalhou pra geral no grupo da escola.
— Pois é. – dei de ombros, ia mudar de aparelho, mas aquela merda não ia ter fim. Olhei para o Marreta, o dono da academia — Velho, tô saindo fora por hoje.
Acenei para os outros, e saí. Nem conseguia pensar nessa porra, na escola. Só de saber que na próxima semana iria trombar a Jhen na escola, que apesar de não ser pequena, era certeza que iríamos nos esbarrar hora ou outra.
Tudo aquilo era uma merda. E eu não podia fazer nada, a não ser aguentar. E graças a minha boca gigantesca, os caras achariam que eu estava mesmo com a Manu. E a melhor amiga da Jhen era a namorada do Felipe, para isso chegar nos ouvidos dela, eram dois minutos.
****
A semana se arrastou, meus padrinhos viajaram para o sul, e não pude ir porque voltariam só na terça, e a droga da escola não me permitia mais essas viagens.
Sábado a tarde, estava jogado na minha cama, quando meu celular começou a tocar. A musica do Disturbed indicava que era número desconhecido.
Me levantei, quase me arrastando, e atendi, até rouco, de tanto tempo sem usar a voz.
— Rick? – a voz do outro lado da linha era estranha para mim.
— Quem é?
Ela riu — Manu, garoto Pringles.
Sorri. — Ah, Manu... — Caramba, como ela conseguiu esse número?
— Está livre hoje?
— Eu... — fiquei atordoado, não sabia nem o que responder.
— Para, eu sei que está, não voltou com a namoradinha, né?
Eu ri — Não, e nem pretendo.
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Fora das trilhas (Degustação)
Novela JuvenilRicardo Vasconcelos é um adolescente de 15 anos, que apesar de alguns deslizes, tenta ser responsável, e da melhor forma, não desapontar seus pais e seus padrinhos. Ele cresceu viajando por eventos off Road pelo Brasil, e despertou desde pequeno um...