9 Sítio

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Assim que acordei na manhã de segunda, peguei o cartão de crédito e fui para o shopping, precisava de um celular novo, e minha mãe podia descontar as parcelas da minha mesada.

Não sou de frescuras, qualquer coisa que tivesse internet e um bom som, já estava de bom tamanho. Mudar de número também seria ótimo, menos um aborrecimento.

Cheguei em casa, instalei os apps que eu mais curtia, e mandei mensagem para uns poucos, avisando do número novo.

A tarde, como todas as segundas, eu fui para a academia. E antes não tivesse ido, encontrei os caras da escola lá, e mesmo tentando ignorá-los, não adiantou, eles me cercaram assim que coloquei o supino na barra.

— Então Rick é o mais novo solteiro... — Tiago ria.

Enxuguei meu rosto — Foi mal, cara, mas você não faz meu tipo. – eu ri. — Não estou entendendo essa animação aí.

Felipe me deu um soquinho. — A gente assistiu o término de vocês na sexta, que droga cara.

Me levantei. — Fazer o que? – dei de ombros — Acho que foi melhor.

— A Carla disse que a Jhen passou o fim de semana inteiro chorando.

Olhei para ele — Não sei por que, foi ela quem quis terminar...

Eles riram. —Então você levou mesmo um pé?

Nem respondi.

— Ele levou foi os dois pés, entrou com a bunda, e ela foi certeira! — Felipe tirava uma da minha cara para a academia inteira.

— Pois é, ainda bem que no sábado já estava sendo consolado. E muito bem consolado, se querem saber. – eu ri.

— Porra, a gente viu seu gif, o ameba espalhou pra geral no grupo da escola.

— Pois é. – dei de ombros, ia mudar de aparelho, mas aquela merda não ia ter fim. Olhei para o Marreta, o dono da academia — Velho, tô saindo fora por hoje.

Acenei para os outros, e saí. Nem conseguia pensar nessa porra, na escola. Só de saber que na próxima semana iria trombar a Jhen na escola, que apesar de não ser pequena, era certeza que iríamos nos esbarrar hora ou outra.

Tudo aquilo era uma merda. E eu não podia fazer nada, a não ser aguentar. E graças a minha boca gigantesca, os caras achariam que eu estava mesmo com a Manu. E a melhor amiga da Jhen era a namorada do Felipe, para isso chegar nos ouvidos dela, eram dois minutos.

****

A semana se arrastou, meus padrinhos viajaram para o sul, e não pude ir porque voltariam só na terça, e a droga da escola não me permitia mais essas viagens.

Sábado a tarde, estava jogado na minha cama, quando meu celular começou a tocar. A musica do Disturbed indicava que era número desconhecido.

Me levantei, quase me arrastando, e atendi, até rouco, de tanto tempo sem usar a voz.

— Rick? – a voz do outro lado da linha era estranha para mim.

— Quem é?

Ela riu — Manu, garoto Pringles.

Sorri. — Ah, Manu... — Caramba, como ela conseguiu esse número?

— Está livre hoje?

— Eu... — fiquei atordoado, não sabia nem o que responder.

— Para, eu sei que está, não voltou com a namoradinha, né?

Eu ri — Não, e nem pretendo.

Fora das trilhas (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora