Capítulo 15

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Elisa

Depois do meu acidente de carro eu nunca mais havia entrado em um hospital. Nem para exames ou consultas, eu realmente adquiri um trauma muito grande, e ao ver meninas tão jovens passando pelo triplo que eu passei apertou meu coração.

Me senti triste por ter reclamado tanto da minha situação sem me tocar que o que eu estava passando naquele momento, era algo tão mínimo ao se comparar com as outras pessoas.

— Oi, meu nome é Elisa e o seu? — perguntei para uma garotinha que estava na última cama do quarto que estávamos visitando. Ela olhou para meu crachá escrito "Voluntário" e sorriu.

— Meu nome é Emily. — respondeu com uma voz tão falha que mal pude ouvir — Você é tão linda, quantos você tem? — ela perguntou sentando-se na cama e dando pequenas batidas na mesma para que sentasse com ela.

— Tenho vinte e um. — respondi sorrindo e me sentando ao seu lado. — Você também é linda! Amei seu cabelo, é lindo! — eu disse tocando na sua peruca ruiva.

Emily tinha câncer, bom, todas as crianças daquele quarto tinham. Elas eram tão puras que meu coração se apertava ao vê-las sorri, era um sorriso feliz em meio a tristeza. Esperança em meio à dor. Jesus.

— Obrigada. Doaram pra mim há um mês atrás, era uma garota muito bonita sabia? Eu esqueci o nome dela. — Emily apertou os olhos para tentar lembrar o nome e sorriu ao ver algo atrás de mim. — É ela! A garota que me deu esse cabelo... Maia — falou tocando em seus cabelos mais uma vez.

Me virei para ver a garota e dei de cara com ninguém menos que minha prima. Ela estava vindo em nossa direção com uma coroa nas mãos.

— Emily! Quanto tempo, princesa. Como você está? — perguntou minha prima dando um beijinho na bochecha da menina. — Seu cabelo está lindo, deu super certo em você.

— Graças a você e ao Papai do Céu! — respondeu ela tocando nas mãos da Maia com um pequeno sorriso. — Senti sua falta, nunca mais veio me ver.

— Oh, Emily! Eu sinto muito, estava na correria da faculdade e igreja, mas prometo que te visitarei mais vezes e desenharei mais para você.

— Eu ainda tenho aquele ali que você pintou para mim. — Emily apontou para um desenho escorado perto da cortina. Era sua caricatura. Mas sem cabelos, era verdadeiramente ela. — Eu não gostei porque estou sem cabelo, mas ainda sim eu gostei. — disse ela confusa e nós rimos da sua delicadeza.

— Você é linda, Emily. Em você não há defeito algum. — eu disse fazendo Emily dar um pequeno sorriso e deixar uma lágrima cair de seus olhinhos.


A visita no hospital foi maravilhosa. Visitamos desde crianças até idosos e ouvir a história de cada um me fascinou e me deixou mais intrigada pelo fato de eu não fazer muita coisa em relação à isso.

Jesus me deu força o suficiente para lutar pelos Seus filhos e meus irmãos.

Hoje à noite iremos para um ponto de encontro onde se localizam garotas de programa.

Confesso que estava um pouco nervosa, Maia não iria comigo, só poderiam maiores de 19 anos. Então só iriam Mary e James que eu conhecia, mas tirando eles iriam várias mulheres e alguns homens.

A noite chegou rapidamente e eu comecei a me arrumar. O recomendado era vestir um casaco porque faria frio e caso houvesse alguns homens à procura de garotas e não queríamos chamar atenção.

O horário marcado para se encontrar na igreja era às 18h30, me apressei rapidamente e meu Tio, minha Tia e Maia oraram comigo.

Quando cheguei na igreja já haviam algumas pessoas lá, inclusive James que veio até mim assim que me viu.

Lisa! Que bom que veio. — James abraçou-me e me entregou um prendedor de cabelo e um lenço umedecido. — O Pastor disse para as mulheres prenderem os cabelos e tirarem a maquiagem caso tenham passado. Não queremos chamar atenção e muito menos que nossas irmãs sejam abusadas verbalmente.

Fiquei um pouco assustada com seu pedido. Era tão perigoso ao ponto das mulheres terem que tirar a maquiagem e prender o cabelo?

Nos dividimos em grupos: 3 meninas e 4 meninos. Me juntei com James, Angelina, Mary, Alex, Justin e Austin.


"Amai o próximo como a ti mesmo"
Eu sempre desejei cumprir esse mandamento de verdade, sempre quis amar as pessoas como Jesus amou.

E vendo o agora, o que estava debaixo dos meus olhos e nem percebi, vi que não cumpria nem metade deste mandamento.

Estávamos conversando com diversas pessoas na rua. Desde garotas de programa até moradores de rua que estavam próximos.

— O que acha que falar com aquela garota? — perguntei para James apontando para uma garota que estava retocando sua maquiagem e deixando algumas lágrimas caírem. Era perceptível sua angústia e sofrimento.

James assentiu e me puxou pela mão.

A garota assim que nos viu se levantou e arrumou seu decote V e sorriu para nós.

— Olá, vocês procuram barriga de aluguel? — a garota disse olhando diretamente para minha barriga.

— Não, não. Vivemos trazer uma boas novas para você, senhorita... — anunciou James

— Debby. — respondeu ela quase em um sussurro.

— Prazer Debby! Somos Elisa e James.
Queríamos saber como você está. — coloquei meu melhor sorriso no rosto e a abracei de lado. A garota me olhou surpresa e me olhou com um olhar de admiração.

Acho que nas suas condições, ela nunca imaginaria que alguém iria abraçá-la daquela forma, afinal, o lugar que ela estava ninguém agiria daquela forma.

— Hum... — ela pareceu procurar as palavras certas — Eu estou... bem? — pareceu fazer uma pergunta para si mesma — Gostaria de estar melhor, claro. Mas não tenho nada que reclamar, ganho um bom dinheiro e consigo me sustentar da maneira que posso. — respondeu ela com um olhar vazio que chegou a doer.

— Eu não sei como você veio parar aqui, ou porque está aqui, mas eu gostaria de dizer que você é muito melhor que isso tudo. — eu disse pegando em suas mãos sujas de areia e vermelhas. — Você é filha do Criador do mundo, não tem que estar aqui. Jesus te ama demais para vê-la aqui.

Debby ouvia-me com atenção e cansaço. Eu sentia o quanto ela estava farta daquilo e o quanto ela se sentia mal por isso. Eu consegui sentir a dor ela.




Debby voltou pra Jesus naquela noite.

Depois de orações e palavras de incentivo, ela se entregou pra Jesus e largou aquela vida que não lhe pertencia.

No geral, foram vinte e uma garotas pra Jesus naquela noite. Houve muito choro, grito e sorrisos. Houve libertação e cura naquele lugar.

Eu me sentia tão privilegiada de ter feito parte daquilo e eu sabia que o melhor ainda estava por vir.

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Fiquem com Deus,
Jesus ama vocês.

A.Arrochella

Elisa: Uma garota de féOnde histórias criam vida. Descubra agora