Elisa
Acordei em uma espécie de quarto branco, logo reconheci que era um quarto de hospital.
Procurei ao redor e eu estava sozinha, olhei para esquerda onde havia um sofá cinza e vi a bolsa de mamãe, torci mentalmente para ela não estar bravíssima comigo. Afinal, eu havia sofrido um acidente de carro e estava hospitalizada.
— Oh meu Deus! Jorge, ela acordou. —minha mãe disse quando entrou no quarto. Ela veio até mim e me abraçou. Ela estava chorando. — Ah filha, nós estávamos tão preocupados com você. Que bom que está bem, graças a Deus.
Tive vontade de dizer: "Graças aos médicos, mãe" mas me mantive quieta.
Logo meu pai adentrou no quarto e fez o mesmo que minha mãe. Fiquei um pouco chocada por não ter ouvido vários "O que você fez?" "Você nunca mais irá sair de casa" "Você tem que tomar jeito" mas o que eu ouvi foi:
— Nós amamos você e estamos felizes que você esteja bem.
Mamãe e Papai disseram que eu estava bem e que de acordo com o médico eu só ficaria um tempo no hospital, mas logo estaria bem e voltaria à minha rotina. Festas.
— Meus amigos, mãe. Onde eles estão? — perguntei colocando de lado a comida que a enfermeira havia trago para o almoço.
Mamãe e Papai se entreolharam mas logo Papai disse:
— Nós ligamos para todos, nenhum atendeu. — disse ele tocando levemente no meu cabelo. — Devem estar ocupados, filha.
— Ótimo. — falei me afundando na cama, totalmente imobilizada.
— Mas, o pessoal da igreja está vindo te visitar. Ah filha, eles ficaram tão preocupados. — mamãe disse se aproximando e beijando minha testa.
O pessoal da igreja de mamãe e papai não eram pessoas chatas, muito pelo contrário, são muitos receptivos e se importam tanto com as pessoas que chega a assustar.
— Hãm... legal. — eu disse não me importando muito.
Os amigos da igreja dos meus pais chegaram rapidamente, me dando abraços e outros trouxeram alguns presentes.
Pelo menos isso né?— Ficamos felizes em saber que está bem, Elisa. — disse Ana, uma amiga de mamãe. — Ficamos bem preocupados quando sua mãe mandou um áudio de cinco minutos dizendo o que havia acontecido. — ela riu. Olhei para mamãe com cara de "Pra quê isso?" ela apenas deu de ombros. — Mas você está bem, é isso que importa.
— Obrigada Ana, de verdade. — sorri agradecida, afinal, não queria ser chata, a mulher havia vindo de sua casa para o hospital, apenas para me ver.
— Leonardo meu filho, venha cá e traga as flores que trouxemos para a Elisa. — disse Ana se virando para seu filho que conversava com meu pai no canto do quarto. Assim que Leonardo ouviu sua mãe veio obediente.
— Nós da esquipe de jovens da igreja, estamos felizes por você está bem. Eles queriam vir, mas iam encher o hospital. — ele riu. — Se você resolver ir até lá, eles ficariam muito felizes.
Aquele garoto era tão legal mais tão legal que dava até uma certa agonia. Eu queria dizer que não iria até sua igreja porquê eu realmente não queria, mas em vez disso agradeci com um sorriso no rosto e peguei o buquê de flores.
— Elisa, Leonardo é líder dos jovens da nossa igreja, lá tem vários jovens da sua idade, você vai adorar. O próximo culto será sábado, se você quiser ir eu mesma te pego em casa. — disse Ana com um sorriso no rosto.
— Deixa pra próxima. Acho que ficarei um tempo em casa. — menti. Ana me olhou como se lamentasse e assentiu.
O pessoal da igreja ficou um tempo no hospital até que decidiram ir para suas casas, mamãe e papai os acompanharam até a porta do hospital e eu aproveitei para checar algumas mensagens no celular.
Grupo Fexxxxtas
Elisa: Galera me atualizem, qual a próxima festa?
Marcela: Elisa, acho que não rola mais não. Você está bem? Soube do acidente.
Elisa: Fala sério Mah, tô ótima! Pronta pra outra.
PH: Rola mais não Elisa, a polícia quis saber de onde vinha a bebida que você tinha ingerido, te doparam, e tinha muito menor de idade na parada, sujou pra gente.
Rodrigo: Pode crê, vacilou Elisa.
Elisa: Estou lendo isso mesmo? Vocês estão me culpando pelo meu acidente? Como fui tola, vocês não prestam. Tô fora.Elisa saiu do grupo.
Eu não acreditei no que havia acabado de presenciar, meus amigos, nem tão amigos assim, colocaram a culpa em mim por causa do acidente que aconteceu comigo. Era muito pra mim e eu já estava farta.
Peguei o travesseiro que ficava na minha cabeça e soltei um grito abafado nele.
— O que foi Elisa? — mamãe e papai vieram correndo quando ouviram meio quase grito.
— Eu só quero ir pra casa. — falei sentindo uma multidão de sentimentos em mim e uma gota de lágrima que insistia em cair e logo caiu.
Eu só queria ir pra casa. Só ir pra casa.
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Oi querido leitor, tudo bem?
Espero que tenham gostado do capítulo, tadinha da Elisa...
Dêem a estrelinha e comentem o que estão achando.
Fiquem com Jesus,
xoxo,
A.Arrochella.
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Elisa: Uma garota de fé
SpiritualitéEsse livro conta a história de Elisa, uma garota que perdeu sua irmã mais velha em um acidente de carro quando ambas tinham apenas 7 e 12 anos, Elisa nunca mais foi a mesma, procurou coisas que suprissem sua profunda tristeza. Bebida, festas e confu...