Capítulo 3

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Elisa

Não me julgue, mas tem duas semanas que saí do hospital e fiquei duas semanas inteiras trancada em casa, eu só precisava de uma boa festa e música alta. Então foi isso que eu fiz.

Sai de casa sem acordar ninguém, já estava tarde da noite e meus pais já estavam dormido.

Quando cheguei ao estacionamento do prédio fui em direção ao carro do meu pai, o meu estava no mecânico por causa do acidente, então tive que usar o dele mesmo.

Chegando na festa fiz tudo que deveria fazer, dancei, cantei e bebi, só que menos desta vez não queria correr o risco.

Quando deu minha hora de ir embora senti uma mão no meu ombro.

Era um cara.

Tentei me soltar mas foi em vão, ele havia me segurado com força e eu estava medindo esforços para não chorar ali mesmo no meio da rua.

Eu não sei o que aconteceu mas o cara começou a gritar com ele mesmo dizendo que estava cego.

O que você fez? Você é uma bruxa! — ele gritou com as mãos nos olhos. — Eu estou cego, como isso aconteceu? Quem é você?

Eu não entendi nada, realmente pensei que ele estava brincando comigo. Limpei algumas lágrimas que ainda caiam no meu rosto e simulei um soco no homem, ele não reagiu, ele estava cego.

Sai dali correndo com medo do que havia acontecido. Eu estava louca, certeza. Era um sonho.

O cara estava prestes a fazer algo comigo e de repente ele fica cego.
Isso não pode ser real.

Entrei no meu carro correndo, dei a partida e fui para casa.

Aquela noite havia sido muito estranha. E eu tinha certeza que era um sonho ou aquele cara era um ator muito bom.

                         ___•___

Acordei com luz do sol invadindo meu quarto, abri os olhos e a primeira cena que veio na minha cabeça foi a de ontem.

Não foi um sonho. Foi real. Eu percebi quando tive que beliscar-me diversas vezes antes de entrar em casa ontem a noite.

Levantei-me da cama, escovei os dentes e desci rumo a cozinha.

— Bom dia filha. — mamãe disse assim que me viu entrar na cozinha. Beijou minha cabeça e estendeu uma xícara de café. — Dormiu bem?

Eu queria muito dizer à ela que eu havia saído de casa depois de sofrer um acidente de carro que poderia ter me deixado paraplégica, fui à uma festa e um cara que me assediou ficou cego de repente, mas ela não acreditaria, então eu só disse:

— Sim, muito bem.

Ela sorriu e fez um gesto para que eu começasse a comer.

— Você vai para a faculdade hoje né? — mamãe perguntou preocupada. — Ainda da tempo. Você entra lá às 09 horas, são 07h ainda.

Eu havia faltado muito às aulas da faculdade. Estávamos em março e as aulas começaram em fevereiro e eu havia ido apenas uma única vez, desse jeito iria reprovar o 2º ano.

— Vou sim, mãe. Vou começar a me arrumar. — eu disse fazendo mamãe abrir um sorriso e me abraçar de canto.

Eu no fundo no fundo só queria orgulhar meus pais do jeito que Marina os orgulhou.

Para variar nenhum dos "meus amigos" deu as caras para falar comigo, eles estavam lá na faculdade mas não moveram-se um músculo para virem falar comigo.

Eu pela primeira vez fiquei o intervalo das aulas sozinha, sem absolutamente ninguém para conversar.

— Oi Elisa, não sabia que estudava aqui.

Uma voz fez com que eu tirasse os meus fones de ouvido e olhasse para a pessoa. Era o filho da Ana, no qual eu havia esquecido o nome.

— Hãm... oi — falei tentando lembrar seu nome. Leandro. Luan. Lucas. Léo. —, Leonardo.

Ele sorriu e se sentou ao meu lado. Eu não entendi direito mas ele tinha algo diferente, não sei, algo brilhava nele, acho que seus olhos verdes que deixavam qualquer um meio tonto.

— O pessoal da igreja está ali. — ele disse apontando para um grupo de amigos que estavam rindo. — Quer conhecê-los?

Uma coisa era certa, eu não queria ficar sozinha, nem que eu teria que ficar com um monte de cristãos, eu não iria ficar só. Porque isso me tornava impotente e fraca e eu era tudo menos isso.

— Claro, por que não? — falei pegando minha mochila no chão e me levantando com ele.

Leonardo me apresentou para seus amigos que ficaram chocados ao me ver.

Não sabiam que a tal Elisa do acidente era a Elisa popular da faculdade, que dava festas e chegava bêbada em casa.
Bom, essa sou eu.

— Não sabia que você era filha da Gisele e do Jorge. — disse Ellen, uma amiga de Leonardo. — Nossa, eles são tão legais, são líderes dos meus pais, eles são tão usados por Deus. São verdadeiros exemplos.

Ouvir uma garota que eu nem conhecia falando assim dos meus pais foi estranho, parecia que ela conhecia meus pais melhor do eu. E isso foi totalmente humilhante.

Não sabia que meus pais eram "líderes" de alguém e que eram inspirações. A verdade era que eu não conhecia meus pais de fato porque eu nunca tive tempo para eles.

— Você vai na nossa igreja amanhã? — foi a vez de uma garota chamada Sofia perguntar, ela foi a que eu mais gostei de todas, tinha um jeito doce de falar e foi extremamente educada e gentil comigo. — Eu posso passar na sua casa amanhã, a gente se arruma juntas e vai. Você vai amar Lisa, de verdade.

Sofia era o tipo de garota que amava uma música, percebi quando vi seu caderno cheio de notas musicais e letras de músicas que eu nunca tinha ouvido falar.

Eu não podia dizer "não" com um monte de gente me olhando esperando alguma resposta, eu estava totalmente encurralada.

— Claro, pode ser divertido. — eu disse ganhando um abraço de Sofia e eu sorriso de todos.

A igreja não poderia ser tão ruim, não é?

E talvez, bem talvez, eles teriam a resposta para o episódio de ontem a noite.

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Oi querido leitor, tudo bem?

Espero que tenham gostado do capítulo, curtam e comentem.

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xoxo,
A.Arrochella.

Elisa: Uma garota de féOnde histórias criam vida. Descubra agora