O tempo passa, o amor não

Capítulo VII - Festas de 15 anos

Aperte play e acompanhe a leitura ao som de "Apenas Mais Uma de Amor - Lulu Santos (Cover Ana Gabriela)".

Anabela:

Nos acertamos e a partir daí nosso projeto de relacionamento estava um mar de rosas, só que não era sério ainda, sabe? Nunca sentamos e conversamos "ok, eu fico só contigo e tu só comigo" e eu sentia falta dessa conversa, mas era covarde o suficiente para não questionar. Vai que ele se assustava comigo?! Eu resolvi pôr à prova o sentimento e as intenções reais do Hugo por mim quando ele me disse que iria à festa de 15 anos de uma amiga dele.

Na tarde da festa eu saí para tomar sorvete com um amigo muito próximo meu, o Marlon. Os dois não se davam muito bem, já que o ciúme reinava entre ambos. O Marlon já havia se apaixonado por mim, porém foi algo breve, continuamos só na amizade. Quando cheguei em casa aproveitei a situação para plantar uma sementinha na cabeça do Hugo:

- Se você sentir vontade de ficar com alguém na festa hoje, fica.

- Como assim Ana? Por que tais falando isso? Aconteceu algo entre tu e o Marlon?

- Só estou comentando que pode ficar com quem tu quiser hoje. Não quero mais falar sobre isso, tá? Amanhã, depois que você me contar o que houve lá, conversamos.

Hugo:

Eu não compreendi o motivo pelo qual ela me mandou ficar com alguém na festa justo no dia que ela sai com um cara que já foi afim dela. Um cara que, sabendo que ela estava comigo, continuava falando coisas suspeitas para ela. Minha cabeça ficou a um turbilhão. Ela tinha esse dom, jogava uma bomba e enterrava o assunto. Isso me deixava maluco! Conversei com meu melhor amigo, Gabriel que iria à festa comigo. Eu só pensava que a única razão lógica para isso é que eles teriam ficado e, por ela se sentir culpada, queria igualar as coisas para os dois lados. Resolvi que iria chegar em alguém.

- Não viaja cara. Tu não sabe o motivo dela ainda, ela disse que vocês vão conversar amanhã, não disse? Então... Não faz besteira, tu gosta dela e ela gosta de ti. Se ela falar que ficou, aí amanhã tu vê se vai querer ficar com alguma guria e chama para sair, mas espera. – o Gabriel disse.

"Ele tem razão", pensei. Optei por esperar até o dia posterior, mas confesso que fiquei o tempo inteiro com as mensagens da Ana na cabeça. Quando cheguei da festa já logo mandei mensagem para ela não ficar preocupada, eu adquiri esse costume porque a Ana é muito protetora. Se ela não sabe que a pessoa está bem, ela não sossega. Quando chegou o domingo (dia após a festa) conversamos:

- Ficou com alguém? – questionou.

- Pensei em ficar, mas não fiquei. Agora me conta o porquê disso tudo.

- Eu precisava saber qual seria tua reação Hugo. Precisava saber se tu gostava e confiava em mim a ponto de eu falar uma frase suspeita e mesmo assim tu me respeitar. Eu não fiquei com o Marlon, foi meio que um 'teste'. As coisas ainda são subjetivas demais entre nós, sabe?!

- Pelo menos eu passei no teste... Mas eu confesso que senti vontade de ficar, o Gabriel que me aconselhou a manter a mente tranquila. Eu fiquei transtornado Ana, não compreendi. – respondi.

- Eu tô feliz que tu não ficou. Ele poderia dizer 'não fica' e mesmo assim tu ficar. Só me mostrasse o quanto vale a pena investir em ti.

E assim minha mente ficou mais sossegada e meu coração mais aquecido. Apesar de ela ter feito uma sacanagem comigo – eu considerei isso muita sacanagem pelo jeito que ela me deixou durante um dia inteiro – eu compreendi o lado dela. Eu sabia das histórias anteriores dela. A Ana já havia sido traída e não só por uma pessoa... Quando percebi os reais motivos dela compreendi que isso tudo não passava de uma forma de proteção e segurança que ela havia criado para si, como uma armadura. Se ela queria saber minhas intenções com isso é porque havia amor, ninguém quer saber do propósito do outro se a sua própria não for boa.