Cinco

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O movimento no Hill hoje está frenético, como é esperado de toda quinta-feira, pois, com a aproximação do final de semana, as pessoas começam a querer se divertir, comer alguma coisa diferente, confraternizar com os amigos.

Certamente há aqueles que não precisam de dia certo ou motivos para estarem aqui, mas essas caras conhecidas já nem chamam mais minha atenção.

Kiko me grita pedindo algo do freezer, e, no momento em que me encaminho para lá, encontro um garçom segurando uma bandeja repleta de asas de frango empanadas com molhos variados. O cheiro faz meu estômago roncar, e eu penso logo em comer, mesmo já tendo provado alguns dos quitutes desta noite na cozinha.

Sou uma garota boa de boca, como dizem de gente que ama comer. Eu passei muitos anos da minha vida me privando das coisas, com restrição alimentar por causa do meu problema no coração, então, penso que só estou compensando tudo o que perdi naquela época.

Pego o balde com o preparado de morango usado para fazer o frozen e o entrego ao Kiko, que parece atolado entre seus drinques e uma loira peituda sentada ao balcão. Sorrio ante a cena, pegando logo o pedido de outra margarita para fazer.

De repente vejo, na entrada do bar, Marlon pulando e gesticulando, mas tentando ser discreto – sem conseguir, claro – e olho na direção em que ele aponta. A recepcionista leva um grupo até uma das mesas da área VIP – que fica separada do resto do salão por vidros temperados. São três homens e uma mulher que – dá para perceber – faz casal com um deles, pois estão de mãos dadas.

São todos muito bonitos, e eu entendo agora a agitação do meu amigo na portaria. Olho para o Marlon e faço um joinha para ele, que volta a ficar sério – ou tentar – ao lado da recepção do bar, onde os clientes fazem cadastro e recebem seus cartões de consumo.

Volto a preparar meus drinques, porém, vez ou outra, meu olhar paira sobre a mesa VIP e seus ocupantes. Tenho a leve sensação de conhecer um dos homens sentados ali e, como sou uma lesada para ligar nomes a rostos, não duvido de que seja famoso.

Na semana passada esteve aqui, sentado de frente para mim, ao balcão, o lindíssimo Bernardo Novak, um surfista que já conquistou vários campeonatos – não que eu soubesse disso no dia – e que é um dos herdeiros da Novak Engenharia. Ele ficou aqui sentado, puxando assunto comigo todo saidinho, com seus olhos castanhos e seus cabelos rebeldes e levemente descoloridos pelo sol, e eu – mesmo me sentindo bem com a atenção de um homem tão bonito – o ignorei friamente.

Ao final da noite, Marlon comentou comigo quem ele era, e eu não pude acreditar momentaneamente, mas, depois que fiz algumas pesquisas na internet – como uma stalker –, descobri que era verdade o que meu amigo me dissera e que também Bernardo era reconhecidamente um galinha, sempre trocando de companhia e nunca assumindo nada sério com ninguém, mesmo já tendo 30 anos.

Dois Corações [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora