Quando Cai A Neve

Capítulo 2 - A Sobrevivente

     Chris tenta se levantar, mas é impedido pela mulher.
     – Hey, calma! Nós não vamos te machucar, está bem? - diz Chris.
     A mulher se mantinha em silêncio, apenas na defensiva.
     – Quem é você e o que faz aqui? - pergunta ele. – Eu sou Chris. Sou o dono dessa casa.

     Chace e Alyssa descem rapidamente.
     – O que está acontecendo aqui? - pergunta Chace.
     – Essa louca invadiu a casa e está ameaçando o Chris. - responde Sarah. – Ela deve ser alguma ladra.
     – Quem é você? - pergunta Alyssa à mulher.

     A mulher abaixa o pedaço de madeira que segurava nas mãos e sai de cima de Chris. Ela toma uma pequena distância.
     – Me chamo Alex! Alex Sobieski - diz ela, enquanto solta por completo o pedaço de madeira. – Eu não sou nenhuma ladra. Eu só estava me protegendo.

     Jason chega por trás de Alex e a prende em seus braços.
     – Agora você não tem mais pra onde fugir! - diz Jason, que segurava Alex fortemente.
     – Jason, para com isso, cara. Solta ela! - diz Chris. – Ela não é nenhuma ameaça.
     – Não? Ela pulou pra cima de você e quase te acertou com um pedaço de madeira. - diz Sarah.
     – Ela disse que estava apenas se defendendo.
     – Eu não acredito que você vai defender ela.
     – Sarah, eu não quero discutir com você, tá legal? Vamos ouvir o que ela tem à dizer.
     – Ah, que ótimo. Agora eu sou a errada. Tudo bem então. Vai em frente.

     Chris convence Jason a soltar Alex.
     – Eu não queria machucar vocês. Eu só estava com medo. - afirma Alex.
     – Medo? - pergunta Chace, intrigado.
     – O que aconteceu com você? - pergunta Chris. – Como você chegou aqui?
     – Eu vou contar, mas eu preciso que vocês acreditem em mim. - diz Alex.
     – Tudo bem. - responde Chris.

     Alex começa a contar. Ela aparentava estar cansada.
     – Eu e mais 2 amigos estávamos fazendo uma competição de snowmobiles por aqui perto. Queriamos nos divertir, esquecer dos problemas do mundo. Isso foi há três dias atrás. - afirma Alex.
     – O que aconteceu com eles? - pergunta Chris.
     – Eu vi meus dois amigos serem mortos, na minha frente. - Alex se emociona. – Alguma coisa bizarra, como eu nunca vi na vida, foi o responsável por isso. Ele usava uma máscara cobrindo todo o rosto. Era como uma máscara de gelo. Eles não mereciam aquilo. Não mesmo! Depois disso, eu fugi e corri procurando qualquer tipo de ajuda, mas não consegui. Eu caí dentro de um buraco e fiquei presa por 2 dias, sem conseguir sair de jeito nenhum. Foi então que eu ouvi uns passos vindo lá cima. Eu fiquei com medo, não sabia se era aquela coisa outra vez, mas gritei por ajuda. Era uma mulher. Ela me ouviu gritar por ajuda e amarrou uma corda numa árvore e jogou para que eu pudesse sair. Quando eu finalmente consegui sair, o corpo dela está estendido na neve, ensanguentado. Mas não tinha ninguém ao redor. Mas eu sabia que de certa forma, aquela coisa ainda estava por ali. Eu corri e foi então que encontrei essa casa. Tava tudo trancado, não tinha ninguém aqui. Eu subi pelo telhado e consegui entrar pela chaminé. Eu passei à noite aqui, pensando no que fazer e como ir embora com aquela coisa por aí na floresta. Aí amanheceu, e vocês chegaram. Eu fiquei com medo, pensei que ele tivesse me encontrado.

     Sarah se vira de frente pra Alex e começa à rir.
     – Ah, fala sério né garota? – É nisso que você quer que a gente acredite? - diz Sarah, irônica. – Faça-me o favor. Podia ter inventado uma historinha melhor, né?
     – Sarah, por favor, para com isso. - diz Chris.
     – Ah, amor. Vai me dizer que você acreditou nessa historinha? Ficou comovido, foi?
     – Já chega, Sarah! - grita Chris, irritado. – Para com isso!
     – Vai se ferrar! - Sarah vai até a escada e sobe irritada.

     Alex olha pra cara de todos. Ela sabia que eles duvidam de sua palavra.
     – Vocês também não acreditam em mim, não é? - pergunta ela, decepcionada. Ela vai até a porta
     – Alex, espera. - pede Chris. – Não é isso. É que tudo isso é muito confuso pra nós. Você precisa entender.
     – Ele tem razão. - diz Chace. – Não é que não acreditamos em você, mas por que alguém faria isso com seus amigos? A troco de quê?
     – Eu não sei. Eu juro que não sei. Tudo o que eu queria saber é porque eles. Eles não mereciam nada disso.
     – Olha, Alex. Você pode ficar um tempo com a gente se quiser. Ao menos até resolvermos o que fazer. - sugere Chris.
     – Se você quiser, eu posso te levar pra casa amanha. - diz Victor. – Alugamos alguns snowmobiles. Eu te levo e depois volto pra cá.
     – Então você aceita ficar conosco? - pergunta Alyssa. – Você estará segura aqui.
     – Muito obrigada! - diz Alex. – Se não for incomodar, eu aceito sim.
     – Incomodo algum. - diz Chris. – Bem-vinda, Alex!
     – Obrigada mais uma vez!
     – Vem comigo. Eu te levo até lá em cima. - diz Alyssa.
     – Tudo bem! - Alex e Alyssa sobem.

     Chris, Chace, Katrina, Victor e Jason se olhavam.
     – O que foi tudo isso? - pergunta Jason? – Vocês acreditaram nela?
     – Ah, talvez ela sofra com algum transtorno mental, sei lá. - ri Katrina.
     – Ela me pareceu bem sincera. - diz Chris. – E ela realmente estava muito assustada. Não acho que inventaria tudo isso.
     – Ah, não sei não. - diz Chace. – Ela também me pareceu ser bem sincera, mas é bom ficarmos de olho.
     – Ele tem razão! - diz Victor. – De qualquer forma, ela só ficará até amanhã mesmo.

     Alyssa leva Alex até um dos quartos. Sarah estava bem na porta, encarando Alex.
     – Alex, não liga muito pra isso da Sarah, tá bem? - diz Alyssa. – Ela é uma boa pessoa, só é um pouco intensa demais as vezes.
     – Tudo bem! - diz Alex. – Ela tem o direito de não acreditar em mim.
     – Eu vou lá em baixo ajudar a Katrina com a comida. Fique à vontade, está bem?
     – Tudo bem. E... Obrigada mais uma vez.
     Alyssa sorri e vai embora.

     Um avião que havia decolado em Winnipeg, com destino final em Orangeville, aterriza no aeroporto internacional da cidade. Jim desce do avião. Ele carrega com si uma mala.

     Jim vai até uma cafeteria. Ele pede à atendente um copo grande de café. Ele senta numa mesa. Jim pega seu celular e vê que tem algumas chamadas perdidas.

     Uma mulher se aproxima de Jim. Ela estava usando um casaco apertado, de um preto brilhoso, que ia até os pés e estava abotoado até o pescoço. A única coisa visível por baixo dele era um par de botas pretas. O rosto estava pálido, e os olhos, maquiados. Nos lábios, um forte e chamativo batom vermelho. A mulher se senta na mesa de Jim. Ela o encara fixamente com os olhos.
     – Posso ajudar? - pergunta Jim, que tomava seu café. – Você quer alguma coisa?
     – Sim! Você! - responde ela, abrindo um largo sorriso.
     – Como é?
     – Prazer, Eliza Fields! - ela estende sua mão à Jim, na intenção de comprimentá-lo.
     – Jim Magui-. - ele é interrompido.
     – Jim Maguire. Eu conheço você. Venho da Divisão de Pessoas Desaparecidas.
     – Ah. É claro! Você é a minha parceira no caso.
     – A própria! E você é o queridinho de deputado Wilden, não é?
     – O quê? Não é bem assim.
     – Ah não? Porque me deixaram bem claro que ele tinha preferência em você pra assumir o caso.
     – Olha, isso é uma longa história. Não estou afim de entrar em detalhes sobre isso com você.
     – Está bem! Como quiser!
     – Agradeço!
     – Olha, Jim. Me desculpe por essa minha apresentação um tanto 'inusitada'. - diz Eliza, enquanto tira um pequeno espelho da bolsa e remove todo o batom dos lábios. – Eu estava testando você!
     – Me testando? Com o quê?
     – É que eu queria saber se você seria mais um como os últimos idiotas que trabalhei.
     – Pode ser mais específica?
     – Muitos acham que por eu ser uma mulher, não mereço o cargo que exerço. Ainda é difícil pra eles acreditarem que uma mulher não é mais apenas um rostinho bonito. Somos tão qualificadas quanto vocês, homens. Direitos iguais!
     – Bom, quanto à isso, fique tranquila, Eliza. Posso te assegurar que não sou desse tipo. Eu reconheço bem o potencial e força de uma mulher assim como você.
     – Fico muito feliz em ouvir isso!
     – É, agora eu preciso ir! - diz Jim, olhando no relógio em seu pulso.
     – Ah, mas é claro. Vai lá! A propósito, foi muito bom te conhecer, Jim. Algo me diz que formaremos uma grande dupla.
     – Também acho que nos daremos bem! Vamos contar com isso! Até breve, Eliza!
     – Até!

     Jason coloca um casaco e uma toca e vai até a porta.
     – Hey cara, aonde você vai? - pergunta Chace.
     – Vou dar uma volta por aí. Não viemos aqui pra ficar trancado dentro de casa, não é? Vocês deviam vir comigo.
     – Acho que você tem razão. - diz Chace, se levantando. – Você vem, Chris?
     – Não. Mas obrigado! - responde Chris.
     – Ah, cara. Vamos lá! Se anima um pouco. Nós viemos mais por você!
     – Tudo bem. Já que insistem, eu vou com vocês.
     – É assim que se fala! E você, Victor, vem?
     – Não. Podem ir. Eu tô com fome demais pra andar.
     – Não demora, tá amor? - diz Alyssa à Chace. – Não aguento ficar muito tempo longe de você.
     – Pode deixar! Não demoro. - Chace e Alyssa se beijam.

     Chris, Chace e Jason vão até a porta e saem.
     – Cuidado com o assassino da máscara de gelo. - grita Katrina, aos risos.
     – Ah, pode deixar. O pai aqui cuida bem deles. - responde Jason, irônico. Eles vão embora.

     Alex observa Chris, Chace e Jason pela janela do quarto. Ela sabia que era arriscado eles saírem, mas não tinha nada que ela pudesse fazer.