PRÓLOGO

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     Um celular tocou repeditamente. O som se repetiu outras cinco vezes até Jim finalmente atender.
     – Alô? - diz Jim, ainda deitado na cama, pois havia acabado de acordar com o toque do celular.
     – Meu caro Jim... Quanto tempo, não é? - diz uma voz masculina.
     – Deputado Wilden?
     – Sim, meu caro. O próprio! Como tem ido nesses últimos anos?
     – Não acho que se importe com isso. Diga logo o que você quer.
     – Está bem. Vou direto ao ponto. Preciso de seus serviços.
     – Pensei que tinha dito que não precisaria de mim nunca mais.
     – É... Digamos que sim. Mas as coisas mudaram muito por aqui. Orangeville não aparenta estar tão segura.
     – E aonde é que eu entro nessa história?
     – Estou prestes a ser reeleito como deputado, e não posso permitir que suspeitas de assassinatos prejudiquem minha reeleição.
     – Assassinatos? Em Orangeville?
     – Pessoas tem desaparecido de uns tempos pra cá. Alguns próprios moradores e outros apenas turistas. Isso está causando preocupação as suas famílias. E não conheço ninguém melhor que você para cuidar disso, Jim. Você foi muito discreto quando descobriu que minha esposa estava me traindo. E é disso que preciso agora. Não vou permitir que isso se torne um escândalo público e destrua o meu mandado.
     – Mas por que eu faria isso por você?
     – Porque você me deve isso, Jim! Não se lembra de quantas vezes eu te encubri? Não seria conveniente pra você que suas histórias do passado viessem à tona. Não agora que você se tornou um grande investigador.
     – Você não seria capaz...
     – Pode acreditar que sim!

     Jim estava em silêncio, apenas escutando as ameaças de Wilden. Ele aparentava estar irritado, como se não tivesse outra escolha a não ser acatar o pedido do deputado.
     – Está bem. - diz Jim, pressionado. – Eu chego aí amanhã!
     – É assim que se fala, meu caro. - diz Wilden, irônico. – Ah, caro Jim. Digamos que você terá uma pequena ajuda. Quer dizer, isso se ela for capaz de te ajudar.
     – O que quer dizer com isso?
     – Uma mulher se ofereceu pra trabalhar no caso antes que eu pudesse falar com você. Então decidi que vocês trabalhassem juntos. Mas entre nós... Sabemos que uma mulher não daria conta de um caso como esses. É seu dever fazer com que ela preste pra algo. Se não, faça o que quiser com ela.
     – Você não mudou nada, não é mesmo? Continua o mesmo arrogante e prepotente de antes.
     – O que posso fazer, meu caro? Isso está no meu DNA. Estarei te aguardando amanhã.
     Jim desliga o celular sem dar mais nenhuma palavra.

     Jim levantou da cama e se vestiu. Ele escovou os dentes, tomou um banho e começou a colocar suas coisas dentro de uma mala grande. Ele segurou nas mãos seu diploma de investigador e manteve o olhar fixo. Ele colocou o diploma na mala com seus outros pertences.

Quando Cai A NeveOnde histórias criam vida. Descubra agora