•두•

78 14 6
                                    



Olá, parece que nos encontramos novamente, apesar de ter passado muito tempo. Eu realmente peço desculpa mas de facto estive muito ocupada com a escola e outros assuntos.

Espero que esteja tudo bem com vocês e uma boa leitura.

.

.

.

     6h50m.O alarme toca. E mais um dia merda começa. Acordo e uma vontade enorme de morrer paira na minha cabeça.

     Não quero ir para aquele inferno de novo, eu odeio-o com todas as minhas forças. Será que ninguém entende isso? A verdade, é que ninguém entende mesmo, ou se entendem é apenas a fingir. Só "entendem" para estarem a par da tua vida, ou simplesmente para te esfregarem na cara que os seus problemas são muito piores que os teus. E que, isso que sentes, é puro drama, apenas para chamar a atenção e alguém se preocupar contigo. Estou tão cansada daquelas pessoas, gostava de desaparecer e nunca mais voltar.

     Quando dou por mim já os meus olhos estão inchados e perdi 10 minutos. Vou ao guarda- roupa e escolho a primeira roupa que vejo. O que importa estar bonita se mesmo assim haverá sempre alguém que encontra algum defeito qualquer. Eu não me importo muito com isso mas torna-se esgotante estar sempre a ouvir o mesmo ou ter todos a olharem para mim, não de uma forma positiva claro. Ouço coisas como "Ai AMIGA como tas bonita, amei", viro costas e o "tas bonita" muda para "Já viste como ela está ridícula hoje?!Mas também estava-mos á espera do quê? É da s/n que estamos a falar". Que gente falsa, até acho que a própria falsidade tem inveja deles, e pior, alguns pensam que eu nem ouço mas também faço para isso. Não lhes posso mostrar a minha fraqueza, dessa maneira iam-me por ainda mais para baixo ou iam-se aproveitarem de mim. Outros poupam trabalho e perguntam logo "Então s/n, qual é o funeral que vais hoje?" Nem lhes respondo, nem vale a pena, ainda que vontade não me falte.

     E mais uma vez me perdi. Olho para o relógio e já são quase 7:30.Acabo de me preparar por completo e de seguida faço a minha mochila. Uau que maravilha, hoje vai ser um dia preenchido e ainda por cima só saiu as 18:30, ai que bom como eu estou feliz, mais tempo naquele lugar fantástico (ironia).

     De repente começo a ouvir barulho vindo do quarto dos meus pais, isso significa que já são mais ou menos 7:55 e que o meu pai se está a preparar para me levar.

s/p (seu pai)- Então s/n? Já tás pronta? Já são quase 8, se não formos agora, vamos apanhar transito e ainda tenho que voltar pra vestir o teu irmão.

s/n- Eu já tou pai, só me falta buscar alguma coisa pra comer.

     Vou até à cozinha, dirijo-me ao armário, abro a prateleira e retiro aleatoriamente um pacote de bolachas. Desta vez saiu-me as do meu irmão, ele não se vai importar se eu as comer. Não gosto de comer de manha, fico sempre muito enjoada mas como os meus pais me obrigam a comer, tenho que o fazer.

     O caminho para a escola não é longe, tanto que por vezes dá a impressão que acabei de entrar no carro e quando dou conta já estou no meu destino.

     Chego e um monte de olhares cai sobre mim. Eles cortam me como laminas. Muitos nem conheço, contudo sinto cada um deles, sinto o seu desprezo. Nesses momentos parece que o tempo pára e o meu corpo se torna como pedra, fica imóvel, nem as minhas pernas respondem.

     Esforço-me para arranjar forças. Coloco o meu capuz e tento sair rapidamente dali. A cada passo que dou, o número de olhares vai aumentando. Será que não posso sair de casa? Sou tão invisível para umas coisas e para outras sou o centro das atenções. No entanto, já me devia ter habituado a isto, é sempre o mesmo.

     A campainha toca e as aulas começam. Entro e vou para o meu lugar. Ainda bem que ele é lá atrás de tudo, não queria estar nem muito na frente nem no meio, nem muito menos acompanhada com alguém, quanto mais isolada melhor. Não preciso de me misturar com eles.

     As aulas passam a um ritmo extremamente lento. Quando é que eu vou sair daqui? Não aguento mais. Não só por ser uma seca mas também porque não quero estar aqui.

     Mas na verdade, isto nunca foi assim. Eu antes gostava de ir para a escola. Antes tinha amigos. Antes tinha um grupo. Pelo menos ainda tenho o Arthur, apesar de já não convivermos como conviviamos ou de falar como falávamos. Não que seja mau de todo ,porque acontece a todos os casais, existe sempre uma fase onde estão mais afastados, porem o sentimento é igual. Ainda o amo da mesma maneira que o amava à um ano atrás. Ele importa-se tanto comigo, é por isso que não lhe posso contar sobre os meus problemas ou do que se passa, ele iria ficar muito mal. E pior, nem consigo imaginar a reação dele ao saber que a namorada está com isto tudo na cabeça e não confia nele nem para desabafar. Não é que eu não confie, é só que, não o quero chatear. Ele já tem as coisas deles, os problemas dele, não precisa de mais um.

Still Alive ||Yoongi|| (Livro1)Onde histórias criam vida. Descubra agora