Segurança na insegurança

172 8 0
                                    



Acordei exausta e como de costume fui ao banheiro, tomei meu café da manhã, coloquei o uniforme, peguei minha mochila e fui para o ponto de ônibus esperar o transporte escolar que deveria passar ás 07h20min. Minha vontade naquele momento era de voltar para casa e dormir até o meio dia e ficar fazendo nada durante a tarde, mas infelizmente existe uma coisa chamada "mãe" e sem querer, tenho que obedecê-la.

No momento em que resolvi escutar uma música senti alguém tocar meu ombro e comecei a suar frio, preocupada não sabia quem era e virei brutalmente para trás, e felizmente era só a Catharina. Catharina é uma das minhas "únicas" amigas dessa maldita escola, ela possui olhos verdes, cabelos loiros e um sorriso lindo e brilhante, além disso, ela é uma garota muito fofa e sempre escolhe os melhores caminhos da vida.

-Bom dia Catharina, você assustou-me quando pôs a mão no meu ombro, mas felizmente era só você! – Falei plenamente aliviada.

-Uai Sofia, sempre espero ônibus com você, quem poderia ser? –Perguntou Catharina sem entender nada.

-Sei lá, poderia ser um estranho qualquer! – Expliquei nervosamente.

-Calma Sofia, não precisa ter medo, você sabe que aqui todos nós somos conhecidos. –Explicou Catharina calmamente.

Conversamos mais um pouco, mas antes de terminarmos a conversa o ônibus chegou. A viagem demorava em torno de 40min, o que para mim era uma eternidade. Sentei com um aluno que eu nem conhecia ainda e resolvi puxar um papo sobre qualquer coisa.

-Oi. Você é do primeiro ano? –Perguntei, olhando para a janela.

-Sou, e você também é? –Perguntou, sem nenhum interesse em conversar comigo!

-Sim! Ah, desculpe-me, meu nome é Sofia e o seu? – Falei tranquilamente.

-Bruno, prazer! –Disse irritado.

-Aconteceu algo? Você está muito irritado e fazendo uma cara feia! Perguntei extremamente preocupada.

-Você não sabe o que é levar um soco na barriga, mas ainda bem que está passando, só estou irritado por causa do que fizeram comigo. -respondeu aliviado.

Naquele momento, percebi que não era somente eu que sofria com os vacilos dos "amigos".

-Ah, isso não é nada, você não sofre de cólicas todo mês e além do mais você nunca vai ter um filho, você nunca vai sentir dor de verdade. –Falei friamente.

-Não vou, mas eu tenho que fazer serviços mais pesados e isso também me prejudica, além de ficar com dor nas costas e, além disso, você nunca vai ficar com dor por causa de trabalho. –Disse, encarando o meu olhar.

Como o ônibus já havia estacionado, eu precisava correr para a sala de aula o mais rápido possível para não perder a aula de artes.

-Ah, tenho que ir, minha professora vai me deixar do lado de fora, tchau. –Falei, pegando minha mochila e saindo correndo ônibus.

Por sorte cheguei alguns minutos antes da professora, mas me dei conta que eu tinha esquecido de pegar umas coisinhas no armário. Mas enfim, naquele momento, nada poderia ser feito, não iria poder sair da sala mesmo.

-Bom dia turma! –Disse Karolina, professora de artes.

-Bom dia! Respondeu em coro a turma toda.

- De acordo com o que vimos na aula passada sobre às obras de arte, hoje vou separa-los em grupos para a produção das telas. – Disse, pegando alguns papéis que estavam em sua mesa.

Naquele momento, pensei que eu fosse a única a ficar sem grupo, o que não era raro. Todos os trabalhos e provas em duplas eu fazia sozinha, o que era chato, apavorante e triste.

-Grupo1: Fabiana, Juliano, Elivelton, Sofia, Simon e Catharina, se juntem lá fora e façam uma tela de uma paisagem natural. –Falou, ordenando a nossa saída.

Minha vontade naquele momento era de sair correndo e pular do terceiro andar, não sei o que havia acontecido, mas só vinham palavras ruins na minha mente de que aquilo não daria certo.

-Gente, eu amo pintar, vocês poderiam me deixar pintar né? –Perguntei animada para o grupo.

-Você? – Perguntou Fabiana.

-Nem pensar Sofia, você não tem talento pra isso. –Falou raivosamente Catharina.

-Mas Catharina... Você sabe que eu pinto bem. –Falei com lágrimas nos olhos.

-Não sei de nada! –Exclamou Catharina.

-Sua função aqui é lavar pincéis querida, vai fazer sua obra no banheiro e na pia, lavando e secando os pincéis. –Disse Juliano, sem dó, nem piedade.

-Isso aí, onde já se viu querer mandar em tudo aqui! Você não passa de uma garota ridícula. –Disse Elivelton, pegando pelo meu braço!

Meu corpo tremeu, meus olhos estavam ficando cada vez mais escuros, tudo girava, as palavras tomavam conta de mim, e tudo que eu queria era sair correndo pra bem longe dali, eu queria morrer!

-Sofia, acalme-se! Você é boa sim, e faça o que eles querem, não arrume confusão por causa de um pincel, você vai ter oportunidades melhores do que esta. –Disse Simon, olhando nos meus olhos.

-Sai – gritei e sai correndo em direção ao banheiro feminino que ficava no segundo andar do prédio.

Fim do primeiro capítulo!

Ao acasoOnde histórias criam vida. Descubra agora