Lágrimas de Sangue

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Segui diretamente para o banheiro, sem dar ouvidos a ninguém. Minha cabeça doía muito, meus olhos estavam ficando escuros e meu rosto coberto de lágrimas.

Ao chegar ao banheiro entrei na última cabine e tranquei a porta, sentei-me no chão e comecei a chorar, com raiva cravei minhas unhas grandes em meus braços e nem percebi que estavam a sangrar.

O tempo passou, e o movimento no banheiro havia se enfraquecido, era o momento da limpeza, e percebi que alguém iria notar minha presença ali. Imediatamente alguém bateu na porta da cabine que eu estava.

-Ei, quem está ai?- perguntou alguém do outro lado da porta.

Sem identificar de quem era a voz, apenas percebi pela brecha da porta, que era um faxineira pelas roupas que usava.

Sem vontade e pelo choro ofegante não respondi a faxineira.

-Você está passando mal? –Perguntou novamente a voz atrás da porta.

-Deixe-me aqui- responde baixo e com a voz rouca.

-Mas, precisamos limpar e você precisa sair daqui. -Falou a voz novamente.

-Não sairei daqui. –Respondi vigorosamente.

-Vou ter que chamar a direção no seu caso. –Respondeu a voz, com passos rápidos e violentos.

5 minutos após, senti alguém chegar e se direcionar até a minha cabine com passos lentos e profundos.

-Sofia, está tudo bem? –Perguntou alguém da direção, e pelo visto e pela voz era a Daniely.

Naquele momento senti uma pontada de desespero, eu não podia sair dali naquela situação. Quando me dei conta vi que meu braço estava sangrando e já tinha respingado pelo chão e pela sorte não havia sujado minha roupa, apenas peguei papel higiênico e limpei tudo, inclusive o meu braço, mas nesse caso tive que enrolar para que parasse de sangrar.

-Sofia, vamos você precisa sair daqui. –Disse novamente Daniely.

-Não quero e não vou sair! –respondi com a voz rouca.

-Sofia, se quiser chorar ou conversar a gente vai precisar sair daqui. –Respondeu friamente.

-Não. –respondi com raiva.

-Sofia, se você não sair teremos que arrombar a porta. -Respondeu Daniely.

-Já disse que daqui eu não saio! –responde vigorosamente.

-Sofia, vou ter que ligar para seus pais e pedir permissão para retirar você de onde está! –respondeu discando alguns números no celular.

-Espera... Eu saio, mas não ligue para os meus pais. –respondi rapidamente.

-Tudo bem Sofia, agora saia. –respondeu colocando o celular no bolso.

Quando eu sai, abracei Daniely com força e pedi desculpas por causar aquela confusão no banheiro, desculpei-me também para as faxineiras e segui para a sala da direção.

Com minha blusa de frio Daniely não percebeu que meus braços estavam cortados e arranhados, o que me favoreceu naquele momento.

-Bom, agora podemos conversar tranquilamente. O que aconteceu Sofia? –perguntou Daniely olhando em meus olhos.

-Nada. – respondi brevemente.

O silêncio percorreu pela sala e Daniely continuava a me encarar, significando que minha resposta era absurda demais para eu ter me trancado no banheiro.

-Tudo bem, acho que isso não te convenceu! –respondi com a voz baixa.

-Não mesmo. –respondeu intrigada.

-Acho melhor não falar sobre isso agora, estou muito abalada e não quero conversar. –Respondi lentamente.

Instantaneamente comecei a chorar novamente, meu rosto já estava muito vermelho e inchado.

-Vamos fazer o seguinte, vou deixa-la quietinha na sala da diretora que hoje não veio à escola. Qualquer coisa é só chamar, tudo bem? –perguntou olhando em olhos.

-Tudo bem. – respondi ofegante.

-Assim que se sentir melhor conversamos mocinha. –Disse Daniely fechando a porta da diretoria.

Comecei a chorar muito sem parar, fiquei mais ou menos uma hora na sala sem ninguém, até que minha paz foi quebrada. Alguém bateu na porta e abriu.

-Licença Sofia, você está melhor? –Perguntou Ema.

-Não o suficiente. –responde com um olhar de desprezo.

-A Daniely teve que sair, mas ela já volta. Enquanto isso ela pediu para eu tomar conta de você e ver como está! –respondeu sinceramente.

-Eu não me importo, não quero ser vigiada. –respondi francamente.

-Olha, você precisa de algo? –perguntou franzindo as sobrancelhas.

-Quero falar com Milena, a Mili. –respondi enxugando o rosto.

Fim do segundo capítulo!

Ao acasoOnde histórias criam vida. Descubra agora