A dor não dói!

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Quando Mili chegou eu estava enxugando novamente minhas lágrimas, quando ela entrou veio diretamente ao meu encontro e me abraçou. E novamente a porta da direção foi fechada.

-Eu vi o que aconteceu Sofia, mas, você não pode ficar assim, precisa dar a volta por cima. –Disse olhando preocupada para mim.

-Se fosse fácil falar Mili, estou cansada de tudo o que acontece. -Respondi com um olhar frio.

Mili olhou para mim estranhamente e disse, mudando de assunto:

-Sofia, você está suando e está muito quente, tira essa blusa de frio. –Disse encostando-se a meus braços.

-Ah é verdade Mili, vou tirar a blusa. –Falei retirando a blusa.

Eu não lembrava naquele momento que meus braços estavam machucados e quando retirei a blusa, Mili ficou espantada.

-Meu Deus, o que é isto no seu braço, um monte de papel higiênico. – Disse assustada.

-Não é nada. -Respondi tampando o meu braço

Mili nem esperou eu falar direito, foi em direção ao meu braço e desenrolou todo o papel higiênico e logo percebeu os cortes rasos no meu braço.

-Sofia!!! O que você fez? –Disse apavorada.

-Mili. Eu fiquei com raiva e nem percebi, que, minhas unhas me cortaram. –Falei, voltando a chorar.

-Calma Sofia, eu vou fazer um curativo, OK? –Perguntou enxugando minhas lágrimas.

-Tudo bem, mas, não conte a ninguém. –respondi com um sorriso amarelo.

-Pode deixar, vou respeitar seu silêncio. –Disse pegando uma caixinha de primeiros socorros que havia na sala da direção.

-Obrigada. –respondi aliviada.

Mili fez todo o curativo, limpou todo o sangue que havia, passou um produto para limpar a ferida e tampou com gases e esparadrapos. Logo em seguida, colocou tudo de volta no lugar, jogou os gases sujos na lixeira e voltou-se novamente para mim.

-Agora temos que ir, logo os ônibus chegarão! –Disse pegando minha blusa.

-Como assim? Ainda são 11 horas e 40 min! –Falei olhando no relógio.

-Sim Sofia, porém hoje vamos sair mais cedo, tem reunião mais tarde em outro Campus. -Respondeu pegando algumas coisas dela no balcão.

-Mas é em outro Campus! - Respondi meio desconfiada.

-Nem sei direto, é um negócio de todos os Campi! -Respondeu virando-se para mim.

-Que bom, assim terei menos um dia estressante na escola. – Falei olhando para o chão.

-Sofia, a nossa conversa ainda não acabou por aqui, vamos conversar melhor outro dia. –Respondeu me abraçando imediatamente.

-Obrigada Mili, por tudo que tem feito por mim, te amodoro! –Respondi com lágrimas nos olhos.

-Sem chorar em, também te amodoro! Ah, e você lanchou? –Perguntou novamente.

-Não, fiquei tanto tempo aqui que perdi a noção do tempo, mas, sem problemas, tenho uma maça na bolsa. –Respondi pegando minha mochila que Mili trouxe.

Quando sai da direção agradeci e pedi desculpas pela confusão a Ema que estava sozinha na antessala da direção. Ao sair do prédio administrativo fui completamente cercada de olhares de minha e de outras várias turmas. Muitos me abraçavam e perguntavam como eu estava, mas nem liguei muito para isso.

Fui até o bebedouro para beber um pouco d'água antes de o ônibus chegar e me assustei quando olhei, lá aparecia o meu reflexo e estava mais horrível do já sou. Meus olhos estavam muito vermelhos, quase roxos, meus braços estavam com curativos, meu cabelo todo bagunçado e minhas roupas esfarrapadas e amassadas.

Quando o ônibus chegou, fui para o lugar mais afastado do fundo para que eu pudesse ficar sossegada e dar um jeito na minha aparência durante a viajem que iria seguir. Com alguns cosméticos em minha bolsa consegui melhorar o meu rosto, penteei meus cabelos, coloquei a blusa de frio e fui calmamente para casa.

Ao chegar a minha casa, tirei minha roupa, me enrolei na toalha e fui diretamente tomar banho para estudar para as provas dos dias seguintes, me lavei bastante e felizmente toda a maquiagem saiu e meus olhos já estavam normais, meus braços estavam cortados em alguns lugares e uma perguntou brotou em minha mente, "O que vou dizer a minha mãe?", naquele momento eu não sabia como iria responder, mas com certeza inventaria uma desculpa bem cabeluda.

Cheguei a meu quarto, coloquei um short bem confortável e uma blusa cinza de malha, sem manga e meu chinelo favorito. Fui até o armário e peguei alguns curativos. No momento em que estava a limpar de novo, minha mãe Eloá apareceu na porta.

Fim do terceiro capítulo!


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