O plano

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-Mãe, você não quer o meu bem? –pergunto eufórica.

-Quero filha. –diz minha mãe.

-Então vai pagar caro por isso. –falo com raiva e volto a andar.

Minha mãe não conversou mais comigo, fomos para casa e já era tarde, ela me entregou os remédios e coloquei em minha cômoda. Peguei o de tarja preta e comecei a ler a bula.

"Em caso de superdose o medicamento pode causar transtornos no paciente (tremedeira, batimentos cardíacos letais, vomito, convulsões, perda de memória ou morte), recomenda-se ligar para o número citado acima em caso de superdosagem ou levar o paciente o mais rápido possível para o hospital mais próximo."

Comecei a pensar, a única maneira que eu poderia morrer em paz seria tomando esses remédios, e é isto que eu vou fazer, não aguento mais.

"Todos vão sofrer por causar minha morte."

Coloquei o remédio dentro de uma bolsinha e coloquei dentro da minha bolsa, semana que vem na quarta-feira este remédio entra em ação.

O fim de semana passou rápido, não tive nenhuma ocasião legal, não, estou mentindo, eu vi Noah. Sinto algo diferente nele, uma paixonite talvez. Mas isso não me importa mais, vou morrer, ele não me namoraria por três dias e depois iria sofrer com minha morte.

***Segunda-Feira***

Preciso estar com tudo planejado para a minha morte, não posso deixar ninguém estragar meus planos, tenho que enganar o chato do psicólogo.

Peguei meu celular, preciso mandar mensagem para uma pessoa que me ajudou muito, que sempre esteve comigo, Victor!

"Victor, agradeço por tudo que fez por mim, você é um anjo, mas não aguento mais. Adeus!"

Mandei a mensagem, Victor logo visualizou, mas não falou nada, coloquei o celular no bolso e fui assistir as apresentações, isso seria ótimo, ninguém estaria nas salas, em plena semana cultural, todos estariam no auditório.

Ao sair da sala, percebo que há ligações perdidas em meu celular, abro e vejo que são de Victor, dez chamadas perdidas, mandei uma mensagem.

"Victor?"

Ele lê e me liga. Vou para a grama e atendo-o.

-Oi Victor. –falo.

-Sofia, por favor, tira essa ideia da cabeça. Você não pode se entregar. –fala Victor desesperado.

-Victor, desculpe-me, mas eu já não aguento sofrer, você não vai me fazer mudar de ideia. –falo triste.

-Sofia, por favor, você não sabe o que está falando. –fala Victor.

-Eu sei sim Victor, e não adianta me ameaçar que vai ligar para alguém, já resolvi tudo. –falo com raiva.

-Sofia, me escuta pelo amor de Deus! –fala Victor.

-Tchau Victor. –falo desligando o celular.

Desligo o celular e começo a chorar, fico triste por ter magoado o Victor, ele seria única pessoa nesse mundo que eu poderia contar, além do Noah. Pego meu celular e vejo algumas mensagens de Victor.

"Tire essa ideia da cabeça, por favor."

"Pense nos seus amigos, na sua família, em mim..."

Não aguento e desligo celular, tudo esta marcado conforme eu quero, vou até o hall e procuro o horário da quarta-feira. Apenas apresentações no auditório. Perfeito!

Só tem mais uma pessoa que quero avisar, meu professor de História! O nome dele é Igor, uma pessoa muito especial, que me entende e sempre está comigo, mesmo com minhas notas baixas, já conversei algumas vezes com ele.

Fui até a sala dos professores e bati na porta.

- Com licença, Igor posso falar com você? –perguntei envergonhada.

-Pode ser depois? –perguntou.

-Sim! –falei e fechei a porta.

Percebo que Igor está ocupado, mas não tem problema, falaerei com ele ainda hoje, a aula dele será para ensaio.

Quando ele chega à sala, pede para irmos ensaiar, no estou no teatro e já terminei a parte do cenário. Vou até Igor.

-Oi Igor. –falo tímida.

-Oi, desculpa não te atender, estava ocupado. –fala chateado.

-Tudo bem, só quero agradecer por tudo que fez por mim, eu não aguento mais... -falo sendo interrompida.

-O que você quer dizer? –pergunta curioso e confuso.

-Quarta-feira você vai saber... –falo saindo de sua beira.


Fim do décimo quinto capítulo!

Ao acasoOnde histórias criam vida. Descubra agora