#05

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Jeno estava na minha frente, e me encarava. Não sei o que diabos ele fazia ali, só sei que aquela situação era estranha.

Respirei fundo antes de passar por Jeno, esbarrar em seu ombro e adentrar a casa. Precisava me concentrar na festa e em fazer Jisung e Chenle se beijarem. Renjun tinha, levemente, estragado minha noite, e eu não sabia como fazer de conta que aquilo nunca aconteceu. Haechan tocou meu braço e tentou dar seu melhor sorriso. E devo confessar, quando ele sorri, eu tenho medo.

 
- Vá dançar, Min - Haechan sugeriu - ou você quer uma bebida?

- Quero apenas ser beijado por Jeno - suspirei e andei até Chenle, que estava sentado no sofá. Sentei-me em seu colo e o encarei.

- O que houve, Min? - arregalei os olhos - além de Renjun ter aparecido.

- Jeno estava lá fora também.

- O que ele fazia lá?

- Não tenho ideia. Eu me virei para voltar para a festa e ele estava lá, me encarando.

- Devia estar esperando Jisung voltar - ele murmurou.

- Como é? - Chenle riu baixinho.

- Eu conversei com Jeno quando você e Haechan desceram aquela hora - ele molhou os lábios - ele veio me perguntar se eu havia visto Jisung, para falar a verdade.

- Por quê ele foi falar justo com você? - abri a boca e depois a fechei, sorrindo em seguida - ele sabe que algo está rolando entre vocês dois.

- Para de ser ridículo, Jaemin. Eu era a pessoa mais próxima de Jeno naquele momento.

- Vamos voltar ao que interessa - disse - o que mais ele falou?

- Disse que Jisung havia saído para pegar um casaco no carro e estava demorando para voltar.

- Jeno por acaso é o namorado de Jisung para perguntar essas coisas grudentas? - gargalhei. E foi então que tudo fez sentido: Jeno sempre andava mais com Jisung, o olhava daquela forma graciosa e parecia não se importar com as garotas em volta dele.

- Minnie - Chenle me chamou - você é pesado - levantei-me do colo dele e respirei fundo.

- Vou tomar um ar - respondi e andei até o jardim na frente da casa. Não me preocupei em pedir licença, apenas saí empurrando esses malditos pelo corredor.

Estava ficando cada vez mais complicado voltar à mim, e quando percebi, estava ao pé da calçada. Foi quando ouvi um grito grave e olhei para trás: ele era de Jeno.

- Eu não sei onde Jisung está, então apenas me deixe quieto - murmurei e me sentei na calçada.

- Eu já encontrei Jisung lá dentro.

O olhei, incrédulo. Jeno tinha me respondido? Não tinha me ignorado como das outras vezes?O que diabos estava acontecendo?

- Eu devo ter feito macumba demais ontem à noite - disse antes de bagunçar meu cabelo e olhar para Jeno, que olhava para frente - por quê ficou sensível do nada e veio falar comigo?

- Se eu não tivesse te chamado, você estaria no meio da rua e provavelmente seria atropelado.

- Que graça, você ficou preocupado.

- Você fala demais, Jaemin - Mordi o lábio inferior. Ele sabia meu nome.

Quero dizer, não é como se houvesse alguém na Terra que não soubesse meu nome. Na Jaemin é universal, todos já ouviram falar pelo menos uma vez na vida.

Mesmo com a música alta, pude ouvir o pigarreio de Jeno.

- Sinto muito pelo o que aconteceu mais cedo - ele disse antes de beber um gole de energético. Voltei minha atenção para meus tênis.

- O quê?

- Você e seu - ele hesitou antes de completar a frase - namorado.

- Ex - levantei-me e o olhei - sabe, se você não fosse tão ridículo e não namorasse Jisung, eu já teria feito de conta que estava bêbado e o beijaria agora.

Ajeitei o cabelo e bufei antes de afastar-me daquela criatura. Não precisa sentir nada, Jeno. Na verdade, precisa sim. Só precisa dizer que gosta de mim também. E foi a risada sem graça dele que me fez parar de andar.

- Eu não namoro Jisung - o olhei de soslaio. Mordi o lábio inferior e voltei a andar, indo até o jardim dos fundos. Iria me suicidar naquela piscina.

Roubei um copo bebida de um qualquer que passou na minha frente e o bebi, sentando-me na borda em seguida.

Jeno sempre foi tão quieto. A bebida o deve ter feito vir falar comigo. E é nessas horas que eu agradeço quem inventou essa coisa amarga. Coloquei o copo vazio ao meu lado e bati as pernas na água morna antes de sentir meu corpo ser empurrado por um desgraçado.

Quando voltei à superfície vi que esse desgraçado tinha nome e sobrenome, e um cabelo roxo de brinde.

- Chenle, seu maldito! - ele riu e logo pulou na piscina. E foi graças à isso que mais algumas pessoas entraram na onda.

- Esqueça Jeno por um segundo, Minnie, aproveite sua festa - Chenle jogou água em meu rosto e eu acabei por rir.

Se tinha alguém que sabia tirar meu mau humor ou me desvencilhar dos meus pensamentos homicidas, era Chenle. Apenas assenti e depois de ficar alguns minutos na piscina, decidi sair. Chenle me acompanhou até o andar de cima, mesmo que encharcássemos a casa por onde passávamos. Precisaria contratar uma empregada ou pedir a Haechan pra limpar isso comigo. Entrei direto no banheiro e sequei-me. Chenle abriu meu armário e dele retirou uma toalha. Secou-se e depois me encarou.

- Posso pegar uma de suas roupas? - assenti. Andei até o outro armário do closet e dele retirei uma calça jeans e uma blusa de moletom. Quando Chenle terminou de se vestir, olhou-se no espelho e eu baguncei seu cabelo. Ele me olhou como se fosse me matar e eu o joguei um beijo no ar antes de sair do quarto.

Se tinha um lugar para o qual eu adorava ir quando a crise existencial vinha à tona, era o telhado. O frio que fazia lá em cima confortava meu coração de rainha do gelo.

Subi a escada e ali encontrei Jisung. Pelo visto, Park Jisung sabia escolher locais bons. Sentei-me ao seu lado e encarei a iluminação ofuscante.

- Na Jaemin sentou-se ao meu lado - ironizou.

- Cale a boca - o respondi e ele riu - por quê está aqui? Deixou Jeno sozinho lá embaixo.

- Ele está com os amigos do time de futebol, e eu quis ficar aqui em cima.

- Vocês brigaram? - ele negou com a cabeça.

- Eu só queria ficar sozinho - Jisung murmurou - e pensar em Chenle.

- O quê? - Jisung riu.

- Você já tinha percebido, por quê está tão surpreso?

- Eu brincava com isso por causa do jeito que ele te olhava, nunca imaginei que eu previsse as coisas. - Jisung levantou-se.

- Guarde esse segredo. Não quero que Chenle saiba.

- Você sabe que acabou de dizer que queria pensar em Chenle, meu - enfatizei "meu" - melhor amigo, para Na Jaemin, o cara mais fofoqueiro do Twitter? - Jisung gargalhou.

- Eu vou dizer quando chegar a hora certa - rolei os olhos.

- É sempre a hora certa - ele não disse mais nada antes de sair do telhado. Curioso e enxerido como eu sou, segui-o e o vi andar até Chenle, que sorriu desajeitado para ele.

Pelo menos a vida amorosa de Chenle estava dando certo. Enquanto que a minha não era uma catástrofe, nem tragédia. Nós podemos classificar minha vida amorosa como Na Jaemin.

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