#07

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Quando Jeno abriu os olhos, eu ainda o encarava. Não me preocupei em disfarçar, apenas sorri e me levantei, deixando a enfermaria em seguida. Não o esperei dizer nada, até mesmo porque sabia que ele não diria. As bochechas dele eram tão fofas que eu tinha vontade de apertar, isso se ele não fosse tão ridículo. Ainda não entendi porque me ignora.

Decidi ir para o térreo e ficar lá por um tempo, até que o sinal da próxima aula tocasse. O térreo, nesse horário, era quase vazio, se não fosse por um ou dois alunos mais velhos fumando no canto. Ninguém fica perto do meu canto, até mesmo porque eu mando matar. Escorei-me na parede e fechei os olhos, esperando que o sono chegasse até mim. Eu só não consegui dormir mais que quinze minutos porque a merda de um dono de cabelo roxo me acordou, dizendo que eu devia ir para a aula e não dormir.

– Chenle, eu vou matar você — murmurei entredentes e Chenle me olhou de cara feia.

– Vá estudar, e não dormir, Jaemin. – Geralmente, quando Chenle me chama de "Jaemin", eu sei que algo de errado não está certo. Ou ele está muito irritado, ou ele está muito chateado. Nesse caso, creio que os dois.

– Jisung disse algo para você? — ele arregalou os olhos. Dei tapinhas no chão para que ele se sentasse ao meu lado — você só fica assim quando está irritado e chateado — Chenle sentou-se ao meu lado.

– Estou irritado com você por não estar se esforçando. A prova é amanhã, Minnie — ele suspirou.

– Vou estudar hoje, juro — sorri para ele e baguncei seu cabelo macio. — agora fala. Jisung disse algo para você?

– Ele parece estar me evitando — bufei. Park Jisung você está condenado.

– Primeiro ele disse que você estava bonito, depois começa a te evitar — levanto-me — parece que preciso ter uma conversa com ele — corri antes que Chenle pudesse me alcançar. Apenas o ouvi me xingar e perguntar o que eu faria.

 
Desci a escada correndo e dobrei alguns corredores até chegar na sala que Jisung estaria, e bingo, Lá estava ele.

Ele estava respirando perto do Jeno. Eu ainda mataria esse desgraçado. Jisung e Jeno riam, sentados em cima da mesa, mas quando a bicha enrustida me viu, seu sorriso desapareceu.

– Jisung, venha, aqui fora — assobiei e o chamei como se fosse um cão. Ele rolou os olhos e me seguiu para um canto longe da sala — bom garoto — sorri — quer um biscoito?

– O que você quer?

– Chenle — ele arregalou os olhos e eu percebi como ficou aquela frase — eu quero o Jeno, não me olhe assim — Jisung suspirou — Chenle me disse que você o está evitando. Eu só queria saber por quê. — Jisung molhou os lábios e escorou-se na parede.

– Estou com vergonha de continuar a conversar com ele — suas bochechas coraram.

– Essa foi a coisa mais gay que ouvi em todos esses anos — ele riu baixo — você quer Chenle, e o Chenle quer você. É tão simples, porque vocês dois não se comem logo? — respirei fundo — se você não corromper aquela criança, outro cara vai — girei os calcanhares e o deixei encarando o chão. Francamente, eu não o aceitei ainda para ser meu cunhado. Mas se Chenle está feliz, eu fico feliz também. Um dos meus problemas seria com Jeno: como me aproximar daquela coisa?

 
 
 
  
  
  

[...]

 
  
  
  
 
– Haechan, pare de encarar, caralho — murmurei para ele e chutei sua canela por debaixo da mesa.

Ele me lançou um olhar mortal e eu apenas suspirei. Haechan praticamente comia Mark com os olhos, e aquela reunião estava longe de acabar. Decidir que rumo o dorama teria era mais chato do que pensava. O cabelo de Mark estava diferente: era um loiro claro misturado com castanho, algo do tipo. Ficou bem bonito nele. Talvez fosse por isso que Haechan o encarava. Algo me dizia que Haechan e Mark já se conheciam antes das reuniões, mas eu não perguntaria ao capeta se ele queria mais uma alma no submundo.

– Jaemin e Mark serão os principais — o diretor disse — vamos começar as gravações quando se vestirem e as maquiagens estiverem feitas — assenti e sorri, travesso. Aquilo seria muito interessante. Haechan levantou-se e seguiu uma das secretárias. Eu apenas os segui e fui direcionado ao camarim. Lá tinham pessoas que me esperavam para fazer maquiagem. Muitas elogiaram minha pele e meu cabelo. Beleza natural é assim mesmo.

O dorama girava em torno de dois rapazes que eram melhores amigos e tinham interesse na mesma garota. A típica comédia romântica. Sou completamente contra clichês. Eu só não reclamo por três motivos: primeiro, eu contracenaria com Mark. Segundo, eu ganharia mais dinheiro. Terceiro, mais pessoas me amariam e eu seria mais famoso, se é que isso era possível.

Os primeiros minutos do dorama foram bem fáceis e leves, a garota até que sabia atuar bem. Isso sem contar que foi divertido fazer de conta que eu era um dos melhores alunos do colégio, enquanto que o papel do Mark seria aquele típico garoto badboy. Claro que eu errei várias falas, mas quem não erraria perto de um homem daqueles? Depois de três horas gravando, o diretor decidiu dar um intervalo e elogiou nossos trabalho. Eu apenas sorri, extremamente convencido.

– Chenle está te ligando há horas — Haechan disse ao aproximar-se com o telefone e estendê-lo para mim. Parei de comer meu lanche e o atendi.

– Estou no trabalho, demônio. Seja rápido — Chenle não disse nada, mas eu ouvi seus soluços. Estava chorando. Olhei para Haechan — diga ao diretor que a comida me deu gastrite e que fui ao hospital — levantei-me, vesti meu casaco e corri do estúdio.

Chenle sempre chorava pelo menos duas vezes ao mês, o que significava que o pai dele estava de volta.  Como descrever o senhor Zhong? Um desgraçado bêbado que não dá valor no filho brilhante que tem. Em outras palavras: o usa como saco de pancadas, e eu sempre encontrava-me com Chenle quando isso acontecia. Vê-lo machucado, literalmente, me deixava muito triste.

Perto da casa de Chenle havia uma loja de conveniências, então eu passei lá para comprar doces, como sempre faço. Fui correndo mesmo, não tinha tempo para chamar por Jung. Só fui chegar dez minutos depois, e foi quando notei que ainda estava com o figurino do dorama. Jesus amado, se spoilers vazarem, Jaemin será linchado. Bati à porta da casa de Chenle, que a abriu minutos depois.

– Seu pai ainda está aí? — Chenle estava cabisbaixo, provavelmente controlava o choro. Levantei seu queixo gentilmente e me deparei com um olho roxo e um corto na bochecha pálida dele — venha, vamos comer doces — segurei sua mão, fechei a porta e o guiei até o quarto.

– Desculpe, Minnie — o olhei, incrédulo.

– Está se desculpando por quê, Le? — ele se sentou na cama e eu o acompanhei, enxugando a próxima lágrima que viria — você não fez nada de errado — estendo o doce de morango favorito dele e ele o come lentamente — ele fez mais alguma coisa?

– Não — seus lábios rosados estavam trêmulos. Respirei fundo e me controlei para não chorar junto — ele chegou alterado por causa do trabalho e começou a beber. Eu desci para comer algo, mas esbarrei em sua pasta sem querer.

– Meu Deus, Le — passei a mão por seu cabelo — vou pegar gelo para colocar em seu olho, tudo bem? — ele assentiu e meu coração se apertou. Espero que o pai de Chenle morra de hemorróida. Fui até a geladeira, retirei cúbiculos de gelo e os coloquei em um pano. Acho que estava na hora de Jisung começar a cuidar de Chenle. Infelizmente, tenho o telefone dessa praga, e o mandei o endereço da casa de Chenle, junto com um "ele precisa mais de você do que de mim, bastardo".

 
Veremos se ele é homem ou só é burro mesmo.

 
– Pegue, Chenle — entreguei o gelo para ele, que sorriu fraco. Colocou o gelo em seu olho machucado e apontou para o doce. Estava longe demais para que uma pessoa triste se movesse para pegar, então eu apenas o peguei e entreguei a ele. Sentei-me no chão, escorando as costas na cama dele — pedi pizza.

– Pizza de quê? — indagou baixo, com a boca preenchida pelo doce.

– Pizza de Jisung — Chenle engasgou, e estava indeciso entre me xingar e concentrar-se para não morrer com o doce entalado em sua garganta.

Inevitavelmente, eu ri daquilo.
E foi nesse momento que a campainha tocou.

 
  
  
  
  
  
 
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Gente eu super recomendo Reisender, minha  fic favorita a a a aa ta no perfil da pinkihyunnie szsz.

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