#06

1.4K 182 43
                                    

Depois de ter falado com Jisung noite passada, eu até que adquiri uma antipatia menor dele. O problema, na verdade, piorou quando eu acordei no dia seguinte sem sequer lembrar que horas eram. Haechan apareceu em meu quarto e disse que já era meio-dia, o que significou que eu havia perdido a aula e um Chenle estressado viria para minha casa mais tarde. Uma dor de cabeça envenenou minha beleza e, ao checar o Twitter, ali estava eu nos trends: "Jaemin choroso e morto no sofá". Aposto que foi Jisung que tirou aquela foto e postou. Não que me imagem estivesse arruinada. Para falar a verdade, se quisesse falar mal de mim, era só me chamar que eu ajudaria a pessoa a tacar pedras em mim e a contar meus podres - não que todo mundo já não soubesse.

Ao observar meu canal do YouTube, avistei um vídeo de Jisung, e o título era "A resposta para Jaemin". Ótimo. Algo iria alegrar meu dia. Cliquei no vídeo e Jisung começou com seu jargão que sempre me deu nos nervos e mostrou o vídeo que fiz falando mal dele e o chamando de burro.
Isso era uma reação ao meu vídeo ou o quê? É só aceitar que dói menos, Park Jisung.

Fechei a tela do YouTube porque ninguém merece ver aquela merda logo quando acorda. E retiro o que eu disse: minha antipatia por Jisung não diminuiu, apenas aumentou ao quadrado.

  
 
  
  
 
[...]
  
 
  
  
  
 

Como previsto, Chenle apareceu na minha casa depois da aula, com uma pizza grande, anotações das aulas e uma voadora na minha cara.

- Por quê você não foi à aula?

- Eu não o acordei - Haechan disse ao abrir a geladeira. Abri a caixa da pizza e peguei um pedaço.

- Haechan, você pegou Mark ontem?

- Só conversamos - cerrei os olhos - estou falando sério.

- E você, Chenle? Jisung te disse algo que prestasse ontem? - Chenle mordeu o lábio inferior e eu soube que ali tinha coisa. Eu podia estar com uma dor de cabeça dos infernos, mas fiz questão de não esquecer o que ele me disse, e estava me coçando para não contar para meu melhor amigo.

- Ele disse que eu estava bonito - rolei os olhos.

- Ele devia ter te beijado, isso sim - dessa vez foi Chenle que rolou os olhos.

Haechan não pegou um pedaço de pizza, mas sim uma maçã. Disse que precisava manter uma alimentação saudável, e não uma alimentação igual à minha. Aquilo foi uma ofensa, e eu apenas suspirei.

- Jeno te disse algo? Eu os vi do lado de fora.

- Ele veio me dizer que sentia muito pelo o que viu.

- Como assim?

- Renjun me agarrando e eu o repelindo - terminei de mastigar o pedaço da pizza - ele disse que sentiu muito.

- Olhemos o lado bom, ele falou com você.

- Eu disse para ele que se ele não fosse tão ridículo, eu teria feito de conta que estava bêbado e o teria beijado - Chenle riu.

- Às vezes você é muito direto, Minnie.

- Você que enrola muito - ele arregalou os olhos - está de olho no Jisung desde o ano passado e nunca conversou com ele, onde já se viu?

- Você não pode falar nada.

- Cale a boca - levantei-me para lavar as mãos e as sequei no pano - o que vamos fazer hoje?

- Você tem que estudar, temos prova sexta.

- E hoje é que dia?

- Quarta.

- Haechan, suborne o professor - ditei enquanto subi a escada sendo seguido por um Chenle de sobrancelhas cerradas.

O de fios verde me empurrou até meu quarto, dizendo que me ajudaria a estudar. Se tem algo que eu odeio, é estudar. E se tem algo que eu me arrependo, é acordar todos os dias cedo para ir à escola.

- Ah, Minnie, é prova de biologia, e são só três capítulos.

- Eu tenho que aprender três capítulos até sexta!

- Eu já estudei tudo, te ajudo - cruzei os braços e me sentei na cama. Chenle sempre foi do tipo que estuda, faz as lições de casa e me dá sermões sempre que pode. Só não é o primeiro da escola porque Jisung ocupa o primeiro lugar, e isso me dá nos nervos. Eu tenho certeza de que ele paga alguém para fazer suas provas, porque não é possível - por favor, Minnie.

Revirei os olhos e me dei por vencido.

- Então deixe eu te maquiar para meu próximo vídeo no YouTube.

- O quê?

- É isso ou nada feito - ele bufou e assentiu.

- Tá, agora volte sua atenção para os livros.

- Eu odeio ler, Chen.

- Faça de conta que as desgraças desses capítulos são a vida inteira de Jeno e os decore até sexta.

- Você não ia me explicar? - alternei meu olhar entre os livros e Chenle, que respirou fundo.

- Então trate de prestar atenção - ele retirou uma caneta do estojo e abriu um caderno de estudos dele para começar a me explicar sobre a chatice do sistema endócrino.

 
 

   
  
  

[...]

 
  
  
  
 
 
Chenle foi embora lá pelas dez da noite, e eu pedi para que Jung o deixasse em casa.

Passou algo na TV de algum gamer desconhecido, e acho que me interessei por um jogo fofinho. Corri para meu quarto e o baixei, na esperança de que aquilo tirasse meu estresse.

Eu já comecei estressado quando vi que o idioma do jogo estava em japonês. CatMario era do demônio, só podia ser. Cliquei no botão que achei mais conveniente e aquela coisa começou. Eu morria por causa de nuvens, onigiris assassinos, e o personagem bugava mais que um Chenle quando respirava o mesmo ar que Jisung.

Pausei o jogo e respirei fundo quando o chão caiu. Sim, o chão caiu. Gritei e Haechan abriu a porta.

- Pensei que tivesse visto uma barata - ele riu - eu vou para casa, qualquer coisa me ligue, Jaemin.

- Está bem - disse ao bater minha cara contra o teclado. Eu zeraria esse jogo, ou não me chamaria Na Jaemin.

 
 
  
  
  
  
 
[...]

  
  
  
  

Soltei um muxoxo ao sentar ao lado de Chenle no refeitório.

- Eu não me chamo mais Na Jaemin.

- O quê? - Chenle indagou antes de beber seu suco.

- Tentei zerar um jogo, mas não consegui - ele riu - minhas vidas até ficaram negativas.

Chenle me deu um tapa em meu braço.

- O que foi, demônio? - tateei meu braço.

- Devia estar estudando e foi jogar? - elevou o tom de voz. Apenas revirei os olhos. Estava com sono.

- Eu vou dormir na enfermaria - disse antes de me levantar - nos vemos depois - o ouvi bufar e atravessei o refeitório sem me importar com minha cara de zumbi do The Walking Dead.

Quando cheguei, a enfermeira não estava lá, então apenas assinei meu nome e deitei em uma das camas. Fechei a cortina para evitar que aqueles raios solares impedissem meu sono de beleza e logo fechei meus olhos. Estava com tanto sono, não sei como consegui sobreviver. Vez ou outra, eu me ajeitava naquele colchão e no travesseiro, em busca de uma posição confortável.

Acabei por pegar no sono em menos de meio minuto.

E, quando eu acordei, foi como ver a cena mais bonitinha do mundo: Jeno estava em outra cama, essa que situava-se ao lado esquerdo, e ele dormia virado para o meu lado. Inconscientemente, eu sorri torto e o admirei enquanto ele parecia estar sonhando com unicórnios.

Spotlight ➰ njm + ljn  Onde histórias criam vida. Descubra agora