Capítulo 26

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Diário de Chloe

Hoje fui tomar um milkshake no Mix, com Lucas e Duda, contei o que havia acontecido e eu já até sabia a reação deles antes mesmo de ter contado.

-AQUELA VAGALINHA!-Duda gritou.

-Fala baixo! Tá todo mundo olhando pra gente.-Falei botando a mão no rosto.

-Esse Theo é muito idiota e a Amanda é uma bitch.-Lucas deu uma mordida na batata frita como se tivesse destroçando a Amanda.

-Eu sei gente, eu só quero saber o por que disso.-Falei e eles se olharam.

-E se esse tempo todo ela foi hetero e fingiu não ser pra depois te ferrar pela escola com o Theo? É possível.-Duda deu de ombros e tomou o milkshake.

-Podemos falar de outras coisas, por favor?-Falei tampando o rosto com as mãos.

-Veja pelo lado bom, seus pais agora sabem...pra alguma coisa ela serviu.-Lucas falou olhando pra atendente.

-Sabe, eu espero que você encontre ela antes de mim, por que faz um tempo que quero arrancar sangue de alguém.-Duda deu seu típico sorriso psicopata.

-Credo.-Olhei assustada.

-Vocês acham que eles estão felizes?-Lucas perguntou olhando fixamente para Diego e Leo na outra mesa, fazendo carinhos nas mãos um do outro e sorrindo enquanto se olhavam nos olhos.

-Pra mim parecem felizes.-Respondi.

-Que fofos.-Duda sorriu.

E nesse momento Lucas parou, ficou olhando, ficou pensativo e do nada o sorriso se fez em uma expressão séria e um olhar triste, Lucas nunca tinha falado sobre isso com os pais e acho que ele gostaria de se sentir totalmente livre quanto a isso, enquanto não falasse com os pais sobre quem ele é sua vida seria...ficar com caras escondido e poder assumir coisas sérias só com meninas, assim seria mais aceitável para eles. A família era evangélica, os pais pareciam não gostar da idéia de ter filhos que não fossem heteros e eu realmente acho isso bobo. Minha família não era evangélica, mas também era religiosa e apesar disso, eu sabia que no fundo nunca iriam me aceitar, só iriam fingir que está tudo bem por que a vontade de me ver feliz era maior que o "preconceito".
Depois de um tempo olhando, Lucas abaixou a cabeça, Duda e eu nos olhamos e logo vimos que havia algum problema.

-O que você tem?-Perguntei.

-Não acha o mundo injusto? Tantas pessoas querendo se assumir por aí e vem pessoas que não são, mas dizem ser, se assumem e tudo bem.-Ele falou em um tom de raiva.

-Realmente, essa cidade tá bem isso.-Falei.

-Eu fico triste de saber que não posso ser quem eu quero porque existe preconceito, se eu falar que sou bi, automaticamente vão me chamar de gay sem eu ser.-Ele fez a cara de indignação.

-Você nunca nem tentou dizer pra sua família?-Duda perguntou.

-Já, mas percebi o medo que eles tinham disso, eles sabem 10%da minha vida e acho melhor ser assim, apesar de querer muito compartilhar certas coisas com eles.-Ele deu um sorriso fraco e em seguida levantou dizendo que precisava ir ao banheiro.

-Ele não tá bem.-Duda disse.

-Com certeza não, mas é muito ruim quando não te aceitam e isso da raiva.-Falei.

-Ai merda! Olha quem chegou.-Duda encarou a porta.

Era a Amanda, ela estava ali com as duas meninas da escola que ela andava, ela sorria e falava algo pra elas, parecia bem...até me ver. Quando nos olhamos parecia que as duas queriam ao mesmo tempo correr pra um abraço e se matar ali mesmo, admito que ainda estava com raiva.

-Me ajuda! Ou vou dar na cara dela.-Duda disse séria.

-Oi.-Ela falou ao passar pela nossa mesa, eu apenas sorri.

-Que sorriso falso, credo.-Duda riu.

-É isso ou eu mato ela entalada com essa batata frita.-Revirei os olhos.

-Voltei, o que eu per...Ai que droga! O que essa vadia quer aqui?-Lucas disse encarando ela com todas as forças.

-Pessoas vem aqui o tempo todo ué.-Falei.

-Vamo embora.-Lucas disse levantando.

-Porque?

-Você quer mesmo que eu explique o que eu e Duda vamos fazer com ela, se continuarmos respirando esse perfume venenoso dela?-Lucas me puxou, pagamos a conta e saímos de lá.

Eu gostava da proteção que meus amigos me davam, eles faziam eu me sentir importante pra alguém e eu os amava muito.

-Agora põe um sorriso nesse rosto.-Lucas me abraçou.

-Eu tô sorrindo pra caramba aqui.-Olhei séria.

-Já sei, vamo sair por aí sem rumo, sempre ajuda.-Duda disse.

-Posso ir também?-Disse Oliver se aproximando.

-Claro.-Lucas sorriu.

-Não era você que não gostava do Oliver?-Sussurrei pro Lucas.

-Era, mas te apoio com ele então...fim de tretas.-Ele sussurrou rindo.

-Vamo!-Duda saiu e nós a seguimos.

Depois de uns minutos estávamos no centro da cidade, andando mais um pouco tinha uma praia, paramos de andar e sentamos na areia observando a lua, um fato sobre meus amigos e eu: nosso maior hobbie era observar o céu.
-Você está melhor?-Oliver falou baixo me olhando.

-Acho que sim.-Sorri.

-Gente, imagina se aparece do nada aqui um monstro do mar.-Lucas falou, acho que a brisa do mar tava tomando conta dele.

-Seria muito legal.-Falei.

-Vocês não são normais.-Duda disse deitando no ombro de Lucas.

-Isso nem é novidade.-Falei.

-Vamo tomar banho.-Oliver disse e todos o encaramos.

-Você quer ficar doente e morrer? Aí adeus Oliver.-Lucas disse.

-Que exagero! Cara, tá tão frio que se eu tomasse banho iria congelar.-falei.

-Depois eu que exagero.-Lucas revirou os olhos.

-Eu shippo vocês.-Duda falou olhando pra mim e Oliver (essa frase era muito usada por ela, ela me shippava com quase todo mundo).

-Sério?-Oliver riu.

-Fariam um casal fofo.

-Mas Chloe já tem crush.-Ele disse.

-Que no momento ela quer matar.-Lucas retrucou.

-Mas admito que somos shippaveis, da minha parte.-Oliver não olhou pra mim, pareceu envergonhado.

Nós ficamos ali até tarde, conversando, contando histórias de terror e piadas nível "praça é nossa". Meus amigos sempre conseguiam me tirar da tristeza e isso fazia eu amar tanto eles a ponto de "eu te amo" não ser suficiente pra expressar isso.
Amanhã seria um dia provavelmente difícil, eu não sei se estaria preparada pra ir pra aula e ver a Amanda, ver o Theo e os possíveis boatos.

Eu Sempre Estive AquiOnde histórias criam vida. Descubra agora