Capítulo 01 - Marina - O dia que tudo começou...

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- Bom dia, bom dia e bom dia!

- Nossa quanta animação para uma segunda-feira Marina, viu o passarinho verde essa manhã?

- Quem me dera Carla. Quem me dera. - disse entrando em minha sala. Tenho plena certeza que Carla já está atrás de mim com a papelada acumulada da sexta-feira da semana passada. Tanta coisa pra resolver e eu tive que sair mais cedo e deixar tudo pra hoje, mas foi necessário. Só desejo que essa semana seja mais tranquila. Eu estou com a cabeça a mil por hora, tanto trabalho e mamãe doente, tudo está ficando puxado na minha rotina.

- Marina, não querendo te desanimar, mas...

- Mas já desanimando né, Carla?! - dei um sorriso amarelo pra ela. - Já posso até imaginar. Todos os contratos, certo?

- Também! Além dos contratos, você tem aquelas planilhascom os gráficos que não foram vistos, os textos para serem aprovados, sem contar os currículos.

- Mas que currículos? - perguntei logo depois de sentar em minha mesa e afastar milhões de papéis para que Carla colocasse mais. Parecemaquelas coisas que nunca tem fim.

- Já esqueceu que teremos um novo âncora do jornal?

- Carla, eu acho que você deve estar ficando um pouco doida, nós fazemos parte da redação. Jornal, papel... Alôoo.

- Marina, eu acho que você não leu os emails conforme você disse que iria ler né?!

- Realmente eu não li. Qual a bomba dessa vez?

- A empresa resolveu fechar o setor de edição do Telejornal. Portanto toda a edição tanto do telejornal quando o jornal impresso ficará com nossa responsável. E você sendo a gerente...

- Perai, eu sendo a gerente, quer dizer que eu terei que comandar toda a redação do jornal sem contar com o noticiário?

- Veja pelo lado positivo, apenas o Jornal da noite. - Disse Carla tentando me animar

- Você está me dizendo que o acordo foi firmado com aquela ideia idiota da redação ter que revisar todos os textos que irão ser veiculados?

- Exatamente!

- Eu mereço! Já tenho trabalho o suficiente por aqui. Minha vida está de cabeça pra baixo, minha cabeça está pra explodir com tanta coisa pra pensar, resolver e ainda mais essa. Mais trabalho. Ok, mas oque eu tenho haver com currículos?Ainda estou sem entender.

-Então o Senhor Alberto Calazans, - sendo irônica ao pronunciar o nome do dono do Jornal - Contratou um novo Jornalista, mas como estaráem viagem nas próximas duas semanas, pediu para que você avaliasse os doiscandidatosque serão transferidos para cá.

- Perfeito! Eu não queria mais nada! Carla me faz um favor?

- Pois não!

- Prepara uma reunião com todos, inclusive com esses dois candidatos, que eu irei comunicar todas as mudanças pra todos de uma vez só, assim me poupa tempo.

- Agora mesmo. Posso ajudar em algo mais?

- Um café, quem sabe ficarei feliz!

Depois de algumas horas lendo contratos, respondendo emails, assinando e despachando documentos, percebo que já passou e muito a minha hora de almoço. Resolvo comer apenas uma barrinha de cereal que está em minha gaveta, sabe-se lá desde quando, mas acho que vai segurar as pontas. Tudo que eu consigo pensar é na mamãe que há essa hora está fazendo os últimos examespara acirurgia. Carla entra e sai da sala diversas vezes, mas algumas eu não vejo ou não escuto o que ela tem pra me dizer. Eu trabalho nessa empresa desde que tinha dezenove anos. Meu primeiro emprego foi aqui, como estagiária. Sempre batalhei pra conseguir que me efetivassem, e consegui. Terminei a faculdade de jornalismo e fui efetivada. Porém, sempre estava me aperfeiçoando com cursos de oratória, texto e redação, inclusive fotografia. Já fiz de um tudo nessa empresa. Um fato superengraçado foi à cobertura de uma matéria que tive que fazer no lugar da fotógrafa que tinha passado mal. Eu acreditando que eramapenas fotos do local dos fatos, mas quando cheguei tinha um corpo agonizando no meio da estrada com fratura exposta e tudo. Deus me livre!

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