- Por quê? – digo soluçando e abraçando Heitor.
- Calma, Linda! Calma!
Escuto a porta se abrir, mas não dou muita importância. Abraço Heitor com mais força e só penso em chorar.
- É tudo culpa minha, Heitor. Por que isso tem que acontecer comigo? Por quê? Por quê?
- Marina, você não pode ficar assim, essas coisas acontecem, não fique se culpando pelas coisas que acontece você tem que...
Heitor me abraçou forte enquanto chorava compulsivamente. Já nem parava para respirar, e os meus soluços já não me permitiam escutar muita coisa. Mas o que me chamou a atenção era Camilo parado na porta, com a mão na maçaneta. Pasmo com a cena que estava vendo. Fiquei olhando pra ele ali imóvel, não sabia o que ele tinha em mente, mas naquele momento pouco me importava
- Desculpa, não quero atrapalhar. – disse ele, fechando a porta e deixando a sala, que nem ao menos tinha entrado.
Continuei ali nos braços de Heitor que estava me consolando. Depois de muito chorar e desabafar estava mais calma pra poder retomar ao meu trabalho. Infelizmente esse não era o momento de poder parar. Precisava dar apenas alguns telefonemas pessoais, adiantar o trabalho que eu teria no período da tarde para a parte da manhã e sair desse lugar, era tudo que eu mais desejava.
- Vai ao banheiro, lava esse rosto. Tem certeza que não quer ir embora? Eu cuido de tudo.
- Não Heitor, obrigada. Eu vou lavar meu rosto e já volto!
Andando pelo corredor, toda a agonia e angústia volta, e as lágrimas escorrem pelo meu rosto. De repente senti um puxão forte pelo braço. As mãos de Camilo seguram meus braços e quase de uma forma desesperadora ele me pergunta o que aconteceu. Eu olho pra ele e só sinto raiva, e a vontade de chorar apenas aumenta. Olhar pra ele me faz me sentir culpada mais ainda. Sei que quando estiver mais calma saberei raciocinar que ele não tem culpa, mas nesse momento a vontade que sinto é culpar alguém pelo que está acontecendo, e Camilo é a pessoa certa pra isso.
- Será que você pode me dizer o que está acontecendo, Marina? – Não sei identificar a sua voz. Se estava bravo, nervoso, irritado, preocupado. Simplesmente não sei.
- Não é a melhor hora pra conversarmos. Eu não quero falar com você Camilo, me dá licença. - Me solta – gritei, tirando suas mãos do meu braço.
Camilo ficou sem ação. Heitor saiu da sua sala, acredito por ter escutado meu grito, e passou a mão no meu cabelo. Estava de costas para ele, e encarando Camilo. Sua expressão era de desespero. Comecei a chorar mais ainda. Parecia amedrontado, ou impotente por eu negar seu afeto. Acho que depois do que aconteceu em meu apartamento ele está achando que eu cairia hoje em seus braços, e agora ao me ver desse jeito com Heitor, mas ele não faz ideia do que está acontecendo.
- Cara, dá um tempo. Marina não está nada bem, não é uma boa hora pra você...
- Cala a boca, engomadinho. – disse Camilo para Heitor.
Camilo se aproximou novamente, mas eu me esquivei não deixando ele sequer encostar em mim.
- Marina, eu... Eu só quero ajudar, posso?
Quando percebi os olhares dele para nós, me afastei do Heitor. Ele ficou parado olhando pra nós dois por alguns instantes.
- Ok! Já entendi tudo. Eu estou atrapalhando, o casal, não é mesmo? Sou mesmo o idiota aqui, preocupado com você né, Marina?!
- O que? – disse indignada.
- Vocês dois, claro! Como não percebi isso antes. – disse ele passando a mão sobre os cabelos
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Sigilo Emocional
RomanceMarina hoje é a gerente geral de um jornal de grande circulação e sempre foi muito dedicada ao seu trabalho desde quanto era estagiária. Mas depois que sua mãe ficou doente, o dinheiro começou a faltar dentro de casa. Então teve uma ideia para cons...