Capítulo 24 - Camilo - Bem vindo, o inferno é aqui!

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Minha vida não anda nada fácil e tenho certeza que vocês adoram ver que estou me ferrando. Eu sei, eu mereço toda a merda que está acontecendo.

Depois que sai do apartamento e me separei de fato da Sara, achei que as coisas seriam mais fáceis. Primeiro, achava que Sara não seria vingativa. Segundo, achei que conseguiria me declarar para a Marina e seria facilmente aceita por ela. Terceiro, além de estar atolado no trabalho com o final do ano chegando, ainda sou obrigado a vê-la sempre com aquele Bundão a beirando.

Ok, ok! Preciso pagar todos os meus pecados por ter sido um canalha a vida inteira, mas logo agora que me sinto um homem de verdade, tudo está de cabeça para baixo.

Preciso desabafar e preciso que você me escute, mesmo me odiando, por favor, ao menos me escute. Ok? Tudo bem? Ufa! Obrigado!

Sara está para me enlouquecer. Nunca imaginei que ela pudesse ser tão grosseira, mesquinha e vingativa. Acredite, ela está fazendo dos meus dias um inferno. Ela só sabe dizer que terei uma vida de merda (e acho que ela está certa!) e em divisão de bens. Meu Deus, eu tô andando e cagando para essa divisão de bens, já disse isso a ela. O que acho que ela quer mesmo é me ver humilhado em praça pública, com todas as mulheres do mundo me odiando. Será que para ela não é suficiente eu mesmo me sentir culpado por tudo e me odiar por isso? Onde foi parar aquela mulher incrível, amorosa e companheira? Tá, eu sei que estou pedindo demais. Eu sou o responsável por tudo isso. E confesso a vocês, não quero brigar com ela, aceitarei qualquer acordo que ela quiser, desde que isso a faça realmente feliz.

Além disso tudo, ainda preciso saber lidar com a ausência da Marina. Com a mãe no hospital, suas manhãs são cheias no Jornal, como disse estamos chegando na reta final do ano, além de cuidar de toda a programação especial, a Marina ainda precisa acompanhar o evento de fim de ano da empresa, onde acontece todas aquelas premiações e tal. As tardes ela está sempre com a mãe, que tem se mantido estável e ainda precisa do transplante, bem complicado nenhum dos filhos serem compatíveis com ela e agora precisar estar em uma lista de espera. E a noite, ela sempre me diz estar cansada e assim, desde que me separei, não consegui fazer a única coisa que tinha mais vontade: dizer a Marina tudo o que sinto e pedir a ela que me aceite.

Também, em muitos momentos onde eu teria uma oportunidade de falar com ela, o Bundão estava lá beirando a minha Marina. Tá, sei que ele é a porra do amigo gay dela, mas ele poderia dar um tempo.

E do trabalho, eu nem vou falar. Você já deve estar de saco cheio, se perguntando porque estou reclamando tanto. Eu também me pergunto isso e de verdade acho que é extremamente necessário tudo isso que estou passando, finalmente estou aprendendo ao que preciso dar valor nessa vida.

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Estou bem cansado de ficar reclamando e esperando. Hoje foi um dia excepcional, por algum motivo a Marina ficou o dia todo no Jornal, provavelmente ela tinha coisas demais a resolver aqui e sua mãe estava bem o suficiente para ela se ausentar.

Tentei conversar com ela por diversas vezes, mas em nenhuma em consegui.

- Camilo, já te informei algumas milhões de vezes, que a Marina não poderá atender ninguém hoje. Marque um horário na agenda dela, ou então, faça como todos aqui fazem, converse com seu superior imediato. – diz uma Carla mais do que irritante.

Sinceramente, tudo menos aquele Bundão. Não quero falar de trabalho, quero falar do meu amor por ela. Só tem um jeito, ficar aqui até a hora que a Marina for sair do trabalho e segui-la seja lá para onde ela for.

O dia passou voando, mas não perdi meu foco em observar a Marina.

Quando terminei minhas atividades, fui para o estacionamento e fiquei no carro, bem próximo ao da Marina e só aguardando o horário de saída dela. Acho que fiquei ali por uma hora e vocês já sabem bem como foram meus pensamentos né? Não vou repeti-los.

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