Depois que a Sara perguntou o que eu tenho, acho que fiquei muito tempo calado. Assim que ela me fez aquela pergunta, apoiei meus cotovelos no volante do carro e abaixei a cabeça. A forma profunda e intensa que ela me olhou ao perguntar, me fez perceber que realmente tem algo errado comigo.
- Porra, Sara. Acho que toda essa mudança, de cidade, de local de trabalho, mexeu comigo. – foi a única coisa plausível que consegui dizer, mas que também não deixa de ser mentira.
- Camilo, eu entendo. Mas você precisa administrar isso, afinal eu sou a pessoa que não tem responsabilidade alguma sobre essas mudanças. Imaginei que você estivesse com saudades da nossa terrinha, você nunca foi muito de escutar axé no carro. Querido, estou aqui com você, como sempre.
Ela mais uma vez foi cuidadosa e atenciosa comigo. A Sara é uma mulher especial, mas hoje percebo que talvez tenha sido um engano casar com ela. Deveria ter continuado solteiro, mas a forma como ela cuidava de mim, me fazia preencher a saudade que sentia da minha mãe.
- Desculpa, Sara. Você tem razão. – desta vez não fiz promessas, chega de tantas promessas.
Nesse momento, resolvo sair do estacionamento do hotel e seguimos para o apartamento que a Sara comprou, melhor, que nós compramos. Chegando lá, estaciono e tiro todas as malas do carro.
Quando entramos no apartamento, vejo que Sara preparou tudo para as nossas boas vindas, tinham bolas e pequenos cartazes. Isso é a cara dela, ela sempre gostou de comemorar todas as nossas pequenas e grandes conquistas.
Sorrio para ela, a pego pela mão, ligo o som e coloco uma música romântica. Danço com Sara como dançamos no dia do nosso casamento, aquele foi um dia feliz. Quando terminamos a dança, percebo o quanto ela ri, acho que teve a mesma lembrança que eu.
- Do que você está rindo, Princesa?
- Hum... – Você não faz ideia? Anda esquecendo o que você fala? – paro e tento pensar no que pode ser.
- Você está com uma carinha muito safada! Querendo inaugurar todos os cantos do apartamento?
- Por que não? Mas vamos jantar antes, estou morrendo de fome!!! – ela diz, sorrindo.
- Vamos pedir algo, será mais rápido. – digo, querendo ir logo para o finalmente. Há tempos a Sara não me procura dessa forma.
Pedimos um jantar italiano, comemos, conversamos, demos risadas. Parece que os velhos tempos estão aqui de novo. Isso me deixa feliz. Isso faz com que não pense na Marina e em toda merda que ela está fazendo comigo.
Começamos a nossa brincadeirinha por toda a casa e a Sara está um furacão, acho que esses dias afastados fez com que ela ficasse com muitas saudades de mim e acho que no fim eu também senti dela.
Vocês devem me achar o maior idiota né? Casado com uma mulher incrível e mesmo assim obcecado, ou talvez apaixonado, por outra mulher. Claro sem contar todas as outras que pego e considero insignificantes. Estou confuso, porra. Não consigo entender o que eu tenho. Nenhuma mulher, antes da Marina, me fez querer quebrar todas as promessas infelizes que fiz a Sara, me fez querer jogar toda uma história na lata do lixo. Só que eu não posso fazer nada disso, Sara não merece.
Voltando... Tomamos banho juntos e fomos deitar. Sara se aconchega nos meus braços e diz:
- Amor, depois que eu abrir “Doces da Sara”, o que acha de retomarmos aquele assunto? – fico surpreso.
- Querida, você tem certeza disso?
- Sim. Acho que nunca tive tanta certeza como hoje.
Dou um beijo em sua testa e digo:
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Sigilo Emocional
RomantizmMarina hoje é a gerente geral de um jornal de grande circulação e sempre foi muito dedicada ao seu trabalho desde quanto era estagiária. Mas depois que sua mãe ficou doente, o dinheiro começou a faltar dentro de casa. Então teve uma ideia para cons...