Despedida

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"E você acha que meus joelhos machucados são meio bonitos
E eu acho que seus olhos cansados ​​são meio agradáveis
E quando eu te conheci, havia um jardim
Crescendo de um buraco negro em minha mente..."

Garden - Halsey

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Eu estou com os olhos fechados, a garota ao meu lado não compreende meu ato. Nossas mãos ainda estão entrelaçadas e eu não consigo a soltar agora.

Porque sei que quando fizer ela vai ter ido embora.

Ela suspira, olha pela janela talvez se perguntando se foi uma boa escolha ter me trago junto. Talvez esteja esperando que, em algum momento, eu evapore pela janela do ônibus deixando apenas meu perfume floral e a saudade.

Abro os olhos e a encaro.

Tão profunda...

— Não me esqueça...— sussurro.

— Não vou— sorri— te juro.

E eu acredito porque é a única coisa que me resta ter.

A esperança.

Me viro para a janela admirando a paisagem se alterando conforme chegamos perto do aeroporto. Sinto o nó se formar em minha garganta e o peito pulsar de uma forma estranha.

A verdade é que eu não estou pronta para me despedir de Carolina.

Não agora.

Ela segura minha mão forte, olho a janela e noto que estamos diante do imponente aeroporto. Ela desce do táxi e eu faço o mesmo, após caminhamos de mãos dadas em silêncio até chegarmos a enorme praça de alimentação. Carolina me puxa  até uma das redes de fast food onde escolhemos um lanche qualquer para comer.

Eu não estou com fome.

Como mesmo assim, o nó na minha garganta aumenta e eu me lembro do dia anterior e todas aquelas perguntas que ela me fez. Me lembro de seu corpo sobre o meu e de todos os nosso beijos.

***

Ela carrega um olhar pesado, eu continuo em silêncio até que sou forçada a parar pelos braços da garota que me encara de forma intensa.

— Temos mais uma hora— morde o lábio—, obrigada por ter vindo!

— Eu não iria deixar de vir...— passo os dedos pela alça da bolsa.

— Você deixou coisas importantes para estar aqui— sorriu—, merece um doce!

— Eu sei que mereço— reviro os olhos—; posso fazer algo insano?

— Claro— dá de ombros.

Abro a pequena bolsa e retiro dali algumas flores dentro de uma mini garrafa que eu usei como pingente para o colar.

— Eu não sou a melhor opção no momento, nem a única mas, eu posso fazer o meu melhor e buscar formas de me aprimorar nisto...— suspiro— Carolina Stivanello, você aceita namorar comigo?

— Aceito!— Ela cobre os lábios com as mãos.

Coloco o colar artesanal em seu pescoço, ela me abraça com total intensidade e então nós beijamos com o ardor da saudade que já estava invadindo nossas mentes.

***

Aceno novamente para Carol que retribui e então segue para seu destino. Caminho até o estacionamento em busca do táxi que ela havia pago para mim, o encontro sem dificuldades.

O motorista segue a viagem em silêncio enquanto eu observo a paisagem agora desbotada. No rádio toca uma música baixa mas não consigo me concentrar.

A ausência dela me deixa assim.

No final das contas eu não a impedi de voltar para a Itália mas, não posso me culpar por não tentar. Ao menos conquistei o amor da minha vida com coisas simples.

Ao menos tentei.

Ao chegar em casa me despeço do taxista e sigo correndo para o meu quarto. Me deparo com o colchão no chão ainda com os lençóis bagunçados e um sorriso surge em meus lábios.

Porque em uma noite fria eu dei um flor para ela e porque em uma tarde feliz lhe presenteei com café e bolo.

Porque eu me importei.

Em uma tarde desastrosa eu lhe dei flores roubadas e lhe tirei sorrisos. Porque em meio a tantas outras pessoas eu a escolhi e faria tudo de novo se fosse possível.

O que me resta agora é ter fé.

Acreditar no amor que sentimos e em que tudo irá dar certo para nós como desejamos, como pensamos.

No final de contas, eu vejo que as vezes a vida pode parecer um livro com uma bela história incompreendida. Meu amor com Carolina é exatamente assim.

Só que eu não esperei pelo final feliz e sim o fiz!

Na vida real é assim.

Aqui é a vida real.

E na vida real corremos atrás do que amamos e sonhamos.

Não sei até que ponto eu fui errada ou certa, mas, sei até qual ponto fui humana e amei como uma pessoa qualquer no mundo.

Eu me chamo Renata, e esta é a história de como eu conquistei o amor da minha vida com flores de algodão.

Flores de algodãoOnde histórias criam vida. Descubra agora