Flores de algodão

olhar

"Num farol em uma ilha, em uma noite tão vazia eu beijei você até o amanhecer..."

Sinais - Luan Santana

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Eu estou sentada no mesmo ponto de ônibus, não que fosse pegar algum mas por conta de Carol. O mesmo horário de sempre mas hoje parece que ela está atrasada.

Ou foi embora e me deixou.

Balanço a cabeça afastando os pensamentos ruins. Me viro para o sinal e meu coração quase para ao ver a garota miúda.

Ao seu lado noto uma garota magra, de cabelos loiros um pouco maltratados, um short muito curto e um cropped que termina no começo dos seios. Elas trocam algumas palavras e meu sangue ferve.

Suspiro, conto até dez. Me levanto e começo uma caminhada pesada. É difícil acreditar que ela está dando mole descaradamente para outra garota na rua.

Dou alguns passos até que sinto alguém puxar meu braço e sou obrigada a me virar. Encaro os olhos desesperados de Carol que me abraça desajeitada nos fazendo cair no chão.

Nossos narizes quase se tocam, seu rosto está vermelho talvez por ter corrido. Ela está ofegante, o suor de leve no rosto e mesmo assim ela é linda.

Ela toca meu rosto de forma suave com as pontas dos dedos e eu sinto meu coração acelerar, é inevitável o efeito que Carol me causa. Tento me levantar mas não consigo.

— Você pesa sabia?— Reviro os olhos— Pode me libertar?— Ironizo.

— Desculpa...— Seu rosto fica vermelho.

Ela se levanta e me ajuda a me levantar, eu limpo a sujeira do meu jeans. Sua camisa cinza está com uma mistura do meu perfume floral com seu perfume de madeira e isso é bom. A encaro de forma tímida tentando descodificar seu olhar intenso até que ela segura meu rosto e afasta uma mecha dos meus cabelos desgrenhados.

Sou envolvida com o toque suave de seus lábios e suas mãos em meus quadris. Não importava mais nada, eu tinha tudo que eu tanto almejava em toda a minha vida e ali eu era indiferente ao futuro.

***

— Eu não gosto de ler!— Ela disse rindo.

— Eu errei no presente mas que droga...— Resmungo.

— Mas eu gostei.— Ela me dá um beijo rápido.

Reviro os olhos. Toco seu rosto com as pontas dos dedos, ela fecha os olhos por um breve período e então os torna a abrir. Tão lindos, tão intensos.

— Você é linda.— Digo de forma doce.

— Obrigada.

Seguro seu rosto, ela percorre minhas costelas com suas mãos. O ar me falta por alguns segundos conforme suas mãos acariciam meus quadris.

Meus cabelos caem revoltos em meu rosto, Carol os afasta e então dá um beijo rápido em meus lábios. Seguro seu rosto por um período curto e então beijo seu queixo. Ela pega o livro novamente e o abre deslizando o dedo pelas páginas.

— Preciso ir embora antes que fique tarde... Nos vemos amanhã?— Ela sorri.

— Podemos ir tomar um café.— Coloco as mãos nos bolsos do meu jeans— Ou apenas andar por aí.

— Aceito o convite.— Ela ri.

— Até amanhã.— Dou de ombros.

— Até.

Ela segura meu queixo e me dá um beijo demorado, seu perfume me invade e seu toque suave me causa arrepios. Nos afastamos e ela sorri fraco.

— Amo você. — Digo baixo.