Conversas sérias

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"  Eu segurei minhas lágrimas
Pois não queria demonstrar a emoção
Já que estava ali só pra observar
E aprender um pouco mais sobre a percepção
Eles dizem que é impossível encontrar o amor
Sem perder a razão
Mas pra quem tem pensamento forte
O impossível é só questão de opinião ..."

Só os loucos sabem - Charlie Brown JR.

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Está amanhecendo, ainda estou deitada na minha cama olhando para o teto, minha camisa está molhada pelas lágrimas insistentes, todas causadas por nada menos que Carol. Suspiro,  pego meu celular,  conto até três e me levanto decidida.

Eu até agora lutei por ela e não vai ser um momento que vai me tirar a razão,  e eu vou entrar em campo pra ganhar ou perder.

Sigo para o banheiro, faço minhas higienes. Fito o espelho vendo uma Renata destemida,  a mesma do dia do sinal. Suspiro e apoio as mãos no espelho com os punhos cerrados.

"Você querendo ou não, de alguma forma me pertence! "

Sussurro pra mim mesma como se isso fosse fazer com que Carol notasse. Sorrio fraco,  encaro meu reflexo e saio.

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O sol está causando um calor gostoso em minha pele. Fazem quinze minutos que estou sentada no mesmo ponto de ônibus contando com a sorte e nada, a sorte me abandonou.

Fecho meus olhos e torno os abrir. Tudo está no lugar,  tudo como sempre esteve e a bagunça está apenas do lado de dentro. Carolina me bagunçou dos pés à cabeça e me puxou de volta pro caos.

Limpo uma lágrima,  pego meu celular e coloco em uma música chamada I wanna be yours da Arctic monkeys,  fecho meus olhos viajando na música.

Sinto um dos meus fones sendo puxado e um braço me envolvendo. Abro os olhos e congelo com a imagem de Carol em minha frente.

— Amo essa música. — Ela RI. — Tem mais deles? — Pega meu celular.

— Devolve isso abusada! — Digo.

— Espera terminar. — Diz séria.
— O celular é meu! — Reclamo.

Você é chatinha não é? — Revira os olhos.

— E você inconveniente. — Rio.

— Eu não sou isso. — Ela morde o lábio.

— Está com tempo livre agora? — Pergunto.

— Eu estou aqui com você agora,  não estou? — Ela suspira.

— Está... — Abaixo o rosto.

— Então aproveita o momento.

— Eu te mandei ir embora. — Digo sem levantar os olhos.

— Eu não sou sua namorada pra você me ditar regras. — Diz séria.

— Se você fosse minha namorada eu te mataria. — Reviro os olhos. — Idiota.

— Besta. — Ela revira os olhos.

Me viro de frente pra Carol,  nossos rostos ficam tão próximos que posso sentir seu hálito de algum chiclete de cereja. Seus olhos exploram todo o meu rosto e eu sinto que vou morrer de tão forte que meu coração pula.

— Por que está olhando? — Pergunto espantada.

— Você é bonita. — Sussurra.

Seus lábios param a alguns milímetros da minha,  ela toca meu nariz de leve com o seu e então afasta.

— Cadê sua namorada? — Me Afasto.

— Eu nem tenho uma ainda. — Ela diz rindo.

— Por que esse "ainda "— Faço aspas com as mãos.

— Porque ainda não. — RI.

— E vai ser eu? — Mordo o lábio.

— Talvez. — Ela sorri.

— Isso foi um não?

— Foi apenas um talvez.

Suspiro,  Carol me abraça e afunda o rosto em meus cabelos. A sinto tão próxima de mim que me falta o ar,  a proximidade perfeita pra me fazer sentir aquelas borboletas na barriga.

— Posso te levar em um lugar? — Pergunto.

— Pode.

Me afasto de Carol e ofereço minha mão para a mesma que aceita. Seguimos alguns minutos andando em da silêncio até chegarmos ao parquinho feito pelos moradores do bairro.

Me sento no gramado ao lado de Carol,  pego uma flor que encontro e a presenteio com a mesma.

— Obrigado. — Ela sorri.

— Por nada.

Seguro as palavras por alguns minutos,  penso em uma forma e então crio coragem.

— Estamos resolvidas com nosso romance piegas indefinido? — Pergunto.

— Estamos? — Ela pergunta.

A encaro sem entender,  ela observa meu rosto de uma forma terna. Fecho meus olhos,  seu toque é a melhor sensação possível. Sinto seus braços me envolverem,  seus lábios tocam os meus e com calma. Enquanto nos beijamos sinto que de alguma maneira eu pertenço a ela.

Flores de algodãoOnde histórias criam vida. Descubra agora