Algodão doce

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"A sorte te trouxe pra perto, destino nos uniu no tempo certo..."

Olhos castanhos - Luísa Sonza

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A aula termina cedo por conta de uma greve, eu sigo sozinha para comprar algodão doce enquanto Paulo me espera,  me pego pensando no beijo de Carol ontem. Coloco um rap de racionais pra tocar no meu celular e sigo de cabeça baixa.

Vou para a praça perto da minha escola onde tem uma carrocinha de algodão doce, observo a praça inteira e então vou para a fila.

Compro dois algodões doces,  estou seguindo pela rua sem prestar atenção, sou atingida pela mochila preta de alguém que acaba me derrubando porém consigo salvar os algodões doces.

— Me perdoa. — Carol se apressa em me levantar.

— Tudo bem crush. — Digo.

— Posso te pagar outro algodão se quiser... — Coça a cabeça.

— Não precisa,  vou ir falar com meu amigo. — Dou de ombros.

— Vou com você. — Ela diz me seguindo.

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Paulo se aproxima,  eu levo um pedaço do meu algodão doce até a boca. Carol está bebendo um suco de açaí,  ela olha para mim e depois para Paulo e ele devolve o olhar para Carol.

— Ciúmes? — Ele pergunta.

— Não te interessa, PALHAÇO. — Ela faz cara de mau.

— Quer que eu me retire? — Ele pergunta.

— Quero. — Ela o encara.

Ele recolhe seu material e se levanta,  anda alguns passos e então retorna sério.

— Ainda quer isso? — Aponta para meu algodão doce.

— Sim. — Afirmo.

— Eu não ligo. — Ele RI.

Fico sem entender por uma fração de segundos até que Paulo pega meu algodão doce e sai andando tranquilo.

— Ele é abusado! — Reclamo.

— Esquece ele. — Ela faz bico.

Puxo Carol um pouco mais perto,  tão próxima que nossos lábios quase se tocam e então beijo seu queixo e me levanto.

— Está na hora de ir pra casa,  nos vemos por aí! — Dou um tchau e sigo andando.

Sinto alguém puxar meu braço,  me viro e encaro o rosto tímido de Carolina. Suspiro.

— Quer algo? — Pergunto.

— Você não se despediu direito sabia? — Faz beicinho.

— Desculpe... — Sinto meu rosto queimar.

Ela segura minha cintura,  nossos corpos ficam colados de uma forma perigosa. Sua mão faz círculos na minha nuca,  seus lábios tocam os meus e então eu me perco na bolha onde só nós existimos.

Sou tirada do meu torpor com duas mãos firmes que me puxam pelas costelas.

— Que isso cara? — Me assusto.

— Vocês não soltaram nem uma das vezes que chamei. — Paulo diz rindo.

— Aconteceu alguma coisa? — Ajeito o cabelo.

— Sua mãe está te procurando. — Ele diz sério.

— Nos vemos em breve senhorita Stivanello. — Sorrio para Carol.

— Você tem prazo senhorita L
Fernandes. — Ela morde os lábios.

Sigo Paulo em silêncio até chegar em casa. Subo para meu quarto e abro meu caderno para estudar um pouco tudo que vi na aula de filosofia, vejo algo escrito nas linhas com uma letra um tanto pequena e um sorriso se forma em meus lábios.

"Desculpe por estar escrevendo no seu caderno,  mas eu senti vontade. Me desculpe também por ter mexido nas suas coisas, sua caneta está comigo. Gostei do cheiro de morango dela. Você me lembra algodão doce sabia? Eu não queria contar mas já comprei minha passagem para voltar pra casa,  seu tempo está esgotando... E eu não sei o que escrever.Mas, quer sair comigo?  Vou deixar meu número e você me liga e então a gente se fala!

Carolina Stivanello. "

Uma lágrima rola por meus olhos. Meu tempo está acabando. E eu preciso virar o jogo e ganhar Carol.

Pego meu celular e ligo para o número que atende ao primeiro toque.

—Oi algodão doce. — Ela ri.

— Oi ladra de canetas, onde você está? — Pergunto.

— Na sua rua. — Fico sem ar.

Me levanto ainda com o celular em chamada e sigo até o portão e ao abrir me deparo com Carol.

Flores de algodãoOnde histórias criam vida. Descubra agora