Flores de algodão

Flores ao entardecer, caos ao anoitecer

"Saio por aí juntando flor por flor, só pra te lembrar o que a natureza tentou imitar quando olhou pra ti..."

Cataflor - Tiago Iorc

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Está anoitecendo e nós estamos paradas em frente a floricultura que há em minha rua, empurro a porta verde musgo sendo recebida pelo perfume de todas as flores contidas naquele local que tanto amo e idolatro, seguro na mão de Carolina e entro na loja com um sorriso tolo que insiste em enfeitar meus lábios.

Me viro para trás, noto um riso escapar dos lábios de Carolina, a chama em meu peito se acende ganhando forças. A puxo até um corredor com rosas de várias cores, ela parece estar fascinada com a beleza daqueles corredores repletos de flores de mil tipos distintos.

  — Aqui é lindo Renata! — Ela cobre a boca com as mãos.

— É meu lugar favorito para comprar flores. — Coloco as mãos nos bolsos.

— Por que razão me trouxe aqui? — Ela ajeita os cabelos.

 —Para comprarmos rosas. — Sorrio.

  — Oi? —  Ela faz cara de quem não entendeu.

— Eu já volto. — Sorrio. 

  — O que você vai aprontar? — Coloca as mãos nos quadris.

— Algo que você vai gostar. — Rio.

— Vou ir ver o que tem aqui. — Ela sai. 

Pego algumas rosas de variadas cores até obter uma  grande quantidade, eu irei precisar trabalhar cuidando dos jardins dos vizinhos por uma semana pra conseguir ter pelo menos metade deste gasto mas isso valerá a pena simplesmente por ser algo que estou fazendo para que ela se sinta especial.

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Ela está com uma cara de criança que acabou de encontrar um parquinho novo, aquele brilho no olhar incapaz de não me tirar um sorriso. Eu a olho de soslaio e ofereço minha mão para a mesma a puxando para um pequeno corredor que contém apenas sementes e ao chão, dando contraste ao cenário, um enorme buquê de rosas em tons que vão do branco ao roxo.

  — Garota, você é louca! — Ela cobre a boca sorrindo.

— Eu te pedi pra me deixar te conquistar e eu vou. — Sorrio.

— Quanto você gastou com isso ?— Aponta para as flores.

  — O suficiente pra te deixar surpresa. — Sorrio.

Pego as flores com cuidado, a entrego com delicadeza, beijo-lhe a palma da mão e sorrio. A guio para fora da loja enquanto observo qualquer expressão que seu rosto perfeito possa vir a ter; ela arruma a franja que cai ao rosto e em seguida aproxima as rosas do rosto para sentir seu perfume. 

Como uma criatura consegue ser tão linda?

Fico a admirando por alguns minutos enquanto ela está entretida com as flores. Seus cabelos escuros estão desgrenhados, os olhos fechados, um sorriso tolo nos lábios rosados, a blusa masculina azul, jeans rasgados e um par de all stars surrados. Era impossível não me apaixonar por Carolina quando ela era exatamente tudo aquilo de que eu tanto precisava.