Sofia - A batalha / parte I

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Eu estava totalmente destruída por dentro, mas por fora eu havia me transformado em uma verdadeira fortaleza. Eu já havia desabado uma vez na vida, quando o câncer levou a minha mãe, e por mais que Théo tivesse o poder de me fazer cair outra vez, eu não permitiria que ele ou qualquer outra pessoa soubesse disso.

Assim que sai da academia minha decisão já estava tomada,  e depois algumas horas em que me permiti chorar, tranquei todo o sentimento que me consumia a sete chaves, e fiz o que tinha que fazer. Eu amava loucamente o Théo, mas esse sentimento não me trazia mais a paz de antes, meu peito doía imensamente. Eu queria muito mesmo poder odiá-lo, acho que se pudesse, tornaria as coisas muito mais fáceis para mim, mas não havia como, eu não conseguia nem mesmo sentir raiva dele, apesar de tudo ele sempre seria uma parte importante de mim, uma parte muito dolorosa, mas ainda assim uma parte grande. Então me conformei com a minha melhor opção no momento, tentar não sentir nada. Essa era a minha primeira batalha.

Eu sabia que jamais conseguiria esquecê-lo, então eu lutaria com todas as minhas forças para abafar o sentimento que ele me inspirava. Se preciso fosse, eu lutaria para não sentir mais nada, eu me tornaria oca por dentro, eu seria forte o suficiente para lutar por mim mesma.

A primeira coisa que fiz quando consegui me reerguer foi escrever o e-mail aceitando a bolsa para a universidade de música na Itália. Pronto, estava feito! Eu lutaria pelo meu sonho, pois eu precisava seriamente aprender a ser a pessoa mais importante na minha vida. Com o tempo, Théo se tornaria um sonho distante, ou assim eu esperava que fosse. Ainda sem deixar o quarto, reservei minha passagem on-line, para o mesmo voo da minha tia, para o dia seguinte. O vôo sairia apenas uma hora antes da luta, eu estaria já a caminho da minha fuga quando ele subisse no ringue. E por mais que uma voz em minha cabeça ainda teimasse em repetir que eu havia prometido estar lá para ele, fui obrigada a lembrar que no fundo ele não se importava com a minha presença.

Liguei para os seguranças da minha casa e pedi que não revelassem a ninguém onde eu estava, principalmente ao Théo, e pedi a uma das empregadas de confiança, que embalasse as minhas coisas e mandasse para o endereço da minha tia o mais rápido possível, e que fechasse a casa por tempo indeterminado.

Meu pai estava em mais uma de suas viagens, então lhe mandei uma mensagem avisando que estava fechando a casa e que iria para a universidade na Itália. Imediatamente recebi sua resposta.

"Sabia que você faria a coisa certa. "

Eu não precisava dizer o motivo, nem que não estava mais com o Théo, ele provavelmente já havia deduzido isso sozinho.

Por fim cancelei meu número de celular, eu providenciaria outro quando já estivesse na Itália, assim teria menos chance de uma recaída ou de um encontro indesejado.

Com tudo decidido sai do quarto pronta para por em prática o que fosse preciso. O dia inteiro passou como um borrão. Contei da minha decisão para titia, mas não contei o que havia me levado a ela. Deduzindo como meu pai havia feito, ela respeitou o meu silêncio e me garantiu seu apoio incondicional para o que eu precisasse. Passamos todos o restante do dia e a maior parte da noite arrumando todas as nossas coisas e providenciando o que faltasse, e para o meu bem havia tanto a ser feito que ocupou a maior parte da minha mente por muito tempo.

Dormimos apenas poucas horas, depois de todo o trabalho e de me permitir demarramar mais algumas lágrima quando me vi sozinha, cai em um sono exausto e agitado. Acordei ainda um pouco cansada e quando dei por mim já estávamos no aeroporto nos preparando para embarcar.

Como eu disse, travava uma batalha dentro de mim para não pensar e não sentir, mas em alguns momentos era apenas impossível e insuportável. Quando olhei pela janela do avião que começava a subir, me permitir vagar por alguns pensamentos que estava reprimindo desde que tudo havia desabado a minha volta.

Pensei em Théo subindo no ringue, encarando seu oponente com seu olhar destemido e com seu corpo forte e bem treinado. Imaginei sua alegria depois da vitória e pensei no olhar de felicidade que ele dedicaria a mim e no beijo apaixonado que dariamos em comemoração, por alguns segundos me deixe envolver por essa imagem minha em seus braços. Então, forcei minha mente a voltar ao mundo real, onde seus olhos não me encontraria e muito menos seus lábios. Por mais que doesse eu precisava encarar isso, e finalmente batalhar pela minha nova realidade.

" Oi amores, o capítulo está curtindo, pois será dividido em duas partes. A próxima será postada muito em breve. Bjks a todos!!! "😘😘😘

Combattente #wattys2017Onde histórias criam vida. Descubra agora