Théo- Passado.

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Eu estava eufórico, não somente pelo fato de ter ganho a luta, mas por  ter sido a primeira que Sofia me via ganhar. Assim que a luta acabou pude ver seu sorriso enorme voltado só para mim, com um misto de alegria e alívio. Tentei chegar até ela, mas fui impedido por um grupo de repórteres locais que disparavam perguntas para mim, mesmo que eu não as respondesse, e quando finalmente consegui me livrar um pouco desses abutres, procurei por Sofia mais uma vez, e não a encontrei.

- Calma filho, ela foi na direção dos vestiários, está tranquilo por lá agora. - meu pai falou em meu ouvido.

Mesmo com a garantia de meu pai, eu não pude ficar tranquilo, consegui me afastar de todo aquele caos, enquanto meu pai respondia a maior parte das perguntas por mim, e apenas uns poucos minutos depois, eu já estava indo atrás dela.

Assim que cheguei ao vestiário vi que ela não estava lá. Destranquei a porta e entrei já começando a ficar preocupado. Fui até o armário onde minhas coisas ficavam para pegar o meu celular e ligar pra ela, rezando para ela estar com seu próprio celular.

- Théo?! - uma voz feminina falou da porta. - Parabéns pela vitória!! - Julie disse já correndo em minha direção e passando os braços ao redor do meu pescoço.

Por alguns minutos fiquei sem reação com a sua chegada repentina, afinal, nós já não nos falávamos dessa forma faziam meses. Desde que comecei a namorar com a Sofia, deixei bem claro para Júlia que as coisas haviam mudado entre nós. Eu a conheci logo depois que sai da reclusão, o pai dela é o mais antigo funcionário da academia, e como sua mãe trabalhava durante a tarde, ela ficava por lá junto com seu pai. Aos poucos ela começou a treinar comigo e também com os outros rapazes, e hoje também luta profissionalmente. Como passávamos muito tempo na academia juntos, acabamos saindo algumas vezes, e aos poucos nos tornamos amigos de foda. Sempre foi claro que era somente sexo, não nutriamos sentimentos um pelo outro e estávamos bem com isso. Até algumas semanas antes de eu tomar a decisão de me declarar para Sofia, eu simplesmente não queria mais ninguém, e fui sincero disse que não sairíamos mais, que eu finalmente iria atrás da mulher que eu amava, Julie me desejou boa sorte, e depois disso nunca mais conversamos como fazíamos antes, ela nunca mais esteve em alguma luta minha pelo menos até agora.

- Eu estava com muita saudades sua, Théo e resolvi aparecer. - ela diz, e beija o canto da minha boca, o que acaba me tirando do transe em que estava.

- Julie ... - eu começo a falar tentando desvencilhar seus braços do meu pescoço, quando escuto um barulho na porta.

- Eh ... Desculpa... Eu não queria atrapalhar... - Sofia fala sem olhar para mim, se vira e sai novamente como um furacão.

- Sofia, espera! - eu chamo enquanto tiro os braços de Julie do meu pescoço rudemente, e passo por ela como uma bala em direção a porta. Ainda a escuto me chamar mais uma vez da sala, mas nem sequer me viro para olhar.

Quando chego ao corredor Sofia já está quase chegando às portas que dão para o estacionamento e eu corro para alcançá-la.

- Para amor, espera! - eu falo quando finalmente consigo segurar seu braço fazendo com que ela se vire na minha direção.

- Não tem nada pra falar Théo, eu só quero ir pra casa. - ela responde sem me olhar nos olhos.

- Não é o que você está pensando. Não aconteceu nada, eu estava.... - eu começo a falar mas ela me interrompe.

- Eu não quero ouvir nada! Eu só quero ir pra minha casa!- ela fala com raiva.

- Tá tudo? - meu pai pergunta chegando a entrada do estacionamento. - Vamos embora?

- Vamos por favor! - Sofia responde e puxa seu braço com força do meu aperto. Ela corre em direção ao carro e quando meu pai destranca as portas se senta rapidamente no banco do carona, fazendo com que eu tenha que sentar sozinho na parte de trás.

O caminho todo até a casa dela é tenso, Sofia responde somente ao meu pai e ignora todas as vezes em que eu tento conversar com ela. Quando paramos em seu portão ela desce como se estivesse possuída e corre para a entrada. Eu corro atrás dela, mas é em vão.

- Eu quero ficar sozinha hoje Théo. - ela fala por cima do ombro, e depois se dirige ao segurança. - Não deixe ninguém mais entrar por favor, Jorge. 

Eu tento passar por Jorge, e tento gritar seu nome algumas vezes, mas é em vão, ela não se vira, e logo desaparece pelo jardim. Meu pai me puxa de lá, e me faz voltar para o carro, mas assim que entro, pego meu celular e começo a ligar pra ela, mas todas as vezes chama até a caixa postal. Então antes mesmo de chegar em casa eu começo com as mensagens, SMS, whatsapp, Facebook, Instagram, até chegar a noite e durante quase todo do dia seguinte eu encho todas as suas caixas de mensagens e nada, ela simplesmente me ignora. Na tarde de domingo, eu já começo a enlouquecer, preciso falar com ela. O medo dela não me querer mais, de perdê-la me deixa completamente louco. Pego minha moto e vou até o seu portão.

- Oi Jorge, tudo bem? Eu sei que a Sofia falou aquilo ontem, mas eu realmente preciso falar com ela. Por favor me deixa entrar... - eu peço em desespero ao segurança.

- Desculpe senhor Théo. Mas a senhorita Sofia realmente não está.

- Ela te pediu pra me falar isso? Porque se foi isso, diz a ela que eu vou ficar plantado aqui no portão até ela vir falar comigo. - eu falo já começando a ficar transtornado.

- É verdade senhor Théo, eu juro. Ela inclusive pediu que eu não informasse onde ela foi, mas vendo o senhor assim eu vou falar... Ela está na casa da tia dela. Ela saiu bem cedo, e avisou que não vai voltar hoje, vai para a escola direto de lá. - o segurança fala parecendo sincero.

- Obrigada Jorge. E desculpe por ter por nessa situação.

- Tudo bem senhor. Eu vejo o quanto você gosta de verdade da senhorita, e sei que ela também está apaixonada. Ela estava muito triste quando saiu pela manhã, com cara de que havia chorado a noite toda. Ela é uma menina doce, e merece ser feliz, eu faço qualquer coisa que estiver ao meu alcance para ajudar. - ele fala.

- Eu amo muito a Sofia Jorge. E também vou fazer o que estiver ao meu alcance pra fazê-la feliz. - eu digo sinceramente.

Saio dali meio sem rumo, até que uma ideia me ocorre. Vou ao centro comercial mais próximo e compro um chip de celular com um número diferente. É uma ideia bem boba na verdade, mas estou desesperado e tentaria qualquer coisa a essa altura.

Coloco o chip novo em meu celular e disco seu número rapidamente.

- Alô. - Sofia atende já no sexto toque.

- Amor, sou eu. Por favor não desliga. - eu imploro.

- O que você quer Théo? - ela pergunta tentando parecer indiferente.

- Onde você está Sofia? Por favor me diz que eu vou te buscar pra gente poder conversar. Eu não quero ficar brigado com você. - eu falo em desespero.

- Eu estou com a minha tia. E não vou te falar onde é, nós não temos nada pra conversar.

- Deixa eu explicar o que aconteceu, aquela menina não significa nada...

- Eu não quero saber. Fui uma idiota em pensar que um cara como você poderia se interessar em alguém como eu. Não dá. Nós somos muito diferentes, eu não quero fazer mais parte do seu mundo. Acabou pra mim.- ela fala categórica.

- Não fala assim Sofia, não acabou nada, você vai me escutar e nós vamos ficar bem. - eu quase grito ao telefone.

- Eu não quero mais falar com você. Acabou Théo! Eu não quero mais sofrer por você! Não me liga mais por favor, nem me procura.

- Não acabou, nós não vamos terminar nunca! Você é minha! - eu grito como um louco pouco antes dela desligar na minha cara.

Tento ligar de novo em vão. Ela desligou o telefone. Mas eu não vou desistir, nunca! A Sofia é a mulher da minha vida, e eu sou um lutador, não aceito a derrota!

Combattente #wattys2017Onde histórias criam vida. Descubra agora