Sofia - Querer.

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Como eu pude ser tão iludida? Como eu pude acreditar que um cara tão lindo e tão popular ia se apaixonar perdidamente por mim e ser fiel, esquecendo de todas as outras mulheres que corriam atrás dele? Eu criei uma imagem de príncipe no cavalo branco para o Théo, mas quando eu entrei naquela sala e o vi beijando outra menina toda minha fantasia evaporou, as máscaras caíram e eu pude ver como ele é de verdade, e o quanto eu fui ingênua por acreditar em muitos beijos e algumas palavras.

Passo três longos dias na casa da minha tia, lutando contra todos os meus sentimentos. A raiva, o ódio, a saudade. Eu ainda o amo, muito, por mais que ele não mereça o meu amor. Todo esse tempo meu celular fica desligado, para não cair na tentação de falar com ele, mas sei que vê-lo será inevitável. Eu preciso voltar para a escola afinal, principalmente agora. Minha tia está de mudança para a Itália, Florença, e sugeriu que me inscrevesse na universidade de lá, para morar com ela.  Essa seria a minha melhor opção afinal, como diz o ditado, "longe dos olhos, longe do coração". Então amanhã eu precisaria voltar para a escola, principalmente para treinar junto a professora de música para a gravação que deveria fazer para a inscrição e também para a audição caso eu fosse aceita. Eu não poderia fugir do que me amedrontava para sempre, e o que sentia pelo Théo me apavorava. Somente ele tinha o poder de me destruir completamente, e eu tinha certeza que ele faria isso, de uma forma ou de outra.

Minha noite foi horrível, e como resultado eu provavelmente seria a pessoa mais pálida e cansada da escola. Antes do Théo isso não seria um problema, eu era invisível, agora todos estariam prestando atenção em mim. Cheguei o mais em cima da hora que pude sem estar atrasada, na esperança de que a maioria das pessoas já tivesse entrado e não pudesse ver o meu estado. Mas para a minha surpresa, ou não, a principal pessoa que eu queria evitar me esperava encostado em sua moto bem na entrada, de modo que eu teria que passar por ele se quisesse entrar.

A primeira coisa que pude notar, antes mesmo que ele me visse, foi que sua cara estava tão ruim quanto a minha ou pior, pois ele exibia uma carranca intimidadora, como se desafiasse alguém a questionar por que estava parado ali.

Pude sentir o momento em que seus olhos me encontraram, mesmo que eu covardemente evitasse olhar para ele. Théo se afastou de sua moto e cruzou os braços me encarando intensamente, claramente me desafiando a tentar passar sem falar com ele.

- Onde você pensa que vai Sofia? - ele falou segurando meu braço enquanto eu tentava inutilmente passar pela montanha que ele era.

- Eu vou para a aula Théo, e você deveria fazer o mesmo. - eu falo tentando não demonstrar o quanto o seu toque me afetava.

- Você não vai a lugar nenhum sem falar comigo primeiro. Eu estive plantado nesse lugar por três malditos dias Sofia, eu estou a ponto de me tornar um lunático oficialmente. Você vai me escutar, nem que eu tenha que sequestrar você. - ele fala puxando meu queixo com os dedos fortes para que eu não tivesse outra opção a não ser encará-lo.

- Eu ja falei que não temos mais nada pra conversar! E eu não posso matar aula hoje! - eu digo irritada, tentando soltar meu rosto sem sucesso.

- Você faltou por três dias! Um a mais ou a menos não fará diferença! E nós vamos conversar, se você não quer falar comigo tudo bem, mas você vai me escutar. Pode até escolher, na minha casa ou na sua?- ele fala já me puxando em direção a sua moto.

Eu poderia fugir, ou gritar por ajuda, mas no fundo eu sabia que era inútil. Théo era forte e obstinado o suficiente para me obrigar a ouvi-lo ou até mesmo para me sequestrar se quisesse. Então achei melhor optar pelo opção que me daria a melhor possibilidade de fuga, para o caso de ser necessário.

- Na minha casa então! - eu digo tomando o capacete de sua mão e me dirigindo sozinha para a moto, com toda a dignidade que consegui reunir.

Ao chegarmos em minha casa noto que o segurança abre imediatamente para que o Théo entre com a moto, sem nem ao menos me perguntar. Faço uma nota mental para ter uma seria conversa com os meus seguranças mais tarde.

Combattente #wattys2017Onde histórias criam vida. Descubra agora