Sofia - A luta.

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Eu realmente estava a caminho de uma luta! Como foi que acabei concordando com essa loucura toda?? Eu odeio violência, nunca em sã consciência eu concordaria em assistir algo do tipo! Então como e porque eu estou a caminho de algo que tanto repúdio? Eu me pergunto internamente, quando sinto um braço forte que rodeia meus ombros e me puxa mais para perto, e então eu sei instantâneamente o motivo de tudo isso, algum tipo de intoxicação por excesso de beijos intensos. O motivo de todas as minhas loucuras e de ter saído completamente da minha zona de conforto tem nome, Théo.

E como se ele pudesse sentir o meu desconforto, ele me aperta ainda mais em seus braços, enquanto seguimos para o local da luta no carro junto com seu pai.

- Tá tudo bem princesa? - ele pergunta carinhosamente enquanto beija minha testa.

- Tudo ótimo. - eu respondo tentando soar corajosa, mas provavelmente falhando horrivelmente.

- Não se preocupe tanto Sofia, as lutas hoje não serão tão violentas, essa categoria é mais leve, não dá nem para sentir medo! - diz o meu sogro,
Tom, que eu conheci a pouco, quando ele passou em minha casa para me pegar junto com o Théo. - As coisas vão ficar bem mais pesadas daqui a algumas semanas quando o Théo passar para a próxima categoria.

- Para de assustar ela pai! - Théo o repreende nervoso, e volta a beijar a minha testa, parecendo tão ansioso quanto eu estou.

Quando finalmente chegamos a tal arena onde ocorreram as lutas, o lugar está completamente lotado e frenético. Tudo parece ensurdecedor e aterrorizante para mim aqui, desde a música alta as pessoas bizarramente empolgadas com a carnificina iminente. Em poucos minutos começo a me sentir claustrofobica, e percebendo meu estado Théo me arrasta apressadamente para a sala de preparação onde ele espera ser chamado para a luta.

Assim que fechamos a porta, seu pai começa a prepará-lo, colocando uma música de fundo insentivadora enquanto Théo se troca no banheiro, em seguida vem os aquecimentos, as conversas as dicas. Em todo o processo vejo que Théo está focado assim como seu pai, então me sento em um sofá que está colocado no canto da sala, e permaneço quieta para não atrapalhar a interação deles.

Depois de alguns minutos pego meus fones de ouvido e coloco na minha habitual música clássica, e finalmente começo a relaxar enquanto toco algumas notas com os dedos em minha perna distraidamente. Estou de olhos fechados, completamente concentrada na música que ecoa em minha cabeça, quando sinto uma mão enorme parar meus dedos inquietos. Olhos nos intensos olhos castanhos que me encaram e retiro meu fone de ouvido.

- Estamos sozinhos. - ele declara assim que percebe que posso ouví-lo. - Pedi ao meu pai pra dar um tempo pra gente. Você está bem mesmo princesa? - ele pergunta parecendo nervoso, e eu me sinto horrível por deixá-lo preocupado em um momento desses.

- Eu estou bem amor. Eu juro. - tento parecer mais confiante, e dessa vez acho que consigo. - Desculpe se me distrai ouvindo música, não queria atrapalhar sua concentração.

- Você não atrapalha nunca. Pelo contrário, saber que você está aqui comigo, só faz com que eu me sinta ainda melhor. Você é o meu maior incentivo.

- Obrigada por me trazer hoje. - eu falo sinceramente agora, por estar com ele também significa muito para mim. - E pare de se preocupar tanto comigo. Não é como se eu nunca tivesse visto um pouco de violência em filmes de ação. Não é nada demais, eu não sou tão fraca quanto você pensa.

- Eu sei que você não é. - ele fala chegando mais perto e me puxando para o seu colo. - O fraco aqui sou eu, que morro de medo de você perceber o quanto é boa demais pra mim, e me largar.

- Eu não vou te deixar nunca Théo. Você é perfeito pra mim. Eu te amo. - eu digo sabendo o quanto ele tem medo de ser novamente abandonado e sabendo o quanto essas palavras significam para ele.

- Eu também te amo princesa, e sou egoísta demais pra te deixar ir embora. - ele fala e me puxa para um beijo apaixonado.

Ficamos nos beijando, enrolados no sofá da sala de aquecimento por um tempo, até que seu pai bate na porta avisando que é hora de irmos.

Saímos da sala e seguimos por um corredor estreito até uma porta onde temos que nos separar. Théo fica por ali esperando ser chamado, enquanto eu e seu pai seguimos para a área próxima ao octógono destinada a equipe e família dos lutadores, mas não sem antes trocarmos um beijo intenso.

Assim que me sento no lugar designado todo o meu nervosismo retorna, e simplesmente parece uma eternidade até que ouvimos o nome Théo ser chamado no auto falante.

Théo entra encarando as pessoas a sua volta sem realmente vê-las, focado em seu objetivo. Seu adversário parece ter a mesma idade que a sua, e apesar da altura ser um pouco maior, seus braços não são nem de longe tão grossos e tonificados quando os do Théo.

Antes que o gongo soe, enquanto seu adversário se preocupa mais em se exibir, e anda de um lado a outro no ringue como um enorme pavão, Théo encontra meu olhar e fica me encarando com um enorme sorriso no rosto. Ele me olha como se eu fosse a única pessoa presente na platéia, ou pelo menos a única que importasse, e eu me sinto mais especial do que já me senti em qualquer momento da minha vida. Ficamos pressos no olhar um do outro até que a luta começa e então tudo acontece muito rápido. Os olhos de Théo e seu adversário se encontram por breves segundo e ele voltar a ficar completamente focado outra vez, e quando eu menos espero os dois já estão colados um no outro trocando socos enquanto o sangue voa em todas as direções. Depois de um tempo que me pareceu uma eternidade, Théo consegue derrubar seu adversário e se enrola a ele como uma trepadeira sufocante. O adversário tenta desesperadamente se soltar, mas todo o seu esforço e em vão Théo não somente continua grudado nele, como consegue passar um braço grosso por cima de seu pescoço, fazendo com que seu adversário comece a tossir e ficar roxo. Pouco tempo depois, quando parece que Théo vai fazer o menino desmaiar, ele desiste e começa a bater freneticamente no chão com sua mão livre. Então o juiz anuncia Théo como o vencedor da luta.

Nesse momento o meu coração bate completamente descompassado, comparando com um estilo musical, meu coração está completamente heavy metal agora. Théo me procura com os olhos, enquanto o juiz ainda segura seus pulsos no ar, e eu sorrio pra ele com uma mistura de alívio e alegria, alívio por constatar que ele está bem e alegria por ver sua felicidade com mais essa conquista. Ele realmente nasceu para isso.

Vejo que ele tenta se desvencilhar das pessoas a sua frente pra tentar chegar até onde estou, mas é constantemente impedido por todos que querem cumprimentá-lo. Um repórter do jornal local o para e começa a lhe fazer perguntas sobre a luta. Outras pessoas também tentam chegar a ele  e eu acabo sendo empurrada para longe no processo, e quando dou por mim, já quase não o vejo e não acho seu pai em lugar nenhum.  Tento fazer algum tipo de sinal para que ele saiba o que pretendo fazer, mas não consigo saber realmente se ele percebeu. Então sigo na direção oposta da multidão, tentando achar a sala de aquecimento, mas obviamente acabo me perdendo no meio de todos aqueles corredores enormes, e levo quase meia hora para encontrar a sala certa.

Assim que alcanço a porta, não perco tempo em bater, uma vez que nem sei se Théo já está aqui ou não.  Mas quando giro a maçaneta e entro, meu coração dispara ainda mais do que antes diante da cena que vejo. Theo está de pé todo suado ao lado do sofá em que estivemos nos beijando antes da sua luta, e seus braços estão envolvidos em uma cintura fina, que certamente não é a minha, enquanto uma cabeça com cabelos longos e avermelhados descansa no ombro do lutador que era para ser somente meu.

"Oi amores! Desculpem mais uma vez a demora na postagem, acabei me enrolando por conta do aniversário do meu filho Gael, que completou dois anos esse fim de semana. Prometo que vou tentar postar outro capítulo até sexta feira!!! Espero que gostem do capítulo!!!! Bjks a todos!"

Combattente #wattys2017Onde histórias criam vida. Descubra agora