Foi Tudo uma Aposta

Capítulo 37

POV EMMA

O vestido branco rodado que a Kate tinha escolhido entre as minhas roupas novas terminava um pouco acima dos meus joelhos. Com alças finas e um decote discreto ele deixava meu colo a mostra, dando espaço para o colar em ouro branco com um pequeno pingente que ganhei dos meus pais no meu aniversário de quinze anos. 

Nos pés eu havia colocado uma rasteirinha dourada de tiras depois de dispensar os saltos nude que havia sido colocado em cima da minha cama junto com o vestido.

Entro no banheiro e olho meu reflexo no espelho pela enésima vez. Meus cílios pareciam terem triplicado de tamanho depois das várias camadas de rímel que a Kate me convenceu a deixá-la passar, e o batom rosado que cobria meus lábios tinha um leve gosto de morango. 

Eu não era fã de maquiagem, na verdade, era a segunda vez que eu estava usando, e apesar da Kate ter respeitado a minha decisão de optar por algo mais leve eu estava me sentindo insegura e me perguntando se não estava exagerado.

Respiro fundo e procuro tentar me acalmar. Era o meu primeiro encontro, mas era com o garoto que tinha me pedido em namoro e que eu havia aceitado depois de pesar os meus sentimentos por ele e constatar que eles eram grandes o bastante para que eu dissesse sim, logo não tinha porque eu estar tão nervosa a ponto de sentir o meu estômago revirar. 

Passo as mãos pelo vestido, alisando o amassado inexistente e borrifo um pouco de perfume nas laterais do meu pescoço.

Quando a campainha toca me apresso para sair do meu quarto e sigo pelo corredor enquanto peço baixinho a Deus para que a minha mãe ainda estivesse no banho, porque do contrário ela faria questão de cumprimentar o Gusttavo e provavelmente o agradeceria de joelhos por ele estar me levando para o meu primeiro encontro.

Ela não tinha conseguido esconder sua animação quando ela chegou horas atrás do trabalho e viu a Kate me ajudando com a roupa. Ela chegou a bater palmas e me puxar para um abraço, me fazendo pular em uma comemoração que fez todos os meus orgãos internos trocarem de lugar.

Ela tinha até resgatado a sua câmera fotográfica da sua gaveta de coisas antigas para fazer umas fotos minhas, a fim de registrar em uma sessão de fotos o momento épico que fui convidada para um encontro, que a considerar a sua empolgação preencheria todos os espaços vazios do nosso mais recente álbum de família.

No fim, sua alegria exagerada me deixou um pouquinho mais animada e ansiosa de uma forma boa. No entanto, nesse momento o nervosismo tinha se apossado de cada partícula do meu corpo, camuflando toda a animação de mais cedo e fazendo as minhas mãos suarem exageradamente.

Respiro fundo mais uma vez e continuo o meu caminho em direção às escadas. Quando meus olhos conseguem visualizá-lo no andar de baixo o nervosismo agita ainda mais o meu estômago. 

Ele estava com os costumeiros fios escuros bagunçados e vestia uma camisa social azul clarinha com as mangas arregaçadas até os cotovelos e um jeans de lavagem escura. E não estava sozinho. 

Diante dele e de costas para mim, meu pai segurava a porta enquanto falava algo que eu não conseguia ouvir, mas pela expressão do Gusttavo e pelo balançar constante da sua cabeça seguindo para cima e para baixo eu sabia que ameaças a sua integridade física jorravam da boca do meu pai.

Decido intervir na conversa dos dois e quando meus pés tocam o último degrau os olhos do Gusttavo me encontram pela primeira vez e ele parece paralisar enquanto seu olhar caloroso queima a minha pele.

Ele balança a cabeça minimamente para os lados e lentamente um sorriso estica os cantos dos seus lábios, fazendo um amontoado de borboletas baterem asas insistentemente na minha barriga.