Sempre acreditei que quando eu chegasse na faculdade minha vida mudaria completamente, e ela de fato mudou, mas não da forma que eu esperava. Entrar em uma faculdade de Medicina, fechar todos os períodos com louvor e receber o diploma no final de todo o caminho percorrido, indicando que eu seria a mais nova médica existente na história da humanidade era o que eu havia planejado desde que escolhi salvar vidas ao invés de exercer outra profissão.
No entanto, em um ano vivenciando aquilo que esperei ansiosamente a partir do momento que a ideia de usar a profissão que eu levaria para a vida para fazer o bem passou a ser a minha principal meta, vi meu sonho sendo arruinado por pessoas que ao contrário de mim pareciam estarem sentadas em uma sala de ensino superior apenas para ter um diploma emoldurado e pendurado na parede da sala para que todos vissem ou para satisfazer as vontades dos pais.
Já passei por alguns momentos na minha vida escolar que eu simplesmente queria me trancar em um lugar longe de todos, sumir por algumas horas e voltar somente quando as pessoas mudassem suas atitudes e parassem de ver os outros como uma forma de se divertirem, sem parar para pensar que esses outros assim como elas possuíam sentimentos e também choravam, assim como também se machucavam e também sentiam dor, no entanto nada do que vivi na minha infância ou no início da minha adolescência se compara com o que passei no último ano.
Se espera que com o passar dos tempos as pessoas cresçam, não apenas fisicamente, mas acima de tudo mentalmente, mas o que se ver é que em vez de evoluir elas regridem cada vez mais, e eu sou uma vítima das pessoas de mentes imaturas que habitam corpos adultos.
No meu primeiro ano como estudante de Medicina tentei focar no meu sonho e não deixar que a maldade dos outros me atingisse e me fizesse querer desistir daquilo que esperei por anos para alcançar. Enquanto me arrumava pela manhã e durante o caminho de casa até a faculdade eu repetia na minha cabeça que eu era mais forte do que os comentários maldosos que diziam sobre mim, que eu enfrentaria cada um deles sem precisar me igualar à eles, sem precisar ferir os sentimentos dos outros, mas isso durava até o momento que eu ultrapassava os portões e me via no meio de uma jaula de leões prontos para me atacarem, então eu percebia que eu na verdade era apenas uma garota fraca, mas que para o meu próprio bem eu deveria aprender a ser forte, ou pelo menos aparentar que era forte, até chegar no conforto do meu quarto e derramar as lágrimas que eu havia prendido durante o dia inteiro.
Tinha um garoto que parecia adorar me fazer sofrer e ele foi a causa de muitas das minhas escapadas para o canto mais escondido da biblioteca quando eu sentia que estava no meu limite, então eu permitia que as lágrimas que já borravam a minha visão escorregassem pelo meu rosto e fizessem um caminho até o lugar aonde mais dóia: o meu coração.
Gusttavo Lutter era adorado e venerado por todas as garotas, exceto por mim que tinha os meus motivos para não sentir nenhum resquicío de empatia por ele, mas que pelo contrário tinha razões mais que suficientes para odiá-lo. No entanto, tudo o que eu sentia por ele era pena. Nada de ódio, nada de rancor, simplesmente pena.
Pena por ele ser uma pessoa tão vazia e que usava da popularidade para se sentir superior aos outros. Pena por ele pisar nas outras pessoas sem sentir um pingo de remorso. Pena por ele perder horas do seu dia se dedicando a fazer da vida dos outros um verdadeiro inferno. Eu não o odiava, meu coração não tinha lugar para esse tipo de sentimento, mas eu sentia que ele, assim como todos os outros que eram iguais à ele, precisava que Deus colocasse em seu caminho algo que o fizesse rever a sua maneira de ver o mundo.
Então, todas as noites, depois de chorar até as lágrimas secarem, eu não pedia para que Deus fizesse com que eu deixasse de ser vítima de comentários maldosos e apelidos ofensivos, mas eu pedia que eles deixassem de serem pessoas vazias, afinal, pessoas vazias tendem a se tornarem amargas e terminarem as suas vidas sozinhas, sem amigos e sem ninguém para contar nos momentos difíceis, e eu não desejava que nenhum deles sentisse a dor de passar por um problema sozinho, sem ter um alguém para desabafar e receber uma palavra de conforto. A dor de fingir que está bem por fora e quando fechar a porta do quarto se romper em lágrimas não derramadas, sentindo o seu interior se despedaçar a cada soluço abafado no travesseiro.
N/A:
É com uma dorzinha no coração que solto esse prólogo. Espero que gostem!
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Beijos estalados!!!
Xoxo :)
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Foi Tudo uma Aposta
Genç KurguEmma Collins é uma menina estudiosa, ingênua e de coração puro. Considerada a nerd estranha e sem amigos, fazia de tudo para mostrar que não se importava com as ofensas e apelidos que davam à ela, quando na verdade o seu coração quebrava mais um ped...