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Uma música clássica tocava em tom ambiente na casa. O sol já entrava pela janela deixada aberta, o que fez Aurora despertar do sono.

Ela se assentou na cama, ainda sonolenta e só ouviu a música por um bom tempo. "Min gosta dos clássicos?" Pensou sozinha, enquanto ia até seu banheiro. Depois de um bom banho e muita maquiagem pra cobrir as olheiras, ela conseguiu a coragem necessária pra enfrentar o "marido".

Desceu as escadas com cuidado, enquanto ouvia Min cantarolar alguma coisa. Assim que a viu se aproximar, parou o que estava fazendo e focou apenas em seu notebook aberto sobre a mesa. Eram gráficos e mais gráficos. Sua cabeça já pedia socorro.

Alyia entrou na copa com uma bandeja prateada e a colocou em frente a Aurora.
-Bom dia, senhora. -Ela mostrou outro de seus sorrisos amigáveis. -Separei algumas frutas frescas, mas posso fazer outra coisa, se quiser.
-Não, isso aqui me parece bom. -Aurora disse. -E, por favor, me chame de Aurora.

Um suspiro profundo se fez ouvir. Yoongi rolous os olhos. "Agora a madame vai bancar a compreensiva? Eu mereço mesmo." Pensou.

Alyia assentiu e voltou pra cozinha.

-Qual a sua agenda pra hoje? Vai precisar de um motorista? -Yoongi perguntou, tentando soar o menos grosso possível.
-Não se preocupa comigo.
-Não tô preocupado, só quero saber se Michael vai ter que te acompanhar.
-Quem é Michael? -Aurora perguntou de boca cheia, o que só fez o mais velho se irritar ainda mais.
-Meu motorista. -Disse entre dentes.
-Se ele é seu motorista, por que me levaria? E eu sei dirigir. Já disse, não se preocupe comigo.
-E eu já disse que não me preocupo...
-Então não enche, Min. -Ela limpou a boca com um dos muitos guardanapos. -Cuida da sua vidinha, querido.
-Garota, você não me irrite. -Ele disse e fechou os olhos por um breve momento. -Eu tô tentando ser legal.
-Você chama isso de legal? Devia se esforçar mais. -Aurora pegou seu prato e foi pra cozinha. Estava prestes a lavá-lo, quando uma das empregadas a impediu.
-Não adianta bancar a boa samaritana. Eu sei que você não sabe lavar um prato. -Disse Yoongi, que agora estava no batente da porta, com um sorriso cínico nos lábios.

Ela respirou fundo e contou até dez.
-Por que você não pega o primeiro vôo pra puta que pariu?
Uma das empregadas se segurou pra não rir, enquanto Yoongi não acreditava no que havia escutado. Era a segunda vez que a ouvia falar assim, mas ainda não aceitava que uma garota como ela era capaz de tais palavras.
-Ta olhando o quê, Min? -Aurora cruzou os braços diante dele.
-Eu... Eu não... Esquece. -Virou as costas e foi pra sala pegar suas coisas. Seria um dia e tanto na empresa, o primeiro depois do casamento. Já podia ouvir os elogios e as fofocas pelos cantos. Não se despediu da mulher, nem de ninguém. Saiu dali o mais rápido que pôde e bem aliviado.

Assim que se viu livre de Yoongi, Aurora respirou aliviada. Foi até a biblioteca e pegou todos os livros que pôde, foi depois para o jardim dos fundos e começou a ler. Ainda havia um dia longo pela frente e ela não tinha ideia do que podia fazer. Estava de férias da faculdade e pretendia estar na Espanha, mas acabou se casando, uma coisinha boba, e mudou todos os seus planos.

E aí estava sua insatisfação novamente. Como seus pais, aqueles que deviam cuidar e proteger, podiam ter feito algo tão cruel com a filha? O que ela fizera pra merecer esse castigo?

Envolta nesses pensamentos, nem viu quando começou a chorar de novo. As lágrimas já eram costumeiras e Aurora nem se importava se algum dos empregados a via naquela situação.

Pôs pra fora toda aquela energia ruim, toda a raiva acumulada. Ficou nesse jogo por longos minutos, nem viu a hora passar.

Queria tanto se ver livre daquele pesadelo, mas o contrato, assinado por ela mesma, a impedia de deixar Yoongi por um ano. Um ano. 365 dias presa aquele babaca. Era maldição, só pode.

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