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-O que você quer? -Aurora cruzou os braços.
-Queria te chamar pro almoço. Temos muito o que conversar, filha.
-Não vou almoçar em casa hoje, sinto muito.
-Certamemte vai preferir a companhia do empregado á minha. Que tipo de Min é você?
-O melhor tipo.

Aurora puxou James pela mão pra longe da energia negativa daquela mulher com unhas grandes e rosas demais.

-Me desculpe por isso.
-Estou acostumado, madame. Trabalho pra gente assim há anos. Eu disse que as coisas mudaram quando você chegou, porque Yoongi não era muito diferente.

A menina rangeu os dentes só de imaginar Yoongi sendo grosso com os empregados. Era capaz de bater nele se o visse fazendo algo do tipo.

-Bom, -ela falou. -espero que essa mudança seja positiva.
-Já está sendo, madame.

Yoongi entrou novamente em sua casa. Pedia aos deuses pra encontrar Aurora logo e não a madrasta, mas a vida é uma vadia.

-Yoongi! -Lea apareceu sorridente com seu casaco de pele. -Que bom que veio pro almoço. Sua esposinha trocou minha companhia.
-Ela sabe o que faz. -Ele riu. -Sabe onde ela está?
-Em algum canto com aquele jardineiro sujo.
-James? Ele é legal.
-Ele quer se meter entre as pernas dela.
-Não fale assim dela. E o que você tem com isso? -Yoongi bufou. -Por que não experimenta uma coisa nova e cuida da sua vida, só pra variar?

Lea adorava Yoongi, não importava o quão grosso ele fosse. Ela sempre, sempre gostou muito dele. Observou enquanto ele ia até a área externa e suspirou.

-Essa idiota tem muito mais do que merece. Era pra eu ser a dona desse castelo.

Do lado de fora, Yoongi encontrou Aurora sentada na grama, ouvindo um heavy metal e cuidando das tulipas.

"Essa menina não existe."

-Você não pretende ir assim, não é?

Ela se assustou ao ouvir a voz de Yoongi tão perto.

-Me da vinte minutos?

Ele consentiu e ela correu pra dentro da casa.

Voltou em bem menos que vinte minutos, com um calça jeans e uma blusa com Homer Simpson estampado nela.

-Quantos anos você tem mesmo? -Ele perguntou debochado.
-O suficiente pra te dar uma surra.

Aurora, bem iludida pensava que seria levada a um dos restaurantes mais caros da cidade, mas o carro estacionou na garagem da empresa dos Min.

"É o quê?! Que merda de almoço é esse?"

-Precisa pegar alguma coisa aí, porque eu posso esperar aqui. -Ela falou.
-Não, a gente vai comer agora.
-Você me trouxe aqui pra comer delivery no seu escritório? Quem você acha que eu sou, Min?
-Uma menina mimada e burra. -Ele disse e deu dois passos pra trás quando ela deu dois em sua direção.
-Min Yoongi!
-Se acalma e vem comigo. Vai ser um almoço digno.

Aurora bufou e cruzou os braços, parecia uma criança emburrada.

Os dois entraram no saguão do prédio e a menina quase caiu pra trás. Que lugar incrível era aquele?

Haviam muitas pessoas andando de um lado pro outro, apressadas, trabalhando, conversando, mas tudo com muita ordem.

-Por aqui. -Yoongi deu passagem pra menina. Os dois entraram na cafeteria da empresa.

O cheiro familiar envolveu Aurora e ela já sentia a boca salivar.

Yoongi a conduziu até sua mesa e se sentaram. Um de frente por outro.

-Tá convencida agora?
-Só respondo depois de comer. -Ela tirou os óculos e os colocou sobre a mesa. -Cadê a comida?

Minutos depois e a mesa estava coberta de bolinhos de arroz, peixe, salada e muitas outras coisas. Yoongi sabia como encher o estômago e calar a boca de Aurora. Não precisou de muito esforço pra descobrir.

-Obrigada. -Ela disse de repente.

Yoongi a olhou sem entender o motivo daquilo.

-Por me salvar da madrasta. Ela é uma chata mesmo.
-Eu disse. -Ele falou de boca cheia. -E não foi nada. Você faria o mesmo.
-Quem disse? -Ela riu.
-E quis pensar que faria. Você é melhor que isso, Aurora.
-Se fosse você, não teria tanta fé assim em mim.
-Até me provar o contrário...
-Já fiz isso casando com você por obrigação.

Ele riu e parou de comer.

-Você foi enganada. Não tem culpa de ter pais obcecados.
-Você sabe bem como é, não?

Ele assentiu e olhou pros lados. Não queria que ninguém escutasse a conversa dos dois.

-Ele quer te dar um cargo na empresa, pra manter a imagem de "casal empreendedor".
-Ah, se já não tivesse fodido o suficiente...
-Hey, olha a linguagem.
-Min, não me faça te dar um soco aqui no meio de todo mundo.
-Não teria coragem.
-Não duvide. Não quero estragar seu rostinho lindo.

Yoongi riu e encarou a menina.

-Me acha lindo?
-Oi?!
-Você me ouviu bem. Agora responde.
-Vai te catar, menino.
-Não foge, Aurora.

Ela bufou.

-Acho, Min. -Disse derrotada. -Tá feliz agora?
-Não. -Ele deu de ombros. -Mas tenho que admitir que tem bom gosto.
-Ah, vai se fuder. -Ela queria soar mais brava, mas não aguentou não rir daquele babaca convencido.

As tentativas de Yoongi de fazer aquilo funcionar estavam parcialmente dando certo.

Aurora era difícil é mimada, mas sabia reconhecer o esforço das pessoas.

Depois de almoçarem, Yoongi ainda comprou café gelado pros dois.

-Antes de ir eu queria te mostrar uma coisa. -Ele disse.
-E o que é?
-Fica lá em cima, no último andar.

"Ótimo", ela pensou. "Vou ter que entrar nessa merda de elevador."

-Não pode ser outro dia? Tenho que cuidar das plantas.
-Sabia que o James é pago pra isso?

Yoongi riu da cara desdenhosa dela e apertou os botões do elevador. O mesmo abriu as portas pra que eles entrassem.

Aurora respirou fundo e se encostou no espelho gelado. Yoongi ficou ali em silêncio, bebendo seu café, não percebeu a inquietação da menina.

-Quantos andares tem o prédio? -Ela perguntou nervosa.
-Vinte e cinco.
-Tudo isso?
-Ainda bem que não te levei pela escada, não? -Ele riu sozinho.
-Yoongi, -ela chamou baixinho. -eu tenho medo de elevador.

Ele se virou pra ela, pasmo. A boca aberta e os olhos arregalados.
-Você...
-Não é pra rir de mim... Eu nem sei porque te contei isso, eu sou...
-Você me chamou de Yoongi. -Ele a interrompeu atônito. -Só Yoongi, nada de Min.

Aurora teve de repensar sua fala pra acompanhar o raciocínio bobo dele.

-Merda. -Ela jogou a cabeça pra trás. -Você não ouviu nada do que eu falei?
-Desculpa. -Yoongi riu. -Eu só... Achei legal que a formalidade acabou.
-Hum... -Ela apertou o copo entre os dedos. -Treze ainda.
-Ah... -Ele olhou pra ela de novo. -Tem claustrofobia.
-É...
-Os elevadores daqui são bem monitorados. Pode ficar tranquila.
-Obrigada, ajudou muito.

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