22

7 1 0
                                    


O caos havia se instaurado, o que já era esperado. 

Jaden tinha tentado avisar, mas os pais cegos em sua ganância não perceberam que entregar a filha pra um casamento arranjado não seria o suficiente.

Estavam ainda mais perto do falência e a única possibilidade de sair com a cabeça em pé era vendendo a empresa pra um jovem milionário americano.

-Nós não vamos abrir mão da empresa. De jeito nenhum! -Filipe andava de um lado por outro em seu escritório. -Ligue pra Aurora.

-E o que ela tem com isso, pai? -Jaden perguntou.

-Tudo! -Karla interferiu. -Ela precisa vender a empresa pro marido o quanto antes, assim nós ainda teríamos alguma chance de recuperar tudo.

-Mas se os Min tivessem algum interesse já deveriam ter dito algo. -O filho mais velho tentou.

-Jaden, -o pai interviu. -saia agora e ligue pra sua irmã. Quero ela aqui o mais rápido possível.


Envolta por seu casaco de pele falsa mais caro, Aurora apreciava a vista incrível que tinha da sacada do chalé. Em baixo, no jardim, Yoongi discutia com um de seus contadores no telefone. Paz não era algo muito presente em sua vida. 

O sol brilhava forte ao longe e os pássaros cantavam. Aquilo era a distração que a menina precisava pra não enlouquecer com os gritos que Yoongi ocasionalmente soltava. Com a falta do que fazer naquele lugar paradisíaco, a paisagem e tudo que envolvia natureza eram sua única companhia.

-Aurora! -Yoongi gritou de repente. Ela baixou o óculos de sol e o encarou. -Precisamos conversar.

Os dois se sentaram na mesa da sala, cada um de um lado. Ela preferiu assim.

-Aconteceu uma coisa com seus pais. -Ele disse sem rodeios.

-O que foi? -Ela perguntou, tentando manter a calma.

-A empresa de seu pai foi a falência. -Yoongi suspirou. -Um tal de Mark Ridley quer comprar a Carter Company. 

Aurora esperava outra coisa. Algo como "seus pais sofreram um acidente" ou coisa do tipo. Falência era a última de suas preocupações. 

-Eu vou parecer uma filha ruim se disser que não me importo?

Yoongi riu e negou.

-Mas não é só isso. -Disse calmo. -Eles querem que meu pai compre e não o tal Ridley. Isso é bom, digo, dá pra você mais acesso a empresa e tudo mais.

-Eu não quero a empresa, Min. -Aurora disse com desdém. -Nunca quis e não vou querer agora.

-Entendo. -Ele cruzou as mãos sobre a mesa e suspirou. -Só to dizendo que pode ajudar sua família se assumir depois da compra.

-Mas seu pai vai mesmo comprar uma empresa em decadência?

-Ele gosta de começar do zero.

Aurora assentiu e tomou um tempo pra assimilar o fato de que, mesmo que aquele casamento acabasse, a ligação com os Min duraria mais um pouco.

-Vamos voltar e esperar. -Yoongi disse de repente. -Precisamos estar lá pra isso.

-Não fale como se fosse algo grande. Se a gente voltar vai ser pra ver meu pai cair.


Aurora se olhou no espelho pela décima vez e bufou. 

-Que cor eu uso?

-Nada alegre demais. Não queremos dar a impressão de que você está contra eles. -Mia disse depois de analisar o vestido amarelo. -Que tal um pretinho básico?

-Tanto faz. -Ela deu de ombros e tirou o vestido. Pegou a saia e o cropped preto que Mia ofereceu e calçou um salto vermelho. Naquele momento ela parecia uma verdadeira Carter. -Estou pronta, vamos.


Aurora entrou na sala e viu seus pais, Yoongi e os contadores, todos sentados em silêncio. A tensão no ar era quase palpável. Ela se sentou ao lado do marido e respirou fundo, sentia as mãos ficando frias e o coração acelerar.

-Boa sorte, -Yoongi sussurrou perto de seu ouvido. -você vai precisar.

Um dos contadores começou a ler a clausura e Karla estava ainda mais inquieta em seu lugar. Aurora sentia seu mundinho desabando aos poucos, por mais que eles tivessem sido cruéis com ela, um fim como aquele não era digno de um Carter.

-O senhor Mark Ridley já entrou em contato e enviou sua proposta.

-Eu não quero saber! -Felipe disse, derrotado. -Eu não vou entregar tudo que tenho pra um playboy mimado.

-O senhor tecnicamente não tem mais nada. -O contador disse e Yoongi teve de se segurar pra conter um sorriso. Aquele não era o momento.

-Como se atreve?

-Pai. -Aurora pediu com calma e toda candura possível. -É uma boa proposta? Você já avaliou isso?

-Avaliar? Você não percebe que eu não vou abrir mão do meu império?! Qual o seu problema? Não consegue enxergar nada além do seu mundo de conto de fadas, não é? -Ele cuspiu as palavras, tomado por medo e ódio. -A única forma de eu considerar vender a empresa é pra você, sua inútil e nem isso você consegue perceber.

-Nossa, -a menina riu fraco e sem humor. -se havia alguma possibilidade remota de eu fazer algo pra ajudar ela morreu aqui.

-Filha, não... -Karla tentou, mas parou no meio do caminho.

Yoongi, completamente descontente com aquela situação, delicadamente pegou a mão da menina debaixo da mesa e apertou. Era sua forma de dar suporte. De dizer que estava ali por ela.

-Qual é a resposta final, senhor? -O contador perguntou depois de minutos de silêncio.

-Nós vamos vender. -Disse num suspiro pesado e olhou pra filha. -E você está livre dessa merda de casamento, espero que se arrependa pelo resto da sua vida pelo que fez a essa família.


the empireOnde histórias criam vida. Descubra agora