-Você vai o quê?! -A menina gritou, mal contendo sua animação.
-Vou deixar de ser uma marionete. -Yoongi abriu um pequeno sorriso. -Finalmente.
-Caralho, Yoongi! -Ela se jogou em cima dele, num abraço apertado. Também iria culpar o álcool. -Isso é incrível!
-Sim. -Ele a envolveu com um dos braços e se permitiu tirar proveito daquela ação repentina. Cheirou os cachos dela que agora cobriam seu rosto e sorriu ao perceber o cheiro doce que eles tinham. De repente sentiu os dedos dela fazendo uma espécie de desenho em suas costas. Engoliu em seco, os pelos do braço já se alarmavam.
-Por que uma águia? -Ouviu Aurora perguntar pouco antes de senti-la se afastando, já dava pra sentir a frustração.
-Porque águias são incríveis. -Disse. -Elas se refazem a seu tempo e voam o mais alto.
Aurora riu da analogia não dita. Yoongi realmente era surpreendente. Naquele segundo ela se viu questionando sua decisão de ir embora.
-De qualquer forma, eu fico feliz que vá se desligar da empresa. -Disse depois de um período em silêncio. -Espero que faça as decisões certas e escolha o que te faz feliz.
-Vou tentar. -Ele pegou a garrafa e antes de beber um gole longo disse? -Liguei pra minha mãe.
"É claro!", Aurora pensou. "Essa crise toda tinha que ter algo a ver com Kiory."
-Quer falar sobre isso? -O tom de voz da menina agora é doce e terno.
-Ainda não. -Yoongi pegou o terceiro cigarro. -Se te contar tudo agora você vai embora mais rápido, preciso te manter aqui o máximo possível.
Yoongi abriu os olhos com dificuldade. A luz do sol que batia diretamente em seu rosto só piorava sua dor de cabeça.
Assim que tentou se mexer constatou que as costas também doíam, resultado de uma noite mal dormida no sofá da sala.
-Alyia! -Chamou. A voz rouca quase não saiu. -Alyia! -Falou um pouco mais alto e logo ouviu a aproximação da menina. -Preciso de uma aspirina, urgentemente.
-Sim, senhor. -Ela disse antes de sair da sala.
Yoongi se sentou no sofá e esfregou os olhos com força. Não fazia ideia de que horas eram, só sabia que precisava comer e muito.
Logo Alyia voltou com um copo com água e um comprimido branco.
-Obrigada. -Yoongi disse antes de virar o remédio na boca. -Sabe onde a Aurora está?
Alyia abriu um pequeno sorriso diante daquela pergunta. Sabia que ele gostava da menina e torcia pra que ficassem juntos.
-Creio que está na biblioteca, ela sempre vai lá nesse horário.
-A propósito, que horas são?
-Alguns minutos depois das duas.
Ele assentiu e se levantou. Agradeceu outra vez e foi pra seu quarto. Tomou um banho da cabeça aos pés e só saiu do quarto quando se sentiu pronto pra encará-la de novo.
Aurora estava deitada no chão da biblioteca, cercada de livros e com os fones no ouvido. Balançava a cabeça enquanto lia e batia os dedos no chão de madeira.
Yoongi se pegou a observando, mas na situação em que se encontrava, Aurora não se importaria. Não se lembrava de quando aquilo começara, mas, ultimamente, perdia muito de seu tempo pensando nela e em toda a situação na qual se encontravam. Era cômico pensar que alguém havia fisgado Min Yoongi, ele mesmo se recusava a acreditar. Mas era impossível negar quando ele a olhava daquela forma.
Esticou o pé o suficiente pra cutucar a perna dela.
-Há quanto tempo você tá ai? -Ela perguntou enquanto tirava o fone e se levantava do chão.
-Tempo o suficiente. -Ele disse com a sobrancelha arqueada e a menina riu, incerta do que aquilo de fato significava. -Só vim aqui pra dizer que vou na empresa hoje pra comunicar meu pai e o resto do pessoal.
-Quer companhia? -Ela ofereceu de prontidão.
-Se não for incômodo.
Ela riu.
-Eu devo me produzir pra esse momento glorioso?
-Muito exagerada? -Aurora perguntou ao entrar na sala.
Yoongi não disse nada de imediato, preferiu deixar seu lado luxurioso observar cada detalhe do corpo a sua frente. Desde o rosto delicado até as pernas expostas. Sentia a necessidade de tocá-la, mas ainda não era tempo. Respirou fundo e se contentou com a visão privilegiada.
-Nem um pouco. -Respondeu.
Os dois entraram juntos no carro e Yoongi ligou o rádio.
-Aurora, obrigado por isso. -Ele disse sério, mas sincero. -É importante pra mim.
-Imagino que seja. -Ela respondeu, os olhos do lado de fora da janela aberta. -É um belo dia pra mandar todo mundo ir a merda.
-Exato.
-Fogo nos magnatas, Min!
-Por aqui, senhor. -A secretária de Yasar disse cordialmente e conduziu Yoongi e Aurora até a sala no fim do corredor.
Yasar estava sentado em sua grande cadeira de couro vermelho, com seus óculos pendendo no nariz e alguns papéis nas mãos.
-A quê devo a honra dessa visita?
Yoongi limpou a garganta e deu um passo a frente. Aurora segurou sua mão atrás de suas costas e apertou com delicadeza.
-Vim pedir demissão, senhor. -Yoongi disse com certa dificuldade.
Os olhos cansados de Yasar imediatamente se dirigiram ao filho. O velho começou a rir de repente, mas parou ao perceber que mais ninguém fazia o mesmo.
-Isso é uma brincadeira, certo?
-Não, senhor. -Yoongi agora encarava o chão e suspirava. -Quero me desligar da empresa.
Yasar se levantou, circundou a mesa e parou bem a frente do filho. Encarou Aurora rapidamente, depois voltou a olhar o homem a sua frente.
-Eu já esperava isso. -Disse depois de um suspiro profundo. -Nunca realmente acreditei que fosse você a tocar os negócios da família. -Yasar disse, contradizendo o suporte que deu ao filho durante anos. -E eu sabia que não seria proveitoso te colocar aqui dentro, ainda mais com essa sua cabeça medíocre que só pensava em escrever versos estúpidos e tocar seus instrumentos. Eu sabia, Yoongi. -O homem mais velho cuspiu as palavras e Yoongi sentiu o impacto de cada uma delas. -Mas a sua mãe, aquela louca, insistiu que eu confiasse em você.
Aurora sentia uma vontade enorme de tirar aquele sorriso convencido da cara do ex-sogro na base do soco.
-E cá estamos nós. Vivenciando o momento que eu disse a ela que viria. A derrota do filho do meio. -Yasar disse com desprezo. -Pegue sua mulherzinha de mentira e saia logo daqui.
Yoongi respirou fundo, controlando a vontade eminente de chorar e arrastou Aurora consigo pra fora dali.
-Você vai queimar no inferno! -A menina gritou antes de sair da sala.
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the empire
Hayran KurguAté onde vai ganância do homem? Quais os limites entre amor e dinheiro? Até onde você iria para defender os seus?