Sweetheart

136 7 7
                                    

Sua alma trazia o peso da palavra nunca dita, talvez e só talvez, prestes a ser dita. Continha o peso de uma lembrança. O peso da saudade daqueles olhos e boca. E agora pesava como pesa a dor da ausência. E domava uma lágrima que havia chorado. Tinha o peso surreal da solidão que sofria, ainda que por uma multidão estivesse envolvida. Seu corpo bailou de um lado para o outro até que foi puxado daquele meio. Por uma mão grande e salvadora. Seria um anjo guardião?

—O que diabos significa tudo isso? –Indagou Richard depois de protegê-la dentro de casa.

—Eu não sei! –Disse contristada.

—Você acha que tenho cara de idiota? Eu vi as suas fotos com aquele desgraçado! –Bradou tão alto que do lado de fora era possível ouvi-lo. A mulher estava desconcertada, não sabia o que dizer, afinal, eles estiveram mesmo juntos e mentir, pra que?

—Baixe o tom, não estou surda, Richard! –Disse com um olhar duro, se recompusera e se decidiu a não se deixar abater ou persuadir.

—Tem medo de que todos saibam o quão infiel e pervertida você foi? Assuma os seus erros, mostre a sua verdadeira face. Essa de vadia arrependida que você traz consigo! –A loira agiu por orgulho e instinto, deferiu-lhe uma tapa na face. O homem deixou emergir um olhar de um leão, era o cúmulo. Um absurdo sua ousadia e não a deixaria impune. Puxou-lhe pelo punho até o lado de fora da casa onde se encontrava um bando de paparazzis ansiosos por uma foto ou um escândalo que fosse.

—O que está fazendo?! –Disse forjando sua mão a fim de soltar-se. Já era tarde, estavam diante daqueles lobos famintos.

—Preste atenção nessa mulher, esta ao meu lado, uma atriz espetacular que deixou os palcos. É ela também uma mulherzinha que me traiu com aquele que dizia ser apenas seu “companheiro” de cena. Sim, com o Leonardo DiCaprio! –Bradou aos quatro ventos. A loura ficou boquiaberta e um desespero tomou conta do seu corpo emergindo da sua alma. Se antes estava atordoada, aflita e cambaleando em suas confusas idéias e emoções, ao ouvir seus filhos se aproximarem e serem vítimas de todo aquele escarcéu de flashes, só piorara. Estava muda, atônita... Humilhada.

Uma vez feito o “showzinho”, Richard carregou as duas crianças para dentro, mas antes que Kate pudesse sentenciar algo, fez-se um céu nublado seguido de uma penumbra e um tombo. Naquela noite as estrelas pareciam não se mover e o que fazia seu corpo padecer era o medo de não ter Leonardo nunca mais. Não era só o ar que havia faltado, era aquela sensação de ficar enquanto o via partir... Enquanto ele seguia uma jornada diferente da sua. Seu inconsciente parecia querer esperar até ele vir curar sua solidão para assim poder despertar. E como uma alma que espera a outra, bastou um toque conhecido, uma respiração acelerada e quente tocar-lhe a pele que ela retornara a si. Ainda estava naquela porta, mas desta vez as luzes não a incomodavam, um sorriso fraco surgiu ao ver de forma desfocada aquele semblante. E ao fundo, bem ao fundo podia ouvi-lo...

—Kate?Sweetheart?! –Pedia tocando-lhe o rosto e segurando-o. Pouco lhe importava aquele mundaréu de gente, os holofotes ou curiosos presentes. Havia vindo por ela e não arredaria o pé até que a visse bem.

Amor InebrianteOnde histórias criam vida. Descubra agora