Elege-me

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Leonardo estava a ponto de enlouquecer sem ter notícias de sua ama. Roia as unhas num intento de acalmar sua ansiedade. Não tinha como acalmar essa profunda obsessão de tê-la sempre ao seu lado, era louco por Winslet. Um sorriso bobo formou-se em seus lábios quando recordou da noite anterior. Seus beijos cálidos, seu olhar que mais parecia com o brilho de uma constelação. Sua tensão se desfez quando o celular tocou e nele registrava o nome de sua amada.

—O que aconteceu, querida? –Perguntou apreensivo.

—Eu sinto muito, Léo. –Falou quase sem conseguir pronunciar o nome do homem. Estava em mil pedaços com aquela decisão.

—Como? Por quê? –Questionou com medo da resposta.

—Me encontre em uma hora no hotel. –Propôs e desligou o telefone antes que ele pudesse persuadi-la ou fazer mais perguntas. Um longo caminho a esperava. A mulher tinha que ser forte e usar a cabeça antes de se jogar por inteira numa relação que vinha lhe trazendo grandes problemas. Repetiu para si mesma inúmeras vezes que o só amor não basta.

UMA HORA DEPOIS

Kate chegou como um furacão naquele hotel. Estava indiferente, arrumada e com uma feição dura. Quando Léo abriu a porta do quarto no qual ainda permanecia instalado, fez menção de beijá-la e ela esquivou-se.

—Qual o problema? Fiquei esperando por você durante horas. –Argumentou embaraçado. Tornou a aproximar-se, precisava sentir-se seguro. Precisava respirá-la. Eram dois enamorados ao final de tudo. E a boca insensata dele tocou os lábios da mulher e ela voltou a cair. O corpo dela ardia, estremecia sempre que pensava em tê-lo, todo, inteiro nela, sentindo o cheiro másculo e ao mesmo tempo embriagante que exalava dele. Ela o desejava, com uma ânsia inexplicável, de um modo intenso, indecente, poder-se-ia dizer: pervertido. Eles tinham os lábios divididos naquele amor. Compartilhavam aquele dia, compartilhavam as dúvidas, os medos, os desejos e sua essência. Estavam sem controle, talvez porque sentissem que aquela era uma despedida.

—Eu te preciso! –Sussurrou sexy ao ouvido dele, mordiscando o lóbulo da sua orelha, levando-o a gemer de prazer.

Por alguns minutos esquecera-se de tudo. Só ela importava. Ele a amava mais do que a ele mesmo. Assim, ela estava vivendo agora, numa esperança de poder tocá-lo, de sentir sua tez clara, de poder respirar o mesmo ar que ele, de modo compassado, olhos nos olhos, enquanto as gotas de suor lavavam seus corpos agora desnudos. E estes mesmos corpos encontravam-se encaixados, tornando-se apenas um. Cometia-se um dos sete pecados capitais, a luxúria, o prazer pelo prazer. O prazer de sentir cada milímetro do corpo um do outro. Ele flexionava seu membro contra a feminilidade dela que internamente ia sendo percorrida por mililitros de sangue, permitindo que a sua vulva ficasse caliente e inchada, permitindo que o membro ereto do homem lhe preenchesse por completo.

 A troca de fluídos umidificava não só os seus sexos, mas seu universo, a vida. E então a mitologia ganhara vida naquele momento, surgia uma mulher estupenda que muito se parecia a Afrodite. O calor que emanava dos corpos de Kate e Léo poderia fazer um vulcão entrar em erupção, ou um incendiar um bairro. Seus corpos ardentes abraçavam-se, queimavam, mas não lastimavam pelo contrário, fazia-os renascer como uma Phoenix. As estocadas cada vez mais fortes e aceleradas, faziam com que os corpos, antes estáticos, se tornassem a mais perfeita representação de energia cinética. Os corpos eram o centro de uma energia renovadora e enaltecedora.

A respiração se apressava, fugindo de qualquer ritmo ou sincronismo musical. E os movimentos junto com as carícias se aceleravam. Os anjos rebelados batiam intensamente suas asas, as estrelas se alinhavam agora e nada, absolutamente nada afeta o surgimento do fluído dos deuses, o dela, unicamente para mostrar que há êxtase também no amor, e o dele, para esparramar gotas de amor que se espalhavam, ligando ainda mais os seus corpos já unificados. Sim, haviam chegado ao clímax juntos. O prazer não vinha só do corpo, mas da alma. Abraçaram-se e alguns minutos depois Kate via que sua dor só aumentava. Já era quase noite, ela tinha impressão de que naquela noite as estrelas não iriam se mover. Quebrantada por dentro, antes que ele pudesse dizer àquela frase que antes lhe enchia de segurança, paz e orgulho, ela então falou...

—Acabou. –Falou devastada ainda recostada no peitoral dele. Uma lágrima percorreu seu rosto e ela decidiu que precisava se recompor e ir embora dali de uma vez.

—Kate? –Pronunciou incrédulo. Era como se alguém o tivesse jogado em um abismo enorme. Tentava se aproximar, mas ela retrocedia um passo para cada tentativa. Aquilo o dilacerava. Sentia-se um lixo, um brinquedo usado e que agora estava quebrando, por isso não servia mais, já não atraia ou servia.

—Se me ama, deixe-me ir. –Disse suplicante e consternada.  Ele sentou-se na cama, elevou as suas mãos a cabeça, fechou os olhos e pediu para si mesmo que fosse apenas um pesadelo. Quando abriu os olhos que suplicantes pediam que ela não fizesse aquilo, que ela o aceitasse, ela deu as costas a uma loira insegura, talvez impiedosa. Sem inspiração ou força para protestar, ele deixou-a ir embora.

DiCaprio vagava de um lado para o outro do quarto depois de ouvir sua amiga-affair lhe dizer que não ficariam mais juntos, que tampouco seriam amigos ou teriam contato um com o outro. Podia ver nos olhos dela que estava decidida e por um momento, pode jurar que viu descaso. Estava furioso não só com ela, mas consigo mesmo por ser tão estúpido. O que um dia lhe chegou já não estava. Queria pedir que ela nunca fosse embora, mas o destino havia decidido mais uma vez que ele estaria só. E sentia que não podia sequer mencionar o nome daquela mulher, porque sentia amor e estava a ponto de ir buscá-la de novo e entregar-lhe o seu coração. Ela era tudo para ele e o amor que sentia não deixava que ele se recuperasse, tinha uma ferida no lugar do coração, um vazio.

Kate voltou para casa com a certeza de que não o tinha mais. As dúvidas a invadia, antes de entrar em casa cedeu uma entrevista esclarecendo sua relação com Leonardo. Richard se deliciou com o momento e juntou-se a ela. Estavam como o casal feliz e logo fizeram uma foto em família para o repórter. Como desejou poder apagar Léo da sua mente ou se pudesse sumir para sempre para algum lugar aonde não o encontrasse.  Mas tudo a levava para ele. Sim ela chorava por dentro e naquele momento sentia que algo ou alguém lhe arrancava a alma. Ela sentia que parte dela havia morrido.

Do outro lado da cidade, Leonardo ligou a TV e deu de cara com a matéria de Kate e sua família perfeita. E o céu parecia haver se enfurecido, o sol desaparecia e a lua sequer lhe brindava seu brilho prateado. Havia lutado por aquela mulher e o vento lhe gritava que devia ir embora. Que ela não era para ele. E então se rendeu, baixou os braços e assim lhe abraçou o fracasso, chorou e agora se sentia como um louco, um perdedor. Abriu a porta e saiu deixando todas aquelas lembranças com Kate para trás. Havia lhe proporcionado os seus melhores beijos e ela escolheu retornar ao seu disfarce. Como ia explicar a si mesmo que ela tinha outro amor? O que poderia inventar ao seu coração? O que poderia lhe explicar? Quando já estava acostumado a mendigar cada abraço. A pele dela pertencia a Richard. Quantas lágrimas vão cair pelas suas mentiras? Queria apenas que ela o elegesse. Mas agora sua felicidade se desfez em mil pedaços. E ele já não tinha nada mais o que perder. Não ia mendigar mais amor.

Amor InebrianteOnde histórias criam vida. Descubra agora